A falta de energia em presídio de Santa Catarina adiou – pela 3ª vez – o julgamento dos ex-diretores do HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul), Rehder dos Santos Batista e Aldenir Barbosa do Nascimento (PSDB), o Guga, prefeito reeleito em Novo Horizonte do Sul.
Os dois são réus em ação que aponta desvios de R$ 20 milhões na época em que atuavam na gestão do hospital. No entanto, Rehder, que está preso em estabelecimento penal em Santa Catarina, não foi ouvido, pois o local estava sem energia.
Dessa forma, a audiência de instrução e julgamento que estava sendo realizada no último dia 31 de outubro (quinta-feira) foi adiada. Assim, sete testemunhas foram ouvidas.
Mas, ao chegar na vez dos dois réus serem ouvidos, foi constatada a impossibilidade de colher o depoimento de Rehder, que estava em videoconferência. Então, a audiência irá continuar no dia 5 de dezembro.
Investigado é reeleito
Guga concorreu à reeleição este ano e figurou como único candidato nas eleições de 2024 em Novo Horizonte do Sul, município ao sul de MS distante 326 km de Campo Grande. Ele foi reeleito pela maioria dos eleitores em 6 de outubro.
Conforme noticiado pelo Jornal Midiamax recentemente, Rehder foi preso em junho, em Itajaí, Santa Catarina, onde estava morando. O desembargador Luiz Cláudio Bonassini da Silva, da 3ª Câmara Criminal, expediu mandado de prisão preventiva.
Também são réus no processo os empresários Luiz Antônio Moreira de Souza e Michela Ximenes Castellon, proprietários da Novos Ciclos Produtos e Equipamentos para Saúde Ltda.
Grupo simulava compra de medicamentos
Conforme a denúncia do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), Rehder, juntamente com o ex-diretor administrativo e financeiro do hospital na época, Aldenir, praticaram os desvios juntamente com os empresários.
Ao menos quatro denúncias contra Rehder e Aldenir tramitam no TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) por suspeita de desvios do HRMS. Os valores ultrapassam os R$ 20 milhões desviados no período de 4 anos.
As ações do MPMS indicam que os dois, então servidores da Funsau (Fundação Serviços de Saúde), atuavam com mais servidores e também com empresários, donos de lojas de venda de medicamentos.
Desta forma, o grupo simulava a compra de vários tipos de medicamentos e também materiais hospitalares, mas esses produtos nunca chegavam. Mesmo assim, inseriam os dados falsos no sistema, como se os produtos dessem entrada e também saída.
Acontece que esses produtos nunca chegaram ao hospital, mas as empresas receberam. Essas, por sua vez, emitiam notas falsas e depois dividiam os valores com os servidores.
Em uma das ações apresentadas pelo MPMS, conversas entre Rehder e um empresário, que chegou a ser detido em flagrante na Operação Parasita, são expostas. Em trechos, é possível ver o empresário negociando a entrega de um Prisma para o servidor.
Medicamentos não chegavam ao HRMS
Em uma das denúncias, datada de abril, o MPMS indica que o grupo criminoso simulou em 2016 a compra de kits de imunotestes de metotrexato.
Porém, uma funcionária acabou estranhando a grande quantidade de kits comprados. Segundo dados identificados nos sistemas do HRMS, a média anual de consumo desses kits era de 5 por ano, considerando que cada kit tinha 100 testes.
No entanto, os suspeitos teriam feito a compra de 90 kits em 2016, o que duraria ao menos 18 anos. Mesmo assim, eles deram entrada nos produtos no sistema e, no mesmo dia, deram baixa nos 9.000 testes.
Foi comprovado que, em 2016, foram feitos apenas 141 exames daquele tipo. Ou seja, menos de 2 kits foram utilizados.
Neste ano, foram oferecidas denúncias em abril, março e a última em julho. Em todas, os valores dos desvios apresentados são milionários, chegando ao total de R$ 22.099.083,20.