O general aposentado Laércio Vergílio, de 70 anos, foi indiciado pela PF (Polícia Federal), nesta quinta-feira (21), pelos crimes de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. Junto do “General Vergílio”, como é chamado pelo clã golpista, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e integrantes que foram do governo dele também estão na lista.
Segundo investigação da PF, o “General Vergílio” utilizava da alta patente militar para influenciar e incitar apoio aos demais núcleos de atuação, endossando medidas para consumação do golpe de Estado. A equipe do Primeira Página foi à casa do indiciado, que disse que não irá se manifestar. Vergílio também não quis passar o contato do advogado de defesa no caso.
Em fevereiro deste ano, Vergílio foi alvo de um mandado de busca e apreensão da PF, na operação que investigava a tentativa de golpe de Estado. À época, Vergílio era suspeito de ter participação no planejamento intelectual de uma suposta prisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
O militar aposentado chegou a depor na sede da Polícia Federal, mas negou envolvimento nos crimes. Antes de entrar para o depoimento, Vergílio disse que morava em Campo Grande há quatro anos e sofria de sequelas de cirurgias realizadas em 2020, como justificativas para não ter cometido os atos golpistas.
Indiciamento de clã golpista
O indiciamento do clã golpista ocorre a partir do inquérito que investigava a tentativa de golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder, mesmo após Lula (PT) ganhar as eleições de 2022.
Além de Bolsonaro e do “General Vergílio”, também foram indiciados pelos crimes:
- o general da reserva do Exército Braga Nettoex-ministro da Casa Civil e da Defesa do governo Bolsonaro e candidato a vice na chapa que perdeu a eleição de 2022;
- o general da reserva Augusto Helenoex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
- o policial federal Alexandre Ramagemex-diretor da Agência Brasileira de Informações (Abin);
- e Valdemar da Costa Netopresidente do Partido Liberal (PL), legenda de Bolsonaro.
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O relatório que indiciou os 37 golpistas vai ser encaminhado ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. Vai ficar ao encargo da PGR (Procuradoria-geral da República) denunciar ou não os indiciados ao STF.
Se julgados, os indiciados vão se tornar réus e podem responder as penas previstas:
- golpe de estado: 4 a 12 anos de prisão;
- Abolição violenta do Estado democrático de Direito: 4 a 8 anos de prisão;
- Integrar organização criminosa: 3 a 8 anos de prisão.