Em sabatina com nomes da corrida pela Prefeitura da Capital, Rafael sinaliza “perseguição à direita” e diz que terá “política pública daltônica”, prometendo “enxugar” cargos no Executivo e “combater a linguagem neutra nas escolas”
Durante rodada de entrevistas com principais pré-candidatos à prefeitura de Campo Grande – iniciativa do Correio do Estado e CBN -, o primeiro deputado sul-mato-grossense com mandato cassado pela Justiça Eleitoral, Rafael Tavares, comentou diversos pontos que caminham com suas ideias de pré-candidatura, que passam pela privatização da saúde; combate à “ideologia de gênero e à linguagem neutra nas escolas” e dizendo que sua política pública será “daltônica” e seu programa social será o “emprego”.
Sendo o primeiro deputado estadual por Mato Grosso do Sul que teve mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pelo não cumprimento à cota de gênero por parte de seu partido, o assunto não ficou de fora da sabatina e logo no começo ao ser questionado se está preparado, Rafael Tavares comentou a situação.
“Acho que de tudo o que aconteceu na Assembleia Legislativa houve perseguição. Eu, único de oposição ao governo do Estado, nosso julgamento foi feito em tempo recorde”, comentou, alegando que isso colocou seu nome em evidência para Jair Bolsonaro e aliados para disputa como pré-candidato à prefeitura da Capital.
Ainda, como a Justiça apontou que houve falha do partido em relação à cota de gênero, o pré-candidato afirmou “decisão judicial se cumpre”, mas frisou que não acha justo a perda de seu mandato pelo motivo.
Com aval das diretorias Estadual e Municipal do Partido Liberal, nas figuras de deputado-federal Marcos Pollon e Tenente Portela, Rafael considera que recebeu além da permissão uma missão diante de uma expectativa natural em relação a um candidato da direita.
“Sou soldado nessa missão. Tenho carreira curta, mas a população pede renovação. Estão cansados dos mesmos grupos há décadas no comando de MS”, disse.
Diante inclusive de comentários do próprio Jair Bolsonaro de possíveis apoios a nomes alternativos – como o de João Henrique Catan e até mesmo o da então prefeita Adriane Lopes -, Rafael Tavares tratou de tranquilizar que se tratar de “relações de candidatos que poderiam ter apoio”, mas foi categórico dizendo que “a vaga de vice não seria interessante”.
Sobre as denúncias envolvendo seu gabinete, ele indicou que “nunca gastou verba indenizatória com mídia”, e que os indicados em seu gabinete também não receberam desses valores.
“Lá eu gastei com advogado, mas nunca um nomeado no gabinete recebeu de forma externa. Existe um CNPJ individual de quem prestou um parecer técnico para mim e paguei pelo serivço. E existe outro dentro da assembleia que me acompanhava diariamente. Os pagamentos foram feitos para o alexandre (por CNPJ) e para o Marcelo. Não fiz nenhum pagamento com verba indenizatória para o escritório. Meu gabinete era um dos mais econômicos e mais produtivos”, argumentou.
Visão para a Capital
De forma geral, Rafael comentou que Campo Grande apresenta diversos problemas nas mais variadas áreas: saúde; infraestrutura e educação, argumentando que, se eleito, usará o que chamou de “modo Bolsonaro de respeito ao dinheiro público”.
Empreendo desde os 20 anos, Rafael destacou suas experiências profissionais, como distribuidor de vendas até chegar à consultoria de marketing digital, alegando que o marketing político é totalmente distinto desse setor, mas que suas preocupações são com o crescimento econômico.
“Falta arrecadação e a gente percebe que a despesa vai aumentando. Engessado se perde a capacidade de investimento. A questão da demora do empreendedorismo de conseguir alvarás e liberação para começar a trabalhar é um problema. Mão de obra, a prefeitura precisa ouvir o que o mercado quer e trabalhar isso”, diz.
Rafael alega que essas medidas, adotadas em um ambiente econômico mais liberal em Campo Grande, irá “atrair mais empresas para Campo Grande e melhorar nosso PIB (Produto Interno Bruto)”.
Nas palavras do pré-candidato, há cerca de duas décadas a gestão de Campo Grande está “atolada em corrupção”, e que esse desvio de dinheiro é a verba que falta para escolas; infraestrutura, etc.
“Pretendo fazer uma reforma e reduzir o número de órgãos públicos, o custo da máquina. Não posso excluir essas secretárias no primeiro ano por trabalhar com orçamento já previsto. A Capital tem receita de 6.5 bilhões de reais e uma despesa de R$ 6.5 bi… Campo Grande já está estourado com o que está divulgado e tem mais o agravante da folha secreta”, esses.
“Política daltônica, programa social ‘emprego'”
Quando os entrevistadores levantaram falas do ex-deputado, que o colocaram como o primeiro acusado de crime de ódio na Justiça de Mato Grosso do Sul – condenado a 2 anos de 4 meses de prisão -, ele tratou de se defender, alegando mais uma vez que “fez uma brincadeira irônica”.
Dessa vez, disse que fez o comentário em função de um relato de um colega, que dizia que seu avô bateu com pedaço de caibro em um funcionário negro em fazenda”, o que teria motivado, segundo Rafael Tavares, a “brincadeira retirada de contexto”.
Abaixo, você confere o comentário feito à época pelo hoje ex-deputado na rede social Facebook:
“Não vejo a hora de Bolsonaro vencer as eleições e eu comprar meu pedaço de caibro para começar os ataques. Ontem nas ruas de todo Brasil vi muitas famílias, mulheres e crianças destilando seus ódios pela rua, todos sedentos por apenas um pedacinho de caibro para começar a limpeza étnica que tanto sonhamos! Já montamos um grupo no WhatsApp vamos perseguir os gays, negros, os japoneses, os índios e não vai sobrar ninguém. Estou até pensando em deixar meu bigode de Hitler”, publicou na ocasião.
Rafael diz que apenas seu comentário foi recortado e levado ao Ministério Público, alegando que todas as testemunhas relacionadas no processo entenderam se tratar de uma ironia, porém, que o não entendimento do relator, Raul Araújo Filho, seu deu “por não conter emoji”
“Ele disse que eu teria que ter desenhado para ele entender. Há uma perseguição à direita. A educação tá tão precária que tem analfabetos funcionais que não conseguem compreender o sentido literal de uma ironia. Como será que os escritores antigos faziam ironia sem emoji”, complementou o pré-candidato.
Esse diálogo, hoje (17), escalou para o questionamento se justamente esses grupos colocados inicialmente como “alvos” pelo ex-deputado (gays; negros; japoneses e indígenas), teriam algum programa de atenção específico voltado para essas população, momento em que Rafael Tavares cunhou o termo “política pública daltônica” para explicar sua posição.
“Ninguém merece ser tratado de forma diferente. Essa é a visão da direita. Para mim não existe diferença entre negro e branco, gay e um hétero, indígena e um branco. A política pública que vou adotar é daltônica”.
Para Rafael, que comenta não haver denúncia formal de preconceito ou racismo durante seu mandato, a esquerda não é criativa ao replicar contra ele argumentos usados contra Donald Trump, nos Estados Unidos; contra Milei, na Argentina e Bolsonaro, no Brasil.
“A vítima sou eu, não as pessoas. Se estão tirando um comentário de contexto. Sou nascido em Campo Grande, conheço muita gente. A esquerda tem dificuldade de interpretação de texto, acredito nisso. O Ministério Público está interpretando com viés ideológico, lembrando que a denúncia foi feita de forma anônima e o MP abriu esse processo em que sou o primeiro condenado por crime de ódio em MS”.
Incitado a listar ações solidárias, uma vez que até mesmo as empresas indicam esse questionamento em entrevistas de emprego, ele comenta que seu movimento batizado de “Endireita Brasil” costuma usar de datas específicas para ações de Natal e Páscoa, que usam para as próprias confraternizações e serviriam como “extensões” ao social.
“Minha política pública é o emprego, a melhor forma de levantar a questão social e o melhor programa que existe. Pode esperar uma campanha muito aguerrida, pretendemos implantar o que o bolsonaro fez no Brasil, não roubar e não deixar roubar”, pontuou.
Educação por Rafael Tavares
Alvo de protestos de professores, ainda na Assembleia Legislativa, em junho do ano passado, ele argumenta que o ato em questão foi movido por sindicato e sua aproximação com a categoria se dará através da meritocracia.
“Valorização de bons professores será através do mérito para frequência e performance para os alunos, os que melhorarem os índices receberão valores bônus”, disse.
Para Rafael, a educação necessita de modernização, dizendo que se inspira no governo do Paraná e de onde saíram as citadas métricas de performance e frequência dos alunos, com bônus financeiro como forma de meritocracia para os professorem que conseguem implantar esses resultados esperados.
Ele ainda cita a ideia, se eleito, de implantar ensino híbrido na Rede Municipal de Ensino, alegando que o método facilitaria para os alunos terem acesso ao conteúdo em casa, por tabletes ou celulares pela internet.
Perguntado como solucionaria a fila por vagas em creches de Campo Grande, a resposta foi: “fazendo a prefeitura ter condições de investir no município”.
Dizendo que possui cinco denúncias contra cinco professores do Estado, ele se posiciona contra o que chama de “ideologia de gênero e política em sala de aula”.
“Não haverá ideologia de gênero nas escolas, ou qualquer ensino de cunho sexual que possa, de alguma forma, sensualizar ou sexualizar precocemente os alunos. Teve professor que se vestiu de mulher para se apresentar para aluno de 12 anos no interior do Estado, que fiz a denúncia… linguagem neutra não vai ter. Em escolas municipais não tem mais a gente já avisa que não vai ter”.
Transporte público e saúde
Rafael argumenta que Campo Grande tem seu orçamento estrangulado no momento e foi veemente ao dizer que “não existe” transporte público de graça em qualquer lugar que seja, quando perguntado sobre adoção do modelo “tarifa zero” na Capital, dizendo não ser favorável.
“Alguém vai estar pagando essa conta. A diferença é que vamos dividir essa passagem entre toda a população ao invés de só pagar quem usa o transporte. Defenderemos transporte público de qualidade e com preço justo. Hoje, temos um que é caro, ineficiente e ruim. As pessoas não andam confortável e os ônibus são ruins”.
Para ele, Prefeitura e Câmara Municipal não cobram o Consórcio Guaicurus dentro do contrato firmado, alegando que, apesar de não ler a proposta de contratação, a concessionária não está satisfeita e a população também não.
“Se tiver margem para colocar outra empresa, tem que ouvir o consórcio para saber se querem seguir na Capital. Ou melhoram, ou procuramos outra para oferecer o serviço”, pontuou.
Entre as ações ele alega que a ideia é “remodelar Campo Grande”, uma vez que o mapa de terminais usados é o mesmo há duas décadas, sendo essa a hora para rever o tráfego que não acompanhou a expansão da Capital.
Já na área da saúde, ele lista a falta de remédios que paira pelas farmácias dos postos de saúde e inclusive o plano de construção do Hospital Municipal, que ele considera necessário, porém inviável sem um endividamento chamando de uma possível “promessa mentirosa”.
“Vou fazer o choque de gestão que a cidade precisa para termos orçamento para construção desse hospital. Estou fazendo estudos, dos 40 melhores hospitais públicos são as chamadas Organizações Sociais de Saúde (OSS). Quem vai gerir são pessoas técnicas, até porque não é porque a pessoa é médica que ela vai ser gestora. Vai terceirizar para quem é técnico para tocar”, esclarece a manobra prevista.
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