Um ex-sócio do empresário Igor Ferreira Sauceda, de 27 anos, preso pelo homicídio de um motoboy, após atropelar e arrastar a vítima com um Porsche, na madrugada de segunda-feira (29/7), acusa o ex-parceiro comercial de lhe dever R$ 1,4 milhão.
O processo segue em andamento e decisão judicial mais recente, de abril, indeferiu um pedido de urgência para o caso.
Carmenon de Jesus Silva, como publicado no documento do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), afirma ser detentor de 25% do capital social do Bar do Beco do Espeto.
Ele teria cedido 50 metros quadrados para Igor Ferreira Sauceda e o pai dele, Fernando Gomes Sauceda Júnior, iniciarem a comercialização de espetos, a princípio em um pequeno espaço com acesso à rua, em um dos estacionamentos de Carmenon, na região do Itaim Bibi, área nobre da zona oeste paulistana.
Com a ascensão do negócio, iniciado em 2015, o dono do estacionamento virou sócio dos Sauceda, cedendo mais espaço para a viabilização, física, do que viria a se tornar uma referência de bar com balada na região, atraindo milhares de frequentadores.
Durante três anos, ele recebeu repasses mensais por sua participação nos lucros. O primeiro depósito, de fevereiro de 2019, foi de R$ 5 mil. Os repasses, cada vez maiores, foram mantidos até março de 2020, com R$ 13.580, quando começou a pandemia da Covid.
O isolamento social fez com que o bar fechasse as portas temporariamente, até o início de fevereiro de 2021.
A partir daí, graças à flexibilização, o comércio de espetos foi reaberto, resultado, em fevereiro, na transferência de R$ 10.800 de participação dos lucros para Carmenon.
Os depósitos foram mantidos até novembro, quando o até então sócio dos Sauceda viu caírem R$ 30 mil em sua conta corrente.
Porém, como afirmado por Carmenon, ele observava que os então sócios estavam enriquecendo desproporcionalmente, mencionando inclusive a compra de Porsches. Além do veículo com o qual Igor matou o motociclista, o pai dele ostenta nas redes sociais do bar outro carro da mesma marca, da cor vermelha.
Carmenon começou a “suspeitar de que haveria inconsistência nos balanços”. Os Sauceda “não estariam distribuindo o valor correspondente aos seus 25%” da sociedade.
Suposto golpe
O enriquecimento, segundo documentos judiciais checados pela reportagem, seriam decorrentes da inclusão de mais parentes em “sociedades paralelas”, resultando no afastamento de Carmenon.
“Devido às sociedades paralelas, não lhe repassarem o que lhe era de direito”, diz trecho de decisão da Justiça, mencionando 15 meses sem pagamentos.
O ex-sócio então solicita o pagamento de R$ 1,46 milhão, correspondentes aos 25% que não lhe foram repassados no período.
A Justiça não deferiu à solicitação. Em 23 de abril deste ano, também negou a liminar que pedia urgência para o bloqueio de valores dos Sauceda.
O caso segue em tramitação, sem desdobramentos até o momento.
A defesa de Igor e de sua família foi procurada pelo Metrópoles, nessa terça-feira (30/7), mas não se manifestou até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto.