“Les Garçons” transforma ausência em arte e revela a poética do tempo

Um restaurante francês em decadência. Uma mesa posta para um jantar que não acontece. Um maître idoso à espera de um amor que nunca veio. Um jovem garçom que só quer ganhar seu dinheiro e ir embora. É nesse cenário suspenso no tempo que se desenrola “Les Garçons”, curta-metragem de ficção dirigido por Bruno Nishino e Marco Calábria, com roteiro de Breno Moroni e direção de fotografia de Deivison Pedrê.

A produção, que será lançada no dia 16 de junho no IFMS – Campus Corumbá, às 19 horas, propõe uma reflexão delicada e visualmente potente sobre solidão, memórias e os amores que não se viveram. Ainda haverá exibições no dia 17, no Moinho Cultural, e dia 18, no Espaço Cultural Bar da Kah, sempre às 19 horas e com entrada gratuita. Em Campo Grande, haverá exibições nos dias 10 e 11 de julho no MIS (Museu da Imagem e do Som), às 19 horas. Também haverá exibição de estreia em Nova Andradina.

O filme nasce da adaptação de uma peça homônima, escrita por Breno Moroni em 2004, em Portugal. A montagem original contou com o ator português Francisco Adam, ídolo adolescente da série “Morangos com Açúcar”, que faleceu pouco depois da estreia. A memória de Francisco, segundo Breno, pulsa no cerne da obra. “Foi a única peça de teatro que ele fez. Montar esse filme é também uma homenagem, uma dívida afetiva com a trajetória dele”, conta o roteirista, que tem mais de 50 anos de carreira artística e mantém uma trajetória cruzada entre a televisão, o teatro e o cinema.

Moroni explica que a ideia da personagem ausente – a paciente terminal que nunca chega para o jantar – surgiu de uma experiência pessoal: “Minha mãe, em estado terminal, me disse que queria uma última refeição. Eu comprei o vinho que ela gostava, fui à churrascaria que ela mais amava, mas jantei sozinho. Essa peça também é para ela”. A ausência, no filme, ganha dimensão simbólica: “Ela se mescla com os sonhos perdidos, com o tempo que não volta, com os arrependimentos que a velhice traz.”

A transposição da peça para o cinema exigiu mudanças significativas. “O texto original tinha elementos circenses, malabarismo, acrobacias. No curta, tudo isso foi retirado. A comédia deu lugar a um drama mais profundo, e o conteúdo se aprofundou nas feridas: guerra, fome, conflito geracional”, explica o roteirista. Ainda assim, Breno mantém sua assinatura: “Uso o humor sutil para abrir espaço à reflexão. Quando o espectador relaxa, é o momento de enviar a mensagem direto. É um estilo meu: a comédia como porta, o drama como travessia”.

Quem divide a cena no filme são os atores Fábio Arruda e Salim Haqzan, este último também responsável pela direção de arte. Natural de Corumbá, Salim fala com entusiasmo do trabalho da dupla de diretores: “O Bruno e o Marco têm um olhar muito apurado, são ousados, premiados na Europa, e trabalham com um comprometimento raro. Eu não conseguia imaginar esse filme sem eles”. Ele também destaca a construção minuciosa do cenário: “Passei seis meses pesquisando objetos. Muitos foram emprestados por famílias corumbaenses. Cada detalhe foi pensado – os relógios, as velas, os candelabros – tudo carrega o histórico do personagem, suas fobias, seus traumas de guerra, sua espera infinita”.

“Les Garçons” foi gravado em Corumbá, cidade escolhida não apenas por sua força simbólica e importância para a história do cinema no estado, mas também por ser berço de muitos dos envolvidos no projeto. O filme será exibido em Campo Grande, Nova Andradina e Corumbá, seguido de bate-papos com a equipe e profissionais convidados das áreas de psicologia, direito e cultura. As sessões terão acessibilidade comunicacional garantida, com legendas, audiodescrição e intérpretes de Libras nos debates.

Com estética inspirada nos pintores franceses do século XIX e trilha sonora original do grupo Flor de Pequi, o curta-metragem busca conectar o cinema sul-mato-grossense ao mundo. “O cinema é uma máquina do tempo. Pode nos levar a outros séculos, outras geografias. E deve servir à transformação: da consciência, da sensibilidade, da empatia. Essa é a função da arte”, afirma Breno Moroni.

O filme conta com investimento da Lei Paulo Gustavo, do MinC (Ministério da Cultura), por meio de edital do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, através da FCMS (Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul).

Equipe Técnica

Roteiro – Breno Moroni
Direção – Bruno Nishino e Marco Calábria
Elenco – Salim Haqzan e Fábio Arruda
Direção de Fotografia – Deivison Pedrê
Direção de Arte – Salim Haqzan
Assistente de Arte – Carolina Figueiredo
Cenografia – Camila Zavallo
Assistente de Cenário – Paulo Henrique Taveira
Visagismo – Fábio Leandro Duarte
Figurino – Bárbara Walesca Silva
Som Direto – Rodrigo (Biscoito)
Trilha Sonora Original – Banda Flor de Pequi
Direção de atores – Breno Moroni
Produção – Juliana Zampieri
Produtora – EUREKA Audiovisual
1º Assistente de set – Vinícius Mattos
2º Assistente de set – Orlando de Oliveira Júnior
Camareira – Edith Lima Ramos
Designer Gráfico – Manuel Scrofft
Legendagem – Maurício Costa
Legendas em Inglês  – Tiago Franz Schubert
Legendas em Espanhol – Maria Cecília Werk Neta
Áudio descrição – Maria Cândida da Silva Abes
Intérprete de Libras – Jessé Macedo
Assessoria de Imprensa – Aline Lira e Lucas Arruda

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