A Justiça do Trabalho de Mato Grosso do Sul deverá analisar as provas apresentadas pelas partes e proferir uma sentença
Um funcionário surdo da JBS, em Campo Grande, está travando uma batalha na Justiça do Trabalho contra a empresa, alegando discriminação e falta de acessibilidade. A ação, que corre desde julho deste ano, ganhou destaque após o depoimento da intérprete de Libras, Vitória Maria de Paiva Aquino, em audiência realizada na última segunda-feira (28).
Vitória, que também é filha de deficientes auditivos, revelou que o funcionário procurou sua ajuda devido às dificuldades enfrentadas no ambiente de trabalho. “Ele me relatou uma série de problemas, como a falta de um intérprete de Libras fixo e a dificuldade de comunicação com o RH”, contou.
Segundo a intérprete, a ausência de um canal de comunicação eficaz impede que o funcionário surdo compreenda os procedimentos de segurança e participe ativamente das atividades da empresa. “É uma situação que gera insegurança e frustração”, afirmou Vitória.
O advogado do funcionário, Davi Nogueira, apresentou à Justiça outras reclamações do trabalhador, como doenças ocupacionais relacionadas às atividades desempenhadas na função de desossador.
O caso do funcionário da JBS evidencia um problema mais amplo: a falta de acessibilidade para pessoas surdas no mercado de trabalho. Apesar de existirem leis que garantem os direitos dos deficientes, muitas empresas ainda não oferecem as condições adequadas para a inclusão desses profissionais.
“É fundamental que as empresas compreendam que a acessibilidade não é apenas um direito, mas também uma oportunidade de ampliar seus negócios e construir uma equipe mais diversa e inclusiva”, destaca Vitória.
A JBS ainda não se manifestou oficialmente sobre o caso. A empresa foi procurada pela reportagem, mas até o momento não houve retorno.
A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015) garante o direito das pessoas com deficiência ao trabalho em condições de igualdade com as demais pessoas, e determina que as empresas adotem medidas de acessibilidade para garantir a participação plena e efetiva dessas pessoas no mercado de trabalho.
A Justiça do Trabalho de Mato Grosso do Sul deverá analisar as provas apresentadas pelas partes e proferir uma sentença. O caso serve como um alerta para a importância de garantir a acessibilidade para pessoas com deficiência em todos os ambientes, inclusive no trabalho.