Em uma ousada empreitada para democratizar o acesso à arte e romper barreiras geográficas, o Grupo UBU de Teatro lança-se em uma jornada audaciosa pelo sul de Mato Grosso do Sul com o projeto UBU TRANS – Transformando Caminhos e Fronteiras. Após conquistar corações nas periferias de Campo Grande, a trupe agora parte com roteiro certo, rumo às cidades de Bela Vista, Ponta Porã, Laguna Carapã, Aral Moreira, Amambai, Coronel Sapucaia, Paranhos, Tacuru e Rio Brilhante, onde muitas vezes a arte é escassa e os teatros são raros.
Por lá, o Grupo UBU permanecerá por quase dez dias com apresentações teatrais para crianças e adultos, de 29 de abril até 7 de maio e por mais 9 dias com oficinas para professores de 8 a 16 de maio. Já na segunda-feira, dia 29 de abril, a trupe, composta de 7 artistas, aporta na região sul-fronteira. “Serão dias intensos em que iniciaremos os trabalhos na parte da manhã, sempre com a apresentação do espetáculo ‘Pelega e a Porca Prenha’, seguido da primeira parte das oficinas com os professores e, pela noite, a gente apresenta a segunda peça escolhida, ‘Uma Moça da Cidade’”, detalha o diretor do UBU e idealizador do projeto, Anderson Bosh.
Com financiamento do FIC – Fundo de Investimentos Culturais, o projeto UBU TRANS – Transformando Caminhos e Fronteiras tem um roteiro muito bem desenhado. Bela Vista será a primeira cidade a receber os artistas, no dia 29 de abril, segunda-feira. Em seguida, será Ponta Porã (30 de abril/terça-feira), Laguna Carapã (1º de maio/quarta-feira), Aral Moreira (dia 2/quinta-feira), Amambai (dia 3/sexta-feira), Coronel Sapucaia (dia 4/sábado), Paranhos (dia 5/domingo), Tacuru (dia 6/segunda-feira) e Rio Brilhante (dia 7/terça-feira).
O projeto que chama atenção pela itinerância tem também outro ponto valioso. É que por trás das cortinas, há um árduo e meticuloso trabalho de produção que torna tudo possível devido ao planejamento de logística para transportar cenário e figurino com toda a qualidade que exige o teatro, como explica a produtora e atriz, Nilce Maciel.
“São dois espetáculos de médio porte e levar todo o cenário e figurino para longe da capital exige organização e resiliência por parte de toda equipe para que nada seja esquecido seja na hora de sair da sede do Grupo UBU (Campo Grande) ou durante os vários dias entre uma cidade e outra”, explica Nilce que aprendeu a ver no processo da montagem do espetáculo, o espetáculo em si. “É uma parte que quase ninguém vê, que exige conhecimento e sincronia onde se materializa a iluminação, o cenário, a sonoplastia, o figurino, a maquiagem, e a magia da cena teatral, e fica tudo pronto para receber o público. E, são nesses momentos que é perceptível a importância de uma boa produção. Queremos que o público das cidades tenha a mesma qualidade e experiência de quem assistiu na Capital”.
Por falar em experiência, quem também valoriza ela é o ator de 26 anos, Edner Gustavo, considerado o mais jovem do elenco – tanto de idade como de tempo na companhia. “Rodar várias cidades da região de fronteira em tão pouco tempo é uma viagem na qual estou ansioso para embarcar. Embora eu tenha apenas 7 anos de teatro, sendo três dentro do Grupo UBU, cheguei a estar em cartaz em 5 espetáculos de uma só vez e foi uma loucura”, pontua ele que começou 2024 com agenda lotada. “Com 33 anos de existência, o UBU está com um projeto pela Funarte rodando Campo Grande, e, agora, iniciamos o FIC que vai ser uma verdadeira maratona exigindo dedicação de toda equipe. Mas, para além disso, o maior barato é o encontro com o público que muitas vezes verá uma peça de teatro pela primeira vez, porque a gente sabe as dificuldades das cidades mais distantes”.
Distância essa que foi a motivação para o diretor Anderson Bosh projetar o projeto “UBU TRANS – Transformando Caminhos e Fronteiras” para as cidades em faixa de fronteira.
“Se pela Funarte, em Campo Grande, temos o projeto com foco na empregabilidade para a comunidade LGBTQIAPN+ e acesso à cultura para comunidades periféricas, neste do FIC o nosso olhar é para a fronteira que nos noticiários é marcada pela violência. A gente quer promover através dos espetáculos que falam em suma sobre o amor, a convivência e a civilidade, uma abordagem em torno desta situação da violência, seja através de oficinas para professores de escolas públicas, ou com o público em geral das sessões – crianças, adultos, adolescentes, etc – nós vemos na potência da linguagem teatral ferramentas e mecanismos de além de promover a arte e cultura, importante instrumento motivador, provocador e facilitador do debate, consciência e abordagem desses conteúdos e realidades que achamos possíveis e almejamos mudanças para as novas gerações”.
O projeto “UBU TRANS – Transformando Caminhos e Fronteiras” conta com recursos do FIC, da FCMS – Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, instituição vinculada à Setesc – Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura, do Governo de Mato Grosso do Sul. Informações sobre a trupe de artistas e ao projeto acesse o Instagram (@grupoubu).
No elenco, os atores Anderson Bosh, Douglas Moreira e Edner Gustavo, na coordenação pedagógica do projeto Douglas Caetano, na coordenação e execução das oficinas (atividades lúdicas), Yasmin Froes, na produção e sonoplastia Nilce Maciel e na montagem e iluminação Nathalia Maluf.
“O interessante de editais como o FIC é que ele também movimenta um segmento de profissionais. Além da remuneração dos próprios artistas, há contador, assessoria de comunicação, arte finalistas, gráfica, além de hotéis, restaurantes, intérpretes de libras e carros de som contratados que são contratados nas localidades gerando movimento emprego e renda para diversos profissionais ligados à economia criativa. Daí a importância de políticas públicas como o FIC”, conclui Bosh.
Serviço:
Projeto “UBU TRANS – Transformando Caminhos e Fronteiras”
Bela Vista – Dia 29.04 (segunda-feira) – peça “Pelega” – às 10h – Escola Municipal Pedro Ajala – R. Pantaleão Ramos – s/n – bairro Água Doce.
Espetáculo “Uma Moça na Cidade” – às 19h – Cine São José – R. Antônio Maria Coelho – Centro.
Ponta Porã – 30.04 (terça-feira) – peça “Pelega” – às 14h – Escola Municipal Manoel Martins – R. Silvestre, 85 – bairro Granja.
Espetáculo “Uma Moça na Cidade” – às 19h – Escola Municipal João Carlos Pinheiro Marques – Vila Militar.
Lagoa do Carapá – 1º.05 (quarta-feira) – peça “Pelega” – às 16h e “Uma Moça na Cidade” às 19h, no Centro Social de Múltiplo Uso – Olinto Cassol – R. Erva Mate, 518 – Centro
Aral Moreira – 2.05 (quinta-feira) – peça “Pelega” – às 10h e “Uma Moça na Cidade” às 19h – Centro de Eventos Eliete Ferreira Bertoncello – R. 13 de Maio, quadra 16.
Amambai – 3.05 (sexta-feira) – peça “Pelega” – às 10h – Escola Marlene Vilarinho de Albuquerque – R. José Bonifácio, 4374 – Vila Cristina.
Espetáculo “Uma Moça na Cidade” – às 19h – Escola Estadual Indigena Mbo´eroy Guarani Kaiowá – Rodovia Amambai/Porã km 05, s/n Aldeia Amambai.
Coronel Sapucaia – 4.05 (sábado) – peça “Pelega” – às 10h 16h e “Uma Moça na Cidade” às 19h – Centro Educacional Cultural Professora Dorvalina de Oliveira Cabral – R. João Ponce de Arruda, 1313 – Jardim Ipê II.
Paranhos – 5.05 (domingo) – peça “Pelega” – às 16h e “Uma Moça na Cidade” às 19h – Quadra Esportiva José Ribeiro da Silva – R. João Ponce de Arruda – 1800.
Tacurú – 6.05 (segunda-feira) – peça “Pelega” – às 10h e “Uma Moça na Cidade” às 19h – Escola Municipal Professora Cecília Mutsumi Honda Perecin – R. Destéfani – 688 – Centro.
Rio Brilhante – 7.05 (terça-feira) – peça “Pelega” – às 10h – Escola Municipal Criança Esperança IV – R. Juviano Medeiros, 426 – Olímpico.
Espetáculo “Uma Moça na Cidade” – às 19h – Conviver – Centro de Convivência do Idoso José Alves De Barros – R. Caiuás, 232-286 – Morada do Sol.
Uma Moça na Cidade
“Uma Moça da Cidade” é antes de tudo uma ode ao amor e um importante mecanismo de reflexão crítica sobre as relações humanas em tempos de discurso de ódio e intolerância de seus próprios dirigentes, bem como, é um ambiente de denúncia e investigação do universo de exclusão a que o povo “nordestino-sul-mato-grossense” foi submetido. Além disso, o espetáculo traz à tona, a força que o desejo e o amor têm na vida dos sujeitos, emergindo reflexões sobre como tais sentimentos, são capazes de mudar nossa realidade.
Pelega e Porca Prenha
“Pelega e Porca Prenha – Episódio: Na Mata do Pequi”, conta a aventura fantástica dos irmãos sertanejos: Pelega e Porca Prenha; que se envolvem numa intriga na mata do Pequi, entre a Boca de Sapo, o Curupira e a Pisadeira, personagens da cultura popular brasileira (folclore).
Grupo UBU
O Grupo UBU – grupo de artes cênicas, originou-se na UFMS com o nome de “Grupo Teatral e Performático Monopólio Alface Negra” em 1991, e tornou-se “Cia Trupe de Teatro” em 1997 quando se desvinculou daquela instituição. Em 1999 titulou-se “República Cênica”, e assim permaneceu até meados de 1997 quando passou a se chamar Grupo UBU – Grupo de Artes Cênicas, perfazendo 33 anos de trajetória, sendo 21 do espetáculo “Pelega e Porca Prenha na Mata do Pequi”, 24 anos do espetáculo “Uma Moça da Cidade” e 27 deles como Grupo UBU.
Em seu currículo 16 espetáculos, 5 performances, 8 prêmios nacionais conferidos pela FUNARTE e Ministério da Cultura, temporadas em MS, MT, GO, SP e RJ, diversas premiações em festivais de teatro, a realização do 1º Festival Nacional de Teatro de Campo Grande em 1996, a constituição do marco “CTC – Casa Teatro Circo”, e inúmeras participações e contribuições em eventos, aparelhos e mecanismos públicos de incentivo, fomento e manutenção da atividade artística e cultural.