Mãe e padrasto são acusados pela morte da menina, que ocorreu em janeiro de 2023, e sentarão no banco dos réus daqui a 15 dias
Após o julgamento ser adiado por três vezes, daqui a 15 dias, os réus Stephanie de Jesus da Silva, de 24 anos, e Christian Campoçano Leitheim, de 26 anos, mãe e padrasto de Sophia Ocampo, serão julgados em júri popular que terá o mesmo aparato do “júri do século” de Jamil Name Filho, o Jamilzinho.
De acordo com a decisão do juiz Aluizio Pereira dos Santos, a organização do júri popular do caso Sophia será feita nos moldes dos dois julgamentos de Jamilzinho, pelas mortes de Matheus Coutinho e Marcel Colombo.
O pleito acontecerá nos dias 4 a 5 de dezembro, no Tribunal do Júri de Campo Grande. Stephanie e Christian são acusados pela morte da Sophia de Jesus Ocampo, de 2 anos, crime enquadrado como homicídio qualificado por vítima menor de 14 anos.
O padrasto da vítima também foi denunciado por estupro de vulnerável, após exame necroscópico constatar a violência.
Assim como ocorreu no julgamento de Jamil Name Filho, foi solicitado reforço policial ao Comando-Geral da Polícia Militar, que deverá fazer a segurança interna e externa no Fórum.
Os réus foram intimados a comparecer presencialmente no júri. Christian Leitheim, que está preso no Instituto Penal de Campo Grande (IPCG), e Stephanie de Jesus da Silva, detida no Estabelecimento Penal Feminino de São Gabriel do Oeste, serão escoltados por agentes da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) ao Tribunal do Júri nas datas do julgamento.
Segundo a programação que consta nos processos, devem comparecer ao Tribunal, no dia 4 de dezembro, duas testemunhas de acusação do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), que atua no caso por meio da Vara da Infância e Juventude, e cinco testemunhas de defesa de Stephanie, além de outras cinco testemunhas de defesa de Christian.
Na mesma data, será feito o interrogatório dos réus Stephanie e Christian. Eles serão questionados pela acusação e a defesa sobre a morte de Sophia de Jesus Ocampo.
No dia 5 de dezembro, a partir das 8h, vão acontecer os debates dos advogados de defesa e da acusação, que devem seguir até a decisão do julgamento.
Anteriormente, o júri popular estava marcado para ocorrer nos dias 6, 7 e 8 de novembro. Depois, a pedido da Promotoria, foi adiado para 21 e 22 de novembro.
A defesa de um dos réus, no entanto, pediu que a data fosse alterada novamente, porque ele não poderia estar presente em função de uma viagem. Por isso, o júri foi remarcado para os dias 27 e 28 de novembro.
Novamente, a defesa se manifestou pedindo alteração de data em razão de ausência por conta de viagem e outra alteração foi feita, para os dias 4 e 5 de dezembro.
CONDENAÇÃO
Stephanie e Christian são acusados de matar Sophia, que foi levada sem vida para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Bairro Coronel Antonino, em Campo Grande, no dia 26 de janeiro de 2023. Eles já foram condenados pela morte de um cachorro da família, em 2022. O casal foi condenado a dois anos de prisão pela morte do animal.
De acordo com a denúncia de maus-tratos, o casal não buscou socorro veterinário para o cachorro Maylon, que foi deixado defecando sangue, sem alimento e amarrado com fio curto na área de serviço de casa. Dias depois desse ocorrido, o animal morreu e o caso foi denunciado.
Na sentença, o juíz Márcio Alexandre Wust julgou procedente a ação e condenou os réus a 2 anos de reclusão no regime inicial aberto, além de pagamento de 10 dias de multa. Em função desta condenação, o casal será julgado pela morte de Sophia sem a prerrogativa de réu primário, que poderia ocasionar, por exemplo, uma redução de pena, caso os dois sejam condenados.
CASO SOFIA
No dia 26 de janeiro de 2023, Stephanie de Jesus da Silva levou a pequena Sophia para a UPA Coronel Antonino, em Campo Grande. As enfermeiras que realizaram o primeiro atendimento constataram que a menina já estava morta quando chegou à unidade.
Após o ocorrido, um laudo da perícia constatou que a criança havia morrido sete horas antes de chegar à UPA, em razão de um traumatismo na coluna causado por agressão física. Além das diversas lesões no corpo, a criança apresentava, ainda, sinais de estupro.
Conforme o andamento da apuração do caso, foi constatado que, em 2 anos e 7 meses de vida, Sophia já havia passado por, pelo menos, 30 atendimentos em unidades de saúde.
Diante disso, órgãos públicos e o Conselho Tutelar de Campo Grande passaram a ser alvo de investigação e críticas, sob suspeita de negligência, já que, antes da morte da criança, foram notificados pelo pai da vítima sobre as condições em que a menina vivia sob a guarda da mãe.
SAIBA
Dentro do plenário e na área interna do Tribunal do Júri não será permitida a manifestação pública sobre o caso em julgamento, como o uso de vestimentas, cartazes, fotos ou frases sugestivas de condenação ou absolvição.