A clínica veterinária São Francisco, em Cuiabá, registrou um boletim de ocorrência contra a tutora de um cachorro da raça chow-chow, por ameaças e agressão verbal a um funcionário, na última sexta-feira (20). Essa mesma cliente procurou a polícia no mesmo dia para denunciar maus-tratos contra o animal.
Imagens adquiridas com exclusividade pelo Primeira Páginanesta quinta-feira (26), mostram cenas do episódio. (Veja vídeo abaixo)
A clínica nega os maus-tratos e afirma que tentou dar suporte à dona do animal assim que ela chegou no estabelecimento.
Segundo a denúncia, o cão foi agredido durante o banho no Pet Shop São Francisco. Em um vídeo publicado no TikTok, a tutora contou que teve acesso a parte das imagens das câmeras de segurança do estabelecimento, e diz que o tosador “espancou, torturou e arrancou a unha do cachorro”.
De acordo com a clínica, imagens das câmeras de segurança não mostram que o tosador tenha cortado as unhas do animal. Naquele mesmo dia, três cachorros de Débora receberam atendimento, e que, ainda segundo a Pet Shop, apenas um deles, teve as unhas aparadas.
O representante do petshop, que não terá a identidade divulgada, afirma que, caso o cachorro tivesse se machucado no local ou durante o transporte haveria muito sangue. Nas imagens não é possivel ver sangue e o animal aparenta estar tranquilo.
“Liguei imediatamente para a clínica, o diretor Cláudio me atendeu e falou que ia olhar o que aconteceu. Eu falei, então, olha por favor que eu estou indo aí. Chegando lá, eu quero olhar as imagens, ele me enrolou uns 60 minutos, mas deixou eu olhar as imagens“, afirma Débora no vídeo.
No entanto, a clínica diz que as imagens mostram a tutora sendo atendida menos de 10 minutos após ela chegar no local.
O representante do petshop conta que a tutora chegou exaltada no Pet Shop.
“Ela falado que tava sangrando, só que ela não deixou nenhum de nós, médicos veterinários, examinarmos a unha. Ela foi ver as imagens (das câmeras); o profissional de TI estava procurando a imagem, enquanto a noiva da tutora desceu com o dono da clínica para analisar a caixa de transporte”.
A clínica conta ainda que não havia vestígio de sangue na caixa em que o animal foi transportado para casa, após o banho.
O estabelecimento diz aguardou a análise de todos os fatos para vir a público.
Acusação de maus-tratos
“Eu vi o meu cachorrinho, o Sol, sozinho numa mesa com esse dosador apanhando. Ele levou uma escovada primeiro, primeiro ele levou uma escovada na costela, na altura do que seria a nossa costela. Depois ele já estava amarrado, o Sol era extremamente doce, o Sol estava todo encolhido na mesa. Ele estava amarrado já, pegou uma corda mais fina, o Sol já estava amarrado na coleira, encolhidinho na mesa. Ele pegou uma corda mais fina, ajustou o tamanho do pescoço do Sol e deu três arranques do Sol, tamanho de uns 50 centímetros, que a mesa se mexeu de um lado para o outro. O Sol se encolheu mais, depois ele pegou o Sol pelo rabo, levantou o Sol pelo rabo, e aí nessa hora eu parei de ver o vídeo, não consegui ver o vídeo mais”, diz a tutora no vídeo.
Ao ser questionada sobre as acusações, a clínica nega e explica que o uso da corda durante a tosa é um procedimento padrão para garantir a segurança do tosador e do animal, principalmente para um filhote de grande porte, como é o caso do Sol, da raça chow-chow.
“Tem pequenos (cachorros) que precisa colocar fucinheira. A corda vai servir para que o cão não caia da mesa, para que ele fique posicionado, mas ela não tem pressão tanto que se você olhar no vídeo, o cachorro tá na ponta da mesa, e a corda tem espaço”, explica.
No vídeo, o tosador aparece escovando o pêlo do animal com dificuldade. Em um determinado momento, ele registra a situação do pêlo do animal pela câmera do celular. Veja foto abaixo.
A clínica destacou ainda que a mesa utilizada para a tosa do animal é separada do espaço principal do pet shop por uma divisória de vidro, permitindo total visibilidade das atividades realizadas.
O estabelecimento aponta que as imagens das câmeras de segurança mostram que, em determinado momento da tosa, o chow-chow desequilibra as patas traseiras da mesa, momento em que o tosador o pega no colo, recoloca na mesa e continua a tosa. Tudo acontece muito rápido.
A clínica afirma que, apesar da queda, o animal não apresentou ferimentos e ficou tranquilo durante o restante da sessão. O estabelecimento explica ainda que o cachorro defecou durante o procedimento, momento em que o funcionário levanta o rabo do animal.
Em outro momento, durante a tosa higiênica, também foi necessário que o rabo fosse levantado, seguindo os protocolos padrões para esse tipo de serviço.
A denúncia de maus-tratos será investigada pela Delegacia Especializada do Meio Ambiente (Dema).
Agressão ao funcionário
No vídeo adquirido com exclusividade pelo Primeira Páginanesta quinta-feira (26) – veja abaixo – a tutora do chow-chow, Débora, e a mãe dela, aparecem gritando com o tosador.
Conforme relato do estabelecimento, após ver parte das imagens da tosa, Débora entra no espaço dos funcionários com a mãe, e ameaça o funcionário com um cabo de uma vassoura.
“Ela entra no pet com a vassoura, bate ela no chão, cospe no nosso colaborador. Ele ficou assustado sem entender o que estava acontecendo porque ele tinha terminado o serviço dele, e estava se preparando para ir embora”, relata a clínica.
Após o término da confusão, o pai da jovem apareceu no local e ameçou funcionários.
O tosador registrou um boletim de ocorrência por meio da Delegacia Digital. O caso será investigado.
Ameaça de morte
Com a onda de indignação gerada pelo vídeo nas redes sociais, a clínica também registrou um boletim de ocorrência referente a ameaças que está sofrendo por meio de ligações.
De acordo com o documento, registrado nessa quarta-feira (25), o estabelecimento tem recebido ligações de uma pessoa se identificando como “” ..familia”.
O áudio da ligação, que foi gravado e encaminhado à Polícia Civil, diz para o funcionário “ficar esperto, que está sendo monitorado..” e o interlocutor, diz ainda que vai mandar alguém na loja para atirar nos funcionários.
O suspeito afirma ser de uma facção criminosa e que a ameaça seria por causa do chow-chow, mencionado na reportagem.