Victor Nunes Uchoa Cavalcanti, foi ouvido por videoconferência, na manhã desta sexta-feira (21) durante o julgamento de Charles de Góes Júnior, preso pela morte de Michelli Alves Custódio, de 36 anos, no dia 13 de outubro de 2022, em frente a sua casa, na Avenida Fábio Zahran, em Campo Grande, falou sobre o dia do crime. Abalada, a família de Michelli não quis participar do julgamento.
O amigo que foi atropelado junto de Michelli e chegou a ficar pendurado no capô do carro, disse que gritava para Charles parar o veículo, “Me lembro de gritar diversas vezes para, para, para, mas ele não parou. Não me lembro de como eu acabei em cima do capô, só de acordar no hospital.”, contou.
“Fui atingido pelo carro. No primeiro momento, a Michelli teve o impacto fatal, a segunda pessoa teve um impacto muito grave e eu fui atingido em um segundo momento, quando ele, de fato, não parou o carro.”, contou Victor. Ele ainda falou que teve de passar por três cirurgias desde o acidente.
“Os gastos com as despesas passaram dos R$ 35 mil reais. E ainda não terminei de pagar tudo”. Victor ainda falou que estava de costas quando foi atingido pelo carro, “eu não vi nada, só ouvi um grande barulho. Depois ele acabou atingindo as duas. Se eu tivesse em um outro lugar, talvez eu não estivesse nem aqui, nem a Micheli.”.
Advogados de defesa e acusação
O advogado de acusação, Carlos Alberto Correa Dantas, disse ao Jornal Midiamax que Charles assumiu o risco de matar Michelli quando dirigiu embriagado e em alta velocidade, “ao dirigir o embriagado, inicialmente apontado na denúncia como ele estava em alta velocidade, então ele assume o risco do resultado final, que seria a morte, o atropelamento, a lesão, qualquer outro meio que poderia acontecer.”, disse o advogado.
A defesa de Charles disse que “Esses tipos de crimes que a gente vai tratar hoje, ela está prevista no Código de Trânsito Brasileiro. Então, ela deve ser tratada com essa lei, como dolo por culpa consciente. Diferente de outros casos, hoje a gente não vai pedir absolvição, mas pelo contrário, vamos pedir a condenação, mas que seja pelo Código de Trânsito Brasileiro”, falou a advogada Talita Dourado Aquino.
Atropelamento e morte de Michelli
O atropelamento ocorreu por volta de 1h40 do dia 13 de outubro de 2022, na Avenida Fábio Zahran, em Campo Grande. Michelli estava na calçada quando o carro a atropelou. Uma testemunha, de 32 anos, que presenciou o acidente, acabou arrastado pelo carro até a outra esquina da vida, por tentar conter o motorista.
Michelli havia acabado de chegar de viagem a Corumbá, e tinha guardado o carro na garagem, saindo de sua casa para atender uma mulher. As duas conversavam quando o carro surgiu desgovernado, invadindo a calçada e atropelando a vítima.
O corpo de Michelli foi arrastado por alguns metros e rastros de sangue foram encontrados pela perícia no local, além dos chinelos. Um morador, Celeido Duceu, de 62 anos, contou à época ao Jornal Midiamax que os filhos de Michelli correram até sua casa dizendo que a mãe havia sofrido um acidente.
O motorista só parou após bater no meio-fio e um dos pneus estourar. O Corpo de Bombeiros foi acionado, mas Michelli morreu no local. A testemunha, que estava com a vítima e também foi atingida, chegou a ser socorrida inconsciente, mas conseguiu prestar depoimento ainda na Santa Casa à Polícia Civil.
O motorista disse, em depoimento, que havia bebido por mais de nove horas seguidas, mas que não lembrava de ter atingido alguém no momento do acidente.