O ex-vereador de Amambai, Valter Brito da Silva, foi preso em flagrante na última segunda-feira (22), juntamente com seu irmão e um sócio, suspeitos de receptação, já que foi encontrado com o trio um maquinário que havia sido furtado no Paraná.
A Justiça de Mato Grosso do Sul concedeu liberdade provisória aos envolvidos, mediante pagamento de fiança de R$ 30 mil.
Entenda o caso
Policiais da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Fronteira (DEFRON) realizavam diligências na região de fronteira com o Paraguai quando receberam informações da Terceira Delegacia de Polícia Civil de Três Lagoas de que teria sido identificada uma motoniveladora, que era fruto de um furto na cidade de Doutor Ulysses, no interior do Paraná.
Ainda segundo os policiais, o maquinário havia sido furtado no dia 15 de julho deste ano, e estaria sendo ocultado nas margens da rodovia MS-156, em Amambai, cidade localizada no sul do Estado e quase 900 quilômetros distante do município paranaense.
A equipe foi até o local, e constatou que a motoniveladora estava no interior de um estabelecimento comercial. Os policiais entraram no local e questionaram quem seria o proprietário, momento em que o trio se apresentou como dono do maquinário.
Após consultas, foi verificado que o veículo era, de fato, aquele furtado no Paraná. Foi constatado ainda que os indivíduos haviam feito uma série de adulterações.
Pelos delitos, eles foram presos em flagrante. O maquinário e os indivíduos foram conduzidos à sede da DEFRON, em Dourados, para a lavratura dos procedimentos.
Posteriormente, os indiciados foram encaminhados para a Delegacia de Amambai.
Preso em 2023
No ano passado, Valter Brito foi alvo da Operação Laços Ocultos, que apurava a existência de uma organização criminosa que atuava, principalmente, em Amambai. A organização seria voltada à prática de crimes de corrupção ativa e passiva, peculato, fraude em licitações e contratos públicos e lavagem de dinheiro.
Além de Brito. um segundo vereador, quatro secretários municipais, servidores públicos e empresários de Amambai, Campo Grande, Bela Vista, Naviraí e Itajaí, em Santa Catarina.
Ao todo, na ação foram cumpridos seis mandados de prisão preventiva, entre os quais o de Valter Brito, e 44 mandados de busca e apreensão.
O vereador também é dono da Construtora Silva, empresa especializada em asfalto.
A investigação apurava justamente fraudes em licitações públicas que têm como objeto a contratação de obras e serviços de engenharia em Amambai e outros municípios, que estariam sendo tocadas por empresas ligadas a familiares dos implicados, com sócios até então ocultos.
Nos últimos seis anos, o grupo teria conseguido uma série de contratos, que superam a cifra de R$ 78 milhões.
A investigação começou na 1ª Promotoria de Justiça de Amambai e foi desdobrada pelo Gecoc, braço do MPMS (Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul).
Durante a operação, os prédios da prefeitura de Amambai e da Câmara Municipal da cidade estavam fechados. Uma funcionária relatou ao jornal que chegou para trabalhar, mas não pôde entrar, em virtude da ação.
O MPMS também aponta que perícias de engenharia em obras vistoriadas presencialmente pelo corpo técnico detectaram superfaturamento e inexecução parcial.
Uma análise realizada pelo MPMS também identificou “pagamento de propina das empresas integrantes do grupo criminoso em benefício de agentes políticos e servidores públicos municipais responsáveis pela fiscalização das obras”.
Entre os itens apreendidos pelo MPMS durante a Laços Ocultos havia uma quantia em dinheiro vivo, que estava com um dos investigados na ação, cujo nome não foi divulgado.
Fonte: Correio do Estado