Atenção se voltou às obras do estádio após o “escândalo” na Federação de Futebol de MS
A reforma do Estádio Universitário Pedro Pedrossian será agora acompanhada pelos deputados estaduais e por representantes do esporte de Mato Grosso do Sul. O popularmente conhecido como “Morenão” está fechado desde julho de 2022 para obras de revitalização.
A comissão criada para monitorar e discutir o andamento da obra no local realiza a primeira reunião nesta terça-feira, às 14h, na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems).
Os olhos se voltaram novamente para o Estádio após o “escândalo” envolvendo a Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS), que teve muitos de seus membros – inclusive o presidente – alvos de uma investigação do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (GAECO), do Ministério Público de Mato Grosso do Sul, que tem como objetivo desmantelar uma organização criminosa que teria desviado mais de R$ 6 milhões da FFMS entre 2018 e 2023.
A revitalização é uma promessa antiga do Governo do Estado, mas só se tornou algo concreto em 2021, quando foi repassado à UFMS o valor necessário para a obra completa, um convênio fechado no valor de R$ 9,4 milhões. A obra demorou para sair do papel, e teve início há dois anos, no meio de 2022.
Desde então, os prazos para o término vão se estendendo, e o resultado do investimento nunca é entregue. Um dos prazos dizia que as obras seriam finalizadas até o fim de 2022. Depois, foi estendido para o início de 2023, e, posteriormente, para o fim de 2024.
O estádio não recebe jogos desde o dia 23 de maio de 2021, quando Operário e Dourados se enfrentaram pelo hexagonal final do Campeonato Sul-Mato-Grossense. A casa dos times da Capital tem sido o Estádio Jacques da Luz, que fica nas Moreninhas.
Apesar de ter sido reformado recentemente, o Jacques da Luz não tem a estrutura necessária para atender a grandes jogos, capacitando cobertura televisiva e comportando profissionais da imprensa e um grande número de torcedores. Por isso, é essencial que o maior estádio de Mato Grosso do Sul retome seu funcionamento e faça valer o investimento do Estado.
“Não tem como o nosso futebol prosperar, se não tivermos um estádio para receber torcidas, uma cobertura jornalística e televisiva, suficiente até para ajudar no patrocínio do futebol de Mato Grosso do Sul”, apontou o deputado que lidera as discussões acerca do tema, Pedrossian Neto (PSD).
Além de debater o uso dos recursos, as reuniões na Alems irão levantar o cronograma e demais itens que envolvem a reforma.
Serão convidados representantes dos clubes, Fundação de Esporte de MS (Fundesporte), Fundação de Apoio à Pesquisa, ao Ensino e à Cultura (Fapec), entre outros envolvidos no assunto, para o debate.
Sobre o Estádio
O Estádio Universitário Pedro Pedrossian (Morenão) foi construído em 1971, no campus da então Universidade Estadual de Mato Grosso (UEMT), que mais tarde viria a se tornar a UFMS.
A obra foi batizada em homenagem ao dirigente do Estado na época, o ex-governador Pedro Pedrossian, falecido em 2017.
Operação na FFMS
No dia 21 de maio, o Gaeco deflagrou a Operação Cartão Vermelho, baseada em 20 meses de investigações que levaram à conclusão de que foi instalada na FFMS uma organização criminosa que desviava valores recebidos do Governo do Estado (via convênio, subvenção ou termo de fomento) e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A quantia desviada era utilizada para benefício dos envolvidos no grupo, e não chegava a ser investido no futebol estadual.
“Uma das formas de desvio era a realização de frequentes saques em espécie de contas bancárias da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul – FFMS, em valores não superiores a R$ 5.000,00, para não alertarem os órgãos de controle, que depois eram divididos entre os integrantes do esquema”, dizia nota do Gaeco.
Usando desse mecanismo, os integrantes da organização realizaram mais de 1.200 saques, que somados ultrapassaram o valor de R$ 3 milhões.
A investigação também aponta que os suspeitos também possuíam um esquema de desvio de diárias dos hotéis pagos pelo Estado de MS em jogos do Campeonato Estadual de Futebol.
“Esse esquema de peculato estendia-se a outros estabelecimentos, todos recebedores de altas quantias da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul. A prática consistia em devolver para os integrantes do esquema parte dos valores cobrados naquelas contratações (seja de serviços ou de produtos) efetuadas pela Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul”, explicou o Gaeco.
De setembro de 2018 a fevereiro de 2023, foram desviados da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul mais de R$ 6 milhões.
A justiça emitiu sete mandados de prisão e 14 de busca e apreensão. Além de Cezário, foram presos cinco familiares, sendo quatro sobrinhos e o filho de um destes.
Saiba: O nome da operação, Cartão Vermelho, é autoexplicativo e faz alusão ao instrumento utilizado pelos árbitros para expulsar os jogadores que cometem faltas graves durante as partidas de futebol.