Neri Ramos da Silva, de 23 anos, foi morto a tiros em confronto com a Polícia Militar no Território Nhanderu Marangatu, em Antônio João (MS). A morte foi confirmada pelo Coordenador Regional da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) em Iguatemi (MS), Paulo Pereira da Silva.
Em nota, o Cimi (Conselho Indigenista Missionário) afirmou que o caso representa a forma como as forças armadas atuam no local de conflito entre indígenas Guarani-Kaiowá e produtores rurais.
“O assassinato de Neri Gomes representa a maneira como as forças de segurança pública atuam no estado, funcionando como seguranças de interesses particulares do agronegócio, intrinsecamente vinculados ao governo do estado.”
O secretário estadual de Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, esclareceu que os 100 policiais militares que estão no local cumprem uma decisão judicial para manter a ordem e a segurança na propriedade rural, além de permitir o ir e vir das pessoas entre a rodovia e a sede da fazenda.
Ainda de acordo com o Cimi, o Governo Federal foi informado sobre o ambiente de tensão desde a última sexta-feira (13), um dia após o início dos novos confrontos.
“A demora na demarcação dos territórios indígenas por parte da União e a vigência da Lei 14.701/23 sustentam a violência contra os povos indígenas no país”, afirma o Cimi.
Nas redes sociais, a Grande Assembleia Guarani-Kaiowá (Aty Guasu) declarou que equipes da tropa de choque “atacaram” a “área de retomada” — local de disputa entre fazendeiros e indígenas — na Fazenda Barra, o que resultou na morte do indígena.
A Aty Guasu é uma organização sem fins lucrativos liderada por indígenas das etnias Kaiowá e Guarani, cuja missão é a defesa dos direitos humanos.
Conflito indígena
Desde o início do novo conflito, no dia 12 de setembro, outros três indígenas já foram feridos pela força policial.
Segundo o tenente-coronel responsável pela região de Antônio João, Ponta Porã e Aral Moreira, Edson Guardiano, o confronto ocorreu quando policiais militares impediram um grupo de 20 indígenas de entrar e ocupar a sede da Fazenda Barra, que fica na fronteira com o Paraguai.
Em razão da situação, a Justiça Federal emitiu uma liminar determinando a presença da Polícia Militar no local, disputado por produtores rurais e indígenas que reivindicam a posse da área como parte do Território Nhanderu Marangatu.