A Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) informou que a Procuradoria Federal Especializada foi acionada para investigar a morte de Neri Guarani Kaiowá, de 18 anos, com tiros nesta quarta-feira (18), na Terra Indígena Nhanderu Marangatu, em Antônio João.
Em nota, a fundação lamentou a morte diante dos violentos ataques sofridos pela comunidade Guarani, categorizando como “brutalmente assassinado com um tiro na cabeça”.
“A Funai informa que já acionou a Procuradoria Federal Especializada para adotar todas as medidas legais cabíveis e está comprometida em garantir que essa violência cesse imediatamente e que os responsáveis por esses crimes sejam rigorosamente punidos. O conflito também tem sido monitorado por meio da CR-PP (Coordenação Regional em Ponta Porã)”, diz o comunicado.
Ainda, o órgão indigenista ressalta que reuniu com o juiz responsável pelo caso, solicitando providências urgentes sobre a atuação da polícia na área. Em diálogo com a Secretária de Segurança Pública de Mato Grosso do Sul, a instituição reafirmou a orientação de que não deve haver qualquer medida possessória contra os indígenas da Terra Indígena Nhanderu Marangatu.
Na última terça-feira (17), a Funai realizou uma reunião com diversas instâncias, incluindo a CR-PP, a DPT (Diretoria de Proteção Territorial), a CGID (Coordenação-Geral de Identificação e Delimitação), a Procuradoria Federal Especializada junto a Funai, a Consultoria Jurídica do Ministério dos Povos Indígenas e a PGF (Procuradoria-Geral Federal). Na oportunidade, foram definidos encaminhamentos urgentes, como a solicitação da presença constante da Força Nacional na área.
Diante da gravidade dos fatos, a Fundação está preparando nova atuação perante o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3), a fim de se garantir a proteção da comunidade indígena.
“A Fundação reitera que tais atos são inaceitáveis e que está mobilizando todos os esforços para salvaguardar os direitos e a segurança dos povos indígenas da região. A Funai segue firme no compromisso de garantir os direitos e a segurança dos povos indígenas, reafirmando a urgência de medidas para interromper a violência e proteger a Terra Indígena Nhanderu Marangatu”.
Confrontos
Uma indígena, de 32 anos, ferida a tiros durante conflito com a PM (Polícia Militar) na região da fazenda Barra, em Antônio João, corre risco de perder a perna.
Ela está internada desde quinta-feira (12) quando houve o conflito enquanto a comunidade ocupava a região. Os indígenas atearam fogo em uma ponte e os agentes atiraram com bala de borracha para impedir a entrada na fazenda.
Durante o conflito na região, dois indígenas foram presos, mas foram liberados neste domingo (15), conforme informou o Cimi (Conselho Indigenista Missionário).
Ponte destruída
Anteriormente, havia sido dito que os militares teriam sido feito de reféns, mas a ponte incendiada é que teria deixado os policiais ilhados, assim como o dono da fazenda Barra Mansa. Durante o conflito, pelo menos um indígena acabou ferido a tiros de bala de borracha e foi encaminhado para o hospital da cidade.
O dono da fazenda, alvo da ocupação dos índios, registrou um boletim onde ele afirma que a sua propriedade estava sendo incendiada e que o incêndio seria criminoso provocado por alguns índios. O registro da ocorrência foi feito no dia 10 deste mês, na última terça-feira.