Um grupo de amigos e familiares marcou uma passeata em Anastácio, a 137 km de Campo Grande, para pedir Justiça sobre a morte de Wander Alves, conhecido como Dinho Vital.
Ele foi morto a tiros por policiais após discutir com o ex-prefeito Douglas Figueiredo, em uma confraternização que comemorou o aniversário de Anastácio, na última quarta-feira (8). O evento aconteceu em uma chácara localizada na BR-262, próximo à ponte do Rio Taquarussu.
O incidente foi registrado como homicídio decorrente de oposição e intervenção policial. Contudo, um grupo de amigos e familiares marcaram uma passeata, para a próxima quarta-feira (15), para pedir Justiça por Dinho Vital. Eles estão indignados sobre a forma como ocorreu a morte e não acreditam que houve confronto com os policiais, mas que o caso trata-se de uma execução.
A passeata está marcada para sair às 17h, na Praça de Eventos Arandú. Dinho Vital foi eleito como vereador em 2016, pelo DEM. Entretanto, perdeu nas eleições de 2020, ficando como suplente. Ele também já foi secretário de Planejamento de Miranda, em 2021. Nas últimas eleições municipais, em 2020, ele recebeu 264 votos, ficando como suplente do vereador Professor Aldo (PDT).
“Apenas Justiça. População de Anastácio e Aquidauana se juntaram (para a passeata)”, afirmou um dos apoiadores do evento.
Morte em chácara
A morte do ex-vereador de Anastácio e ex-secretário de planejamento de Miranda, Wander da Silva Vital, o Dinho Vital, de 40 anos, é tratada como execução pela classe política e por presentes na festa onde ocorreu briga entre Dinho e o ex-prefeito do município, Douglas Figueiredo, que precedeu a morte.
Boletim de ocorrência do caso foi registrado como ‘Homicídio decorrente de oposição a intervenção policial’, ou seja, confronto com a polícia. Porém, a Corregedoria da PM abriu procedimento para apurar o envolvimento dos dois PMs envolvidos, o sargento Valdeci Alexandre da Silva Ricardo e o cabo Bruno Cesar Malheiros dos Santos.
Fonte revelou ao Jornal Midiamax que Dinho foi atingido por dois disparos, sendo um nas costas, apontando para uma ‘morte violenta’ e sinônimo de execução pela dinâmica. Há ainda a informação de que vários tiros foram disparados contra Dinho.
No entanto, políticos e pessoas que estavam presentes no evento ouvidos pelo Jornal Midiamax não concordam com a tese da polícia. “Mataram com tiro nas costas, armaram tudo, a missão deles era matar o Dinho”, disse um político que estava na festa, mas pediu anonimato por também temer pela sua segurança.
Servidor público questiona o fato do ex-prefeito Douglas Figueiredo ter policiais militares como seguranças particulares. “Ele (Douglas) pode mandar matar qualquer um e falar que foi confronto”.
Conforme relatos de testemunhas, Dinho não estava armado na festa e, em nenhum momento, proferiu ameaças contra o ex-prefeito, Douglas.
O que dizem várias testemunhas diverge da versão oficial da polícia. Quem presenciou o crime afirma que os PMs à paisana que estavam armados e ao lado do ex-prefeito a todo momento o acompanhou para fora do local após a discussão. “O ex-prefeito estava a alguns metros do local da festa, não estava nem no trevo ainda, quando voltaram lá (os PMs) e mataram o cara”, pontua o político.
Outro ponto que gerou revolta da população foi o fato de que os PMs envolvidos na morte de Dinho ingeriram bebida alcoólica durante o evento e, assim, estariam sob efeito de álcool durante a execução.
Quem presenciou a briga afirmou que tudo não passou de uma discussão política, uma vez que os dois trabalharam juntos anteriormente. “Foi só uma discussão, ninguém tinha tirado arma, nem houve ameaça. Dinho chamava o ex-prefeito de corrupto, que não cumpriu com ele”, lamentou um político.
Defesa confirma ingestão de cerveja
A defesa dos PMs envolvidos confirmou que os dois ingeriram bebida alcoólica. “Os dois fizeram pouca ingestão e estavam completamente conscientes e orientados, ao contrário da vítima que estava agressiva, alterada e exaltada. No momento do fato, no fim da festa, não estavam sob efeito de álcool”, diz o advogado Lucas Arguelho Rocha.
Saiba mais: ‘A missão era matar’: políticos tratam caso de ex-vereador Dinho como execução em MS
Sobre as alegações de que teria sido uma execução e não um confronto, Lucas diz que a tese não procede. “O ex-vereador (Dinho) estava com armas em punho em direção aos mesmos (PMs), que se apresentaram como polícia e pediram para largar a arma em reiteradas repetições. Eles reagiram na questão de repelir a injusta e iminente agressão que sofreriam, de forma moderada”, afirma.
No entanto, não explicou o fato de um dos tiros ter sido disparado pelas costas de Dinho. “Sobre o tiro nas costas eu não tenho nada a esclarecer, pois a prova pericial não foi produzida ainda sobre quantos disparam foram. A investigação ainda não encerrou”, pontuou.
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