A indígena, de 32 anos, ferida a tiros durante conflito com a PM (Polícia Militar) na região da fazenda Barra, em Antônio João, a 318 quilômetros de Campo Grande, corre risco de perder a perna. Ela está internada desde quinta-feira (12) quando houve o conflito enquanto a comunidade ocupava a região.
Os indígenas atearam fogo em uma ponte e os agentes atiraram com bala de borracha para impedir a entrada na fazenda. Durante o conflito na região, dois indígenas foram presos, mas foram liberados neste domingo (15), conforme informou o Cimi (Conselho Indigenista Missionário).
A indígena internada foi ferida no joelho e permanece aos cuidados médicos no hospital de Ponta Porã. “(Está) com risco de perder parte da perna, mas com cirurgia marcada para quinta-feira”, afirmou o conselho ao Jornal Midiamax.
O Cimi também afirmou que não há novos conflitos na região.
Ponte incendiada
Anteriormente, havia sido dito que os militares teriam sido feito de reféns, mas a ponte incendiada é que teria deixado os policiais ilhados, assim como o dono da fazenda Barra. Na sexta (13), os fazendeiros da região arrumaram madeiras para a reconstrução da ponte e concluíram no mesmo dia com ajuda de um caminhão guincho que transportou as madeiras até o local.
O Cimi diz que foi controverso o fato da Justiça Federal de Ponta Porã, em decisão apressada, publicada na noite do mesmo dia, ter autorizado a atuação da PM em proteção à propriedade privada, legitimando a violência contra a comunidade.
Segundo os indígenas, trata-se da última propriedade que ainda não havia sido retomada pela comunidade, sendo que a última tentativa foi em 2016, quando houve ataque de fazendeiros que vitimou Simeão Vilhalva.
Entretanto, em nota, a Sejusp (Secretária de Estado de Justiça e Segurança Pública) informou que não há ordem de reintegração de posse sendo cumprida e que os policiais permanecem na região para evitar novos conflitos.
Confira a nota na íntegra:
“No último dia 12 de setembro teve início um foco de incêndio na área rural do município de Antônio João, que destruiu uma área de vegetação nativa e uma ponte da região, único acesso a diversas propriedades rurais. Bombeiros foram acionados e controlaram as chamas.
Apuração preliminar aponta que o fogo foi provocado por alguns indígenas, após deflagrado um conflito na região. A Polícia Militar foi chamada pela população, e quando os agentes chegaram ao local, foram recebidos com violência e atacados com flechas envenenadas. Os policiais agiram em legítima defesa, para cessar a injusta agressão. Ante a situação, houve reforço no policiamento, inclusive com envio de equipes do Batalhão de Choque, que permanecerão no local, por determinação Judicial, a fim de evitar confrontos.
O governo reforça seu compromisso em manter a paz no campo e combater, de forma pronta e eficaz, incêndios de origem criminosa.
A Sejusp esclarece que não existe qualquer ordem de reintegração de posse sendo cumprida, tampouco preparativos. E, caso haja, deverá esta ser submetida aos trâmites estabelecidos pela Lei N.º 3.807 de 17 de dezembro de 2009, que cria o Conselho de Intermediação de Conflitos Sociais e Situações de Risco.”