Decisão da Justiça de Mato Grosso do Sul desta terça-feira (5), negando pedido de dois réus por desvios de R$ 10 milhões na FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul), confirmou que o uso de tornozeleiras já havia sido anulado. Isso porque Umberto Alves Pereira (sobrinho de Cezário) e Marcelo Mitsuo Ezoe Pereira (ex-servidor municipal) estão sem monitoramento eletrônico desde 4 de outubro.
Conforme a decisão, no início de outubro a UMMVE (Unidade de Monitoramento Eletrônico) desativou e retirou as tornozeleiras dos réus. Logo depois, em 7 do mesmo mês, foi revogada a medida cautelar de proibição de contato entre os acusados.
Portanto, o juiz Marcio Alexandre Wust alegou que o pedido de retirada das tornozeleiras perdeu objeto. Ou seja, a situação foi resolvida diretamente no processo da ação penal que implica os réus.
O advogado de defesa, Guilherme Delmondes, afirmou que os réus estão sem tornozeleiras há mais de um mês. “Só que ocorreu um problema de comunicação entre o cartório e a Agepen, aí eu tive que peticionar para retirar, o que deu origem a esse segundo processo”, explicou.
Esquema
O esquema de corrupção foi revelado após operação ‘Cartão Vermelho’, do Gaeco (Grupo de Atuação no Combate ao Crime Organizado). As investigações concluíram que o ex-mandatário da entidade, Francisco Cezário de Oliveira, seria o ‘chefe’ do esquema. Além dele, outras 11 pessoas foram denunciadas por crimes como organização criminosa, falsidade ideológica e lavagem de capitais.
Por outro lado, Cezário, que foi preso por duas vezes em um intervalo de três meses, já se livrou do monitoramento eletrônico. O monitoramento eletrônico do ex-dirigente começou após ele deixar a prisão, em 7 de junho. Nesse intervalo, ele chegou a ser preso novamente em 28 de agosto, quando ficou mais duas semanas atrás das grades.
Investigação
Cezário foi preso novamente no último dia 28 de agosto. Ele foi flagrado realizando reuniões em sua casa, no bairro Taveirópolis, com presidentes de clubes e dirigentes esportivos. Cezário estava impedido de exercer ‘qualquer função na Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul’. Por isso, foi expedido um novo pedido de prisão.
O ex-presidente da federação é acusado de desvios de R$ 10 milhões do futebol sul-mato-grossense e foi preso a primeira vez em maio deste ano, na Operação Cartão Vermelho. Ficou 15 dias preso e foi solto com tornozeleira após passar mal após a morte da irmã, no início de junho.
Francisco Cezário de Oliveira e mais 11 pessoas foram denunciadas pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) pelos crimes de integrar organização criminosa, peculato, furto qualificado, falsidade ideológica e lavagem de capitais.
Defesa de Cezário alega que dirigentes fizeram visita de solidariedade por morte de irmã
No pedido de revogação da prisão do dirigente, o advogado Júlio César Marques alegou que a visita de dirigentes de clubes à residência de Cezário se deu por motivos de solidariedade após a morte da irmã.
“A única irmã que ele tinha (Cezário) faleceu. Aparecido (Alves Pereira, sobrinho de Cezário), Umberto (Alves Pereira, sobrinho), Valdir (Alves Pereira, sobrinho), Luíz (Carlos de Oliveira, irmão), Francisco Carlos (Pereira, sobrinho) e Marcelo (Mitsuo Ezoe Pereira, filho de Umberto) são familiares que viviam em volta dele e, por causa da tornozeleira, não estão mais tendo contato. Ele está isolado”, pontuou.