Na madrugada de ontem, um dos suspeitos foi morto durante um confronto policial, após atirar contra agentes que trabalhavam nas torres de segurança do presídio.
Trechos de bilhetes interceptados no Estabelecimento Penal de Segurança Máxima Jair Ferreira de Carvalho, arremessados para dentro do presídio há mais de uma semana, mostram diversas ameaças de morte dirigidas aos policiais penais que trabalham no local.
Na madrugada de ontem (19), um dos suspeitos que atirou contra agentes penitenciários que estavam em uma das torres de segurança foi morto após uma troca de tiros com o Batalhão de Choque.
Em um desses bilhetes a que o Correio do Estado teve acesso, mostra ameaças de morte escritas à mão como “quem pegar primeiro é para executar sem dó, entendeu? (sic)”.
Em outra parte do enunciado, o texto afirma que o grupo tem “ferramentas ou armas” para cometer o crime e “comida e casa” para abrigar os comparsas.
(…) referente comida e casa é por minha conta truta, e para pegar (…) pois me bateram muito lá na Máxima. É para pegar sim, sem dó, entendeu, pois tem dois meses que to mandando essas ideias mano. Vê se tá tranquilo que vou chutar para Rondônia, entendeu.
O bilhete ainda cita “que já tão demais, tá na hora de dar uma resposta a altura, tenho dois carros, fexo se precisa (sic) (…) tô só ódio, zica, vamos para lutar” (sic), relata trechos do bilhete.
Descoberta
Um homem não identificado pela Polícia Civil morreu na madrugada de ontem (19) após atirar contra agentes penitenciários que estavam nas torres do Presídio de Segurança Máxima em Campo Grande. De acordo com a polícia, antes de ser morto, o suspeito tentou jogar aparelhos celulares para dentro do estabelecimento penal.
Conforme informações da Polícia Civil, por volta das 23h, um policial penal percebeu uma movimentação em um terreno baldio na Rua Bananal com a Rua Adventor Divino de Almeida. Ao observar os movimentos, deparou-se com dois homens tirando fotos dele.
Ao direcionar a lanterna aos suspeitos, o agente foi surpreendido com tiros. O policial revidou e atirou contra os homens, que continuaram a troca de tiros.
Outro policial penal que estava de plantão ouviu os tiros e foi verificar o que estava acontecendo. Ele ajudou o companheiro que atirou contra os suspeitos, os quais conseguiram fugir em seguida.
Outro servidor que também estava de plantão ouviu o barulho do tiroteio e foi verificar o que estava acontecendo. Ao perceber a troca de tiros, ele também disparou contra os homens. Na sequência, os bandidos fugiram
Ao Correio do Estado, o presidente do Sindicato dos Policiais Penais de Mato Grosso do Sul (SINSAPP-MS), André Luiz Santiago, disse que vai cobrar posicionamento da Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública) e da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) sobre a questão de segurança no Estabelecimento Penal de Segurança Máxima.
“Fomos hoje à Máxima e estamos acompanhando a situação. Há uma suspeita de que foi um atentado e até o momento eles não tiveram nenhuma coragem de nos dar uma resposta. Se realmente foi atentado, o caso foi uma afronta à segurança pública do Estado.
Preocupado com a segurança dos policiais penais, o presidente do Sinsapp disse que espera por uma atitude da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) sobre o atentado.
“Sorte é que os profissionais tiveram êxito e atuaram com eficiência, mas a história poderia ter sido muito mais grave. A minha única dúvida é, a Agepen vai esperar o óbito de um policial penal para tomar atitude?”, explanou.
Em nota, a Agepen relatou que o serviço de inteligência está apurando as circunstâncias do ocorrido para tomar providências. .
“A Agepen tem adotado uma série de medidas para reforçar a segurança no local, entre elas a instalação de rolamentos sobre os pavilhões, já em andamento, com o objetivo de coibir arremessos de ilícitos nos pátios”
Ainda em nota, a Agepen relata que os agentes iniciaram um treinamento de defesa e combate nas torres do presídio para melhorar a segurança deles e do estabelecimento penal.
“Além disso, por meio de sua Escola Penitenciária, e com o apoio de instrutores do Sistema Penitenciário Federal, a Agepen já deu início a um treinamento de Plano de Defesa – Combate em Torre, a exemplo do que foi feito na Penitenciária da Gameleira 1, justamente para ações pontuais em situações semelhantes. Os servidores já receberam a parte teórica e agora farão a parte prática do treinamento.”
Morte
Na madrugada de domingo, Milton Cezar Santos de Souza, 35 anos, foi morto pelos policiais do Batalhão de Choque após ser abordado na Rua Adventor Divino de Almeida, no bairro Jardim Noroeste.
Conforme informações da polícia, o suspeito seguia a pé, quando houve troca de tiros com os policiais do Batalhão de Choque. Em tentativa de abordagem, houve troca de tiros e o suspeito foi atingido.
Ao ser atingido por tiros, foi socorrido pelos policiais e encaminhado até a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Nova Bahia, mas não resistiu aos ferimentos, morrendo no local.
Conforme informações policiais, Milton Cezar, mais conhecido como CEzinha, é acusado de estuprar e matar uma mulher em junho de 2022.
Telas são instaladas para tentar evitar “arremesso de drogas”
Em mais uma fase de obras, na tentativa de inibir lançamento de drogas e celulares, no presídio Jair Ferreira de Carvalho, popularmente conhecido como Máxima de Campo Grande, está recebendo a instalação de telas sobre pavilhões e solários.
A medida vem sendo tomada pela Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário de Mato Grosso do Sul (Agepen), para tentar inibir a prática de entrada de drogas ou aparelhos celulares por cima dos muros, que são costumeiramente arremessados.
As instalações do muro iniciaram após a morte de Milton Cezar Santos de Souza, 35 anos, depois de ser flagrado arremessando drogas para dentro do presídio de segurança máxima de Campo Grande.
O caso abriu mais uma crise entre o Sindicato dos Policiais Penais de Mato Grosso do Sul e a Agepen, que vem cobrando atitudes da Secretária de Segurança Pública para reforçar a segurança do local.