Eliana Guanes, de 59 anos, mulher que morreu após ser queimada viva pelo peão Lourenço Xavier, de 54 anos, em fazenda no Pantanal da Nhecolândia, em Corumbá, estava sendo assediada pelo agressor antes do ataque. Segundo relatos de funcionárias da propriedade, o homem, embriagado, chegou a ameaçar outras mulheres no local.
“Ele disse que não aceitava não de mulher nenhuma”, afirmou uma das testemunhas, que também sofreu ameaças do autor do crime.
A vítima, que trabalhava como faxineira na fazenda, foi surpreendida na varanda da casa onde morava, por volta das 14h de sexta-feira (6). De acordo com os relatos, o peão jogou um balde de gasolina sobre Eliana e, em seguida, acendeu um isqueiro.
O fogo se espalhou rapidamente e deixou a mulher com cerca de 90% do corpo queimado. Outros trabalhadores da fazenda ouviram os gritos e correram para socorrê-la.
Eles conseguiram apagar as chamas, mas Eliana já não conseguia se mexer, tamanha a gravidade dos ferimentos. O administrador da fazenda, que mora em Campo Grande, foi acionado e providenciou o resgate aéreo.
Nesta época do ano, devido ao solo encharcado e de difícil acesso, só é possível chegar ao local por avião. Uma equipe do Grupamento de Operações Aéreas do Corpo de Bombeiros decolou de Campo Grande no fim da tarde e chegou à fazenda no início da noite.
Eliana foi entubada ainda no local. Após estabilização do quadro clínico, foi transportada de avião até o Aeroporto Santa Maria, onde uma viatura Ursa (Unidade de Resgate de Suporte Avançado) aguardava para levá-la à Santa Casa de Campo Grande.
No entanto, ela teria chegado ao hospital jé sem vida. Minutos depois, teve a morte declarada pela equipe médica.
Lourenço fugiu a pé após o crime. Durante a noite, apareceu em uma fazenda vizinha, a cerca de seis quilômetros do local do ataque, onde pediu comida e disse que pretendia se entregar.
Horas depois, ele foi preso pela polícia e levado para a 1ª delegacia de Polícia Civil de Corumbá. Ele tem passagens criminais por furto, ameaça e violência doméstica.
O caso foi registrado na 1ª Delegacia de Polícia Civil de Corumbá como tentativa de feminicídio, motivada por menosprezo ou discriminação à condição de mulher.