Integrantes da cúpula do governo avaliam que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve formalizar a indicação do diretor de Política Monetária Gabriel Galípolo para a presidência do BC (Banco Central) até o fim de agosto.
O timing da decisão é visto como uma forma de esvaziar o fim do mandato do presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, e de preparar o terreno no Senado para a sabatina que o novo indicado precisará se submeter até o fim do ano. Desde o início de seu governo, em 2023, Lula faz críticas a Campos Neto por ter sido escolhido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Antes de indicar eu quero conversar com o presidente do Senado, com o presidente da comissão para que as pessoas, ao serem indicadas, sejam votadas logo. Para que as pessoas não fiquem sofrendo desgaste de especulação política durante meses e meses”, disse em entrevista à Rádio Gaúcha.
Galípolo foi indicado pelo presidente Lula ao cargo de diretor de política monetária no ano passado. Antes disso, era o número dois do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Desde que o nome foi colocado, fontes do governo dizem que é o mais provável a assumir a presidência da autarquia.
Coragem para aumentar ou subir taxa de juros
Na entrevista, Lula também afirmou que o novo presidente do BC tem que ter “coragem” para reduzir ou aumentar a taxa básica de juros no país “quando necessário”.
“Na hora que tiver que reduzir a taxa de juros, ele vai ter a coragem de dizer que vai reduzir. Na hora que precisar aumentar ele vai ter que ter a mesma coragem e dizer que vai aumentar. É assim que funciona”, pontuou.
O posicionamento do presidente bate de frente com o que ele tem defendido nos últimos meses, quando a autoridade monetária decidiu por manter a Selic em 10,5% ao ano.
Ainda assim, na mesma entrevista, Lula disse que não há explicação para a taxa básica de juros estar neste patamar e que Campos Neto “desagradou o país”.
“Nós vamos trocar o Banco Central. Eu trabalho com a expectativa que a taxa de juros comece a cair. Eu espero que a taxa de juros do FED, Banco Central americano, comece a cair para que a gente possa ter mais tranquilidade”, frisou.