O Conselho de Governadores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão da ONU, declarou na quinta-feira (12) que o Irã violou suas obrigações de não-proliferação nuclear. É a primeira vez em quase duas décadas que o órgão faz tal declaração. Em resposta, o Irã anunciou contramedidas e elevou as tensões com os Estados Unidos, dias antes de uma nova rodada de negociações nucleares marcada para Omã.
O ministro das Relações Exteriores de Omã confirmou que autoridades americanas e iranianas participarão da sexta rodada de conversas sobre o programa nuclear de Teerã. Mas o ambiente é de instabilidade crescente desde que o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que cidadãos americanos estavam sendo retirados da região, considerada por ele “potencialmente perigosa”. Trump declarou que o Irã não terá permissão para desenvolver uma arma nuclear.
Logo após a resolução da AIEA, o Irã informou ao órgão que pretende abrir uma nova instalação de enriquecimento de urânio, sem fornecer detalhes sobre a localização. Segundo a TV estatal iraniana, o país também decidiu atualizar as centrífugas na usina de Fordow, passando da primeira para a sexta geração. A medida deve aumentar significativamente a capacidade de produção de urânio enriquecido, que pode ser usado tanto para fins energéticos quanto para a fabricação de armas nucleares. Porém o Irã insiste que o programa tem fins exclusivamente pacíficos.
O Conselho Nacional de Segurança do Irã reafirmou que não abrirá mão do direito ao enriquecimento nuclear, previsto no Tratado de Não Proliferação, e acusou a AIEA de agir sob influência política.
Nos Estados Unidos, o Departamento de Estado confirmou a retirada parcial de funcionários da embaixada no Iraque e a autorização para que familiares de militares deixem a região. O movimento ocorre diante da possibilidade de escalada militar. O ministro da Defesa iraniano, Aziz Nasirzadeh, advertiu que o país retaliará bases americanas no Oriente Médio se for alvo de ataque.
Desde que Trump retirou os EUA do acordo nuclear com o Irã, em 2018, o pacto foi progressivamente desfeito. Agora, com a retomada do programa de enriquecimento de urânio por Teerã e a reação internacional, o risco de novo confronto cresce.
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