Presidente quer contar com a esquerda tradicional em meio à queda de sua popularidade
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a acenar mais explicitamente à esquerda tradicional, em uma tentativa de preservar seus aliados históricos em meio à queda de sua popularidade.
No último dia 7, o chefe do Executivo esteve no acampamento Quilombo Campo Grande, do Movimento dos Sem Terra (MST), em Campo do Meio, Minas Gerais. Trata-se da primeira visita que ele fez em seu terceiro mandato, a qual o MST chamou de “histórica”.
Na ocasião, o petista afirmou que “tem um lado” e que não se esquece de “quem são seus amigos”.
Vamos entregar tudo o que prometemos durante a campanha, tudo aquilo que vocês acreditaram e ajudaram a construir na campanha – garantiu ele.
O petista comunicou a criação de 138 assentamentos de Reforma Agrária em 24 estados, assinou o decreto de desapropriação da antiga fazenda-usina Adrianópolis e anunciou R$ 1,6 bilhões em crédito para a instalação em assentamentos.
Além disso, o governo fez ajustes no Orçamento de 2025 que contemplam interesses do MST e de aliados. Foram cortados R$ 368 milhões do Ministério da Agricultura, e destinados R$ 400 milhões para a compra e distribuição de alimentos da agricultura familiar. Outros R$ 350 milhões serão destinados ao Fundo de Terras e da Reforma Agrária/Banco da Terra.
De acordo com a coluna de Roseann Kennedy, do Estadão, os atos encorajaram o MST, que espera colher mais frutos e quer pressionar o governo para retomar as invasões do Abril Vermelho, ação anual que promove uma série de ocupações em memória do assassinato de 21 integrantes em 1996.
Na última quinta-feira (13), o MST publicou um artigo em seu site denominado A Colheita que Queremos do Governo Lula. Nele, o movimento descreve a ida do presidente ao Quilombo Campo Grande como “histórica”, mas ressalta que o governo já está em seu terceiro ano de mandato e que é necessário avanço nas desapropriações de terra.