O jovem Hugo Montan, de 19 anos, viralizou nas redes sociais após colocar um ‘meme” que satiriza o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na Times Square. Utilizando um aplicativo da TSX, ele enviou uma imagem para um outdoor na região, pagando R$ 265,13 (incluindo R$ 11,13 de IOF).
Não demorou muito para que a imagem de Haddad aparecesse como “Taxa Humana”, uma paródia do personagem Tocha Humana do Quarteto Fantástico, no outdoor da Times Square. Montan afirma que o protesto é contra o governo como um todo.
“Sou uma pessoa politicamente informada e também gosto de humor”, afirma Montan, morador de São José dos Campos (SP).
Ele se define como um liberal de direita e critica a estratégia do governo de ajustar as contas públicas por meio da arrecadação, resistindo a cortes de gastos.
“O Haddad fica como um fiador junto ao mercado, mas essa agenda não é necessariamente dele, é do governo inteiro”, diz Montan.
A repercussão do protesto do estudante foi imediata e ajudou a impulsionar a enxurrada de memes sobre o ministro no X. A terça-feira (19), data da publicação do vídeo, foi o ápice do movimento na rede social, com 15.012 menções a “Taxadd”, como o ministro foi apelidado, segundo a plataforma Buzzmonitor.
Como a Folha mostrou, o fluxo de mensagens sobre o assunto no WhatsApp e no X indicam que o movimento cresceu de modo orgânico nos últimos dias, sem indícios de uma coordenação maior.
“O que aconteceu com esse movimento do Haddad foi mais ou menos isso: pequenos atos políticos que vão se somando e se transformam em uma verdadeira bola de neve. E aí, quando você vê, de repente, você tem um movimento político viral”, diz João Victor Archegas, coordenador do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro.
Montan diz que inicialmente “deu muita risada” quando viu a velocidade com que os vídeos da “Taxa Humana” se espalharam nas redes. Depois, “ficou um pouco assustado” com a proporção que a história tomou, até que achou seguro divulgar sua identidade. “Fiquei com medo de alguma represália, mas aí conversei com meus pais e acho que não tem nenhum problema.”
Diante da repercussão dos memes, integrantes do governo e do PT saíram em defesa de Haddad. “Se pegarmos a carga tributária de 2022 para 2023, ela não aumentou, até que caiu um pouquinho”, afirmou o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). A presidente do partido, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), falou em “ataques mentirosos da rede bolsonarista” que provam que “a economia do país está melhorando”, o que deixa “a oposição apavorada”.
Em meio a esse cenário, o próprio Haddad anunciou, na quinta-feira (25), um congelamento de R$ 15 bilhões em despesas neste ano, medida necessária para cumprir as regras do arcabouço fiscal. Economistas ouvidos pela Folha classificaram a decisão como positiva, apesar de parte deles não descartar que será preciso fazer novos congelamentos nos próximos meses. O governo já havia anunciado para 2025 um corte de R$ 25,9 bilhões, após dias de turbulência nos mercados diante da desconfiança crescente dos agentes econômicos quanto ao compromisso do governo em cumprir as regras fiscais.
Para o estudante Montan, o governo deveria mirar em “coisas mais perpétuas”. “Uma reforma administrativa, algo para enxugar a máquina. Dá para fazer isso com uma agenda de esquerda”, sugere.
Com Folha Press
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