Uma série de fortes explosões foi vista próximo ao aeroporto de Beirute, capital no Líbano, na madrugada de sexta-feira (4), pelo horário local — noite de quinta-feira (3), no Brasil. O ministro dos Transportes do Líbano afirmou que as explosões foram provocadas por um ataque israelense.
O site Axios, citando fontes militares de Israel, disse que o alvo do ataque seria Hashem Safi al-Dinum dos chefes do Hezbollah. Ele é visto como um dos favoritos a se tornar o número 1 do grupo extremista, após a morte de Hassan Nasrallah. O paradeiro de Safi al-Din é desconhecido.
É possível ver um avião comercial pousando no aeroporto instantes antes da série de explosões na região.
As explosões acontecem em meio às tentativas de retiradas de cidadãos estrangeiros do Líbano. O Brasil, por exemplo, aguarda autorização para pousar uma aeronave em Beirute e resgatar brasileiros. A previsão era de que um voo da FAB chegasse ao Líbano na sexta-feira.
Antes das explosões, o chanceler Mauro Vieira disse que a retirada de brasileiros poderia ser adiada, “se houver algum episódio que não permita a aterrissagem”. O g1 perguntou para o Itamaraty se o ataque desta sexta-feira causará mudanças na operação e aguarda retorno.
Testemunhas ouvidas pela Reuters afirmaram que ouviram jatos sobrevoando a região do aeroporto de Beirute, na madrugada de sexta-feira. Imagens mostram aviões comerciais pousando no terminal pouco antes das explosões. Veja no vídeo acima.
Nos últimos dias, Israel lançou uma série de ataques aéreos contra alvos do Hezbollah em Beirute. Os militares também mantêm uma frente de batalha no sul do país, na região de fronteira.
Até a última atualização desta reportagem Israel não havia se pronunciado sobre o novo ataque na região de Beirute.
Em duas semanas, ataques israelenses em todo o território libanês provocaram 1,9 mil mortes. Somente nesta quinta-feira, 37 pessoas foram mortas e 151 se feriram em ataques, de acordo com o Ministério da Saúde do Líbano.
Fumaça e chamas no sul de Beirute em 3 de outubro de 2024. — Foto: REUTERS/Amr Abdallah Dalsh
Entenda o conflito
Israel disse que está fazendo uma operação militar contra o grupo extremista Hezbollah. Embora tenha atuação política no Líbano, a organização possui um braço armado com forte influência no país. Além disso, o Hezbollah é apoiado pelo Irã e é aliado dos terroristas do Hamas.
Os extremistas têm bombardeado o norte de Israel desde outubro de 2023, em solidariedade aos terroristas do Hamas e às vítimas da guerra na Faixa de Gaza.
Nos últimos meses, Israel e Hezbollah viveram um aumento nas tensões. Um comandante do grupo extremista foi morto em um ataque israelense no Líbano, em julho. No mês seguinte, o grupo preparou uma resposta em larga escala contra Israel, que acabou sendo repelida.
Mais recentemente, líderes israelenses emitiram uma série de avisos sobre o aumento de operações contra o Hezbollah. O gatilho para uma virada no conflito veio após os seguintes pontos:
- Nos dias 17 e 18 de setembro, centenas de pagers e walkie-talkies usados pelo Hezbollah explodiram em uma ação militar coordenada.
- A imprensa norte-americana afirmou que os Estados Unidos foram avisados por Israel de que uma operação do tipo seria realizada. Entretanto, o governo israelense não assumiu a autoria.
- Após as explosões, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, disse que estava começando “uma nova fase na guerra”.
- Enquanto isso, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prometeu que levará de volta para casa os moradores do norte do país, na região de fronteira, que precisaram deixar a área por causa dos bombardeios do Hezbollah.
- Segundo o governo, esse retorno de moradores ao norte do país só seria possível por meio de uma ação militar.
- Em 23 de setembro, Israel bombardeou diversas áreas do Líbano. O dia foi o mais sangrento desde a guerra de 2006.
- Em 27 de setembro, Israel matou o chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, por meio de um bombardeio em Beirute.
- Israel lançou uma operação terrestre no Líbano “limitada e precisa” contra alvos do Hezbollah, no dia 30 de setembro.
- Em 1º de outubro, o Irã atacou Israel como resposta à morte de Nasrallah e outros aliados do governo iraniano.
Fonte: g1/ML