As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) anunciaram que iniciaram uma operação limitada por terra contra alvos do grupo extremista Hezbollah no Líbano. A ação começou na madrugada de terça-feira (1º), pelo horário local — noite de segunda-feira (30), no Brasil.
Israel e Hezbollah vêm trocando ataques desde outubro de 2023, quando o grupo extremista baseado no Líbano lançou foguetes contra o território israelense em solidaridade aos terroristas do Hamas e à guerra na Faixa de Gaza.
A tensão na região escalou nos últimos dias, com bombardeios de Israel contra alvos do Hezbollah em vários pontos do Líbano, incluindo a capital Beirute. Um dos ataques provocou a morte do chefe do grupo extremista, Hassan Nasrallah, na sexta-feira (27).
Nas últimas horas, moradores de cidades libanesas relataram bombardeio intenso na fronteira com Israel, além do som de helicópteros e drones sobrevoando a área. Até a publicação desta reportagem não havia informações sobre mortos e feridos.
Segundo a agência Reuters, a mídia local afirmou que um dos ataques atingiu um edifício de um campo de refugiados palestinos no sul do Líbano. Uma fonte afirmou que o alvo era Mounir Maqdah, integrante do braço armado do Fatah — grupo político que controla a Cisjordânia e está à frente da Autoridade Palestina. O estado de saúde dele é desconhecido.
Em comunicado, os militares israelenses afirmaram que os alvos da operação terrestre estão ligados a alvos do Hezbollah que ficam próximos da região da fronteira com Israel. As IDF afirmaram que os pontos representavam uma ameaça imediata ao país. Leia na íntegra mais abaixo.
Israel garantiu que estava fazendo ataques precisos e limitados contra o Hezbollah. O grupo extremista e o governo do Líbano ainda não se pronunciaram.
A operação atual foi batizada de “Setas do Norte” e foi aprovada de acordo com uma decisão “política”, segundo as Forças de Defesa de Israel. Os militares disseram que a ação continuará de acordo com a avaliação situacional dos militares e em paralelo ao combate na Faixa de Gaza.
“As IDF continuam operando para atingir os objetivos da guerra e estão fazendo todo o necessário para defender os cidadãos de Israel e devolver os cidadãos do norte de Israel às suas casas.”
Os militares israelenses disseram ainda que cerca de 10 projéteis foram lançados do Líbano contra o norte de Israel. Parte dos lançamentos foi interceptado, enquanto o restante caiu em áreas abertas.
Os Estados Unidos disseram que concordaram sobre a necessidade de um ataque contra o Hezbollah ao longo da fronteira entre Israel e Líbano. A possibilidade de uma operação por terra já era ventilada desde a semana passada.
Pouco antes da operação, Israel fechou o acesso de três comunidades no norte do país e as declarou como “zonas militares”, restringindo o acesso para membros do Exército.
Além disso, tropas do Exército do Líbano recuaram em 5 km ao norte de suas posições na fronteira com Israel. Os militares libaneses informaram à agência AFP de que estava “se reposicionando”, sem dar mais detalhes.
O Ministério da Saúde do Líbano disse que 95 pessoas morreram e outras 172 ficaram feridas no sul do Líbano, no Vale do Bekaa e em Beirute apenas na segunda-feira.
Histórico do conflito
O Hezbollah tem bombardeado o norte de Israel desde outubro de 2023, em solidariedade aos terroristas do Hamas e às vítimas da guerra na Faixa de Gaza.
Nos últimos meses, foi observado um aumento de tensões envolvendo Israel e Hezbollah. Um comandante do grupo foi morto em um ataque israelense no Líbano, em julho. No mês seguinte, o grupo preparou uma resposta em larga escala contra Israel, que acabou sendo repelida.
Mais recentemente, líderes israelenses emitiram uma série de avisos sobre o aumento de operações contra o Hezbollah. O gatilho para uma virada no conflito veio após os seguintes pontos:
- Nos dias 17 e 18 de setembro, centenas de pagers e walkie-talkies usados pelo Hezbollah explodiram em uma ação militar coordenada.
- A imprensa norte-americana afirmou que os Estados Unidos foram avisados por Israel de que uma operação do tipo seria realizada. Entretanto, o governo israelense não assumiu a autoria.
- Após as explosões, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, disse que estava começando “uma nova fase na guerra”.
- Enquanto isso, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prometeu que levará de volta para casa os moradores do norte do país, na região de fronteira, que precisaram deixar a área por causa dos bombardeios do Hezbollah.
- Segundo o governo, esse retorno de moradores ao norte do país só seria possível por meio de uma ação militar.
- Em 23 de setembro, Israel bombardeou diversas áreas do Líbano. Cerca de 500 pessoas morreram e centenas ficaram feridas. O dia foi o mais sangrento desde a guerra de 2006.
- Em 27 de setembro, Israel matou o chefe do Hezbollah por meio de um bombardeio em Beirute.
Na semana passada, as Forças de Defesa de Israel anunciaram que militares estavam se preparando para uma possível operação terrestre no Líbano. Bombardeios aéreos executados pelos israelenses seriam indícios de uma preparação de terreno.
Comunicado das IDF
“Tropas das IDF (Forças de Defesa de Israel) começaram incursões limitadas, localizadas e direcionadas contra alvos terroristas do Hezbollah na área de fronteira do sul do Líbano.
De acordo com a decisão do escalão político, há algumas horas, as IDF iniciaram incursões terrestres limitadas, localizadas e direcionadas com base em inteligência precisa contra alvos e infraestrutura terroristas do Hezbollah no sul do Líbano. Esses alvos estão localizados em vilarejos próximos à fronteira e representam uma ameaça imediata para as comunidades israelenses no norte de Israel.
As IDF estão operando de acordo com um plano metódico elaborado pelo Estado-Maior e pelo Comando do Norte, para o qual os soldados das IDF treinaram e se prepararam nos últimos meses.
A Força Aérea de Israel e a Artilharia das IDF estão apoiando as forças terrestres com ataques precisos a alvos militares na área.
Essas operações foram aprovadas e realizadas de acordo com a decisão do escalão político. A Operação “Setas do Norte” continuará de acordo com a avaliação da situação e em paralelo ao combate em Gaza e em outras frentes.
As IDF continuam a operar para alcançar os objetivos da guerra e estão fazendo tudo o que é necessário para defender os cidadãos de Israel e devolver os cidadãos do norte de Israel para suas casas.”
Fonte: g1