Tinha 50 anos quando foi vítima de um sequestro, no final de 2001, que durou quase 2 meses. No dia 11 de dezembro daquele ano, uma terça-feira, o carro que no início da noite o levava para casa, em Higienópolis, foi parado numa falsa blitz da Polícia Federal. Era um grupo formado por ex-guerrilheiros chilenos e argentinos. O motorista foi agredido e Olivetto transferido para outro carro e levado para um imóvel no Brooklin, na zona sul paulistana. Ali ele ficou por 53 dias, num cômodo de 1 metro de largura por 2,5 metros de comprimento, sem janela, construído na casa para o cativeiro. Passou todo o tempo no quartinho com a luz acesa e música alta.
No início de fevereiro de 2002, uma investigação da inteligência da PF chegou ao líder do sequestro, o chileno Maurício Narambuena, que estava morando numa chácara em Serra Negra, no interior paulista, com parte do grupo. Os que cuidavam do cativeiro deixaram o local, deixando Olivetto preso no quartinho. Olivetto desconfiou que estava sozinho e começou a gritar. A vizinha, uma médica, começou a ouvir um barulho estranho e com um estetoscópio ouviu os gritos de socorro. A polícia foi avisada e o publicitário liberado.
Era um sábado à tarde, 2 de fevereiro. Olivetto estava muito magro e barbudo. Na semana seguinte ele deu entrevista dizendo que aquele seria o único momento em que falaria do sequestro. “Não quero virar pauta do assunto”, disse. Sempre evitou a palavra, passaria a falar “aquele evento”, “o episódio”. Anos depois, em entrevista a Pedro Bial, na Globo, ele lembrou: “Nunca sonhei com sequestro; com o cigarro (que parou de fumar no cativeiro), sim”.
O ano do sequestro, 2001, tinha sido excepcional para Olivetto. Ele ganhara o Clio Awards de Nova York e sua agência, a W/, o prêmio Caboré, tradicional no meio publicitário. À época o repórter Carlos Franco, que cobria o setor para o Estadãoobservara que, ao contrário de outras épocas o publicitário não fez festas para comemorar os prêmios. “O homem que se tornou a cara da propaganda brasileira e seu mais verborrágico representante está mais low profile.” Atribuía o fato ao então recente casamento com a sócia da Conspiração Filmes Patrícia Viotti.
Era o segundo casamento de Olivetto. Com ela teve os gêmeos Antônia e Theo. Ele antes fora casado com Luísa Augusta, mãe do filho Homero. Um dos trabalhos que Olivetto estava desenvolvendo em 2001, ele que passou o Natal no cativeiro, era justamente para a Sadia: “Vai ter peru ou não ver ter peru?”
A vida segue e em 2010 ele fecha um grande negócio. Se associa à McCann, que durante muitos anos foi a maior agência nacional, e surge a W/McCann. Tinha 58 anos e na entrevista em que explicava algumas das razões do negócio, justificava: “Ganhar uma senhora estrutura para poder se eternizar na história da propagada, poder se aposentar aos 65 anos e virar embaixador criativo da firma em algum lugar do mundo.” (Sete anos depois mudou-se para Londres).