Com sede em Campo Grande, onde tem mais 20 supermercados, e presente também em Dourados, o Grupo Pereira anunciou nesta semana investimentos de até R$ 2,7 bilhões nos próximos três anos em Mato Grosso do Sul, no Distrito Federal e nos outros cinco estados nos quais atua.
O anúncio, conforme o jornal catarinense NSC Total, foi feito durante evento para comemorar os 25 anos do atacarejo Fort Atacadista, na cidade catarinense de Joinville, região onde começaram os negócios da família, há 62 anos.
Hoje com 94 lojas das bandeiras Comper (31), Fort Atacatista (60) e Bate Forte (3), a empresa pretende abrir mais 40 nos próximos três anos. Conforme anúncio do comando do grupo, a previsão é manter o atual ritmo de expansão, com média de 12 novas unidades por ano.
Assim, os investimentos anuais do grupo vão variar de R$ 700 milhões a R$ 900 milhões, totalizando de R$ 2,1 bilhões a R$ 2,7 bilhões nos próximos três anos.
A expansão do grupo regional, que tem 11 lojas Comper e dez Fort Atacadista em Campo Grande, ocorre no mesmo período em que gigantes mundiais do setor fecharam as portas por aqui, como é o caso das redes Extra, Makro e Wal Mart.
Em Campo Grande, onde reside o presidente, o grupo Pereira está instalado hoje em pelo menos três endereços onde antes funcionavam lojas das redes multinacionais Wal Mart e Makro.
Negócio familiar
O grupo Pereira é controlado por seis acionistas, todos irmãos (Inácio, Manoel, Irani, Ivani, João e Beto), filhos dos fundadores Ignácio e Hiltrudes Pereira. Atualmente, é a sétima maior rede de supermercados do Brasil e o presidente, Beto Pereira, reside em Campo Grande, onde também é a sede dos negócios.
“Os 25 anos do Fort Atacadista são uma data memorável, um quarto de século como número, mas uma história muito importante dentro dos 62 anos do Grupo Pereira. Essa parte dos 25 do Fort é relevante porque foi quando o Grupo Pereira tomou outra dimensão, ampliou a multicanalidade, um novo negócio de sucesso, expandiu para o Centro-Oeste do Brasil e se tornou um player relevante nacional”, afirmou Beto Pereira durante o evento.
Um dos diretores do grupo, Lucas Pereira Santiago, da terceira geração da família (filho de Irani Pereira) fez projeções para o futuro. “Anunciamos 40 lojas até 2027. O grupo dobra de tamanho a cada cinco anos. Então, nossa projeção é crescer aproximadamente 20% ao ano e essa expansão no número de lojas visa alcançar esse crescimento”.
Embora tenha pretensões de alcançar novos mercados, deixou claro que pretende investir nas regiões onde já está. “Nós vamos crescer nos mesmos estados em que já atuamos. Nossa estratégia é consolidar liderança em Santa Catarina, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e crescer em mais dois estados novos que escolhemos, o Rio Grande do Sul e São Paulo”, afirmou Lucas.
Junto com as novas lojas, o Grupo Pereira também vem ampliando o número de empregos diretos. De acordo com Lucas Pereira, o grupo deve encerrar 2024 com quase 22 mil colaboradores. Com as lojas dos próximos anos, chegará a 27 mil empregos diretos.
“Eu diria que qualquer empresa tem que reverter parte do que ganha para a sociedade de onde vem o ganho dela. Então é uma conta justa reinvestir onde você ganhou. Isso gera prosperidade. E prosperidade acontece quando todos melhoram, quando há justiça social”, afirmou o presidente Beto Pereira.
Entre os maiores
No comércio de alimentos desde 1962, quando foi fundado em Itajaí, o Grupo Pereira é o sétimo maior do país no setor de supermercados. Segundo o ranking anual da Abras, a associação brasileira do setor, o Grupo Pereira alcançou em 2023 faturamento de R$ 13,2 bilhões. Atualmente, está presente em seis estados e no Distrito Federal, somando 123 unidades de negócios.
Além de 94 supermercados, tem 21 lojas da rede de farmácias SempreFort, um Broker distribuidor Nestlé, cinco agências de viagens e dois postos de combustíveis. Os atacarejos respondem por 70% da receita atual da companhia
Hoje a empresa tem lojas em Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Rio Grande do Sul, São Paulo e no Distrito Federal.
A expansão para o Centro-Oeste ocorreu nos anos 1980, por causa das enchentes que afetaram Santa Catarina.À época, o fundador do Grupo, já falecido, que 20 anos antes tinha percorrido vários Estados vendendo secos e molhados, se encantou com o Centro-Oeste e o potencial da região como supridora de grãos.
Com os estragos provocados pelas enchentes, a decisão foi fincar bandeira em Campo Grande (MS) – local onde está a sede atual da empresa -, depois Cuiabá (MT) e no começo da década de 1990, em Brasília.
Nova tendência
No últimos anos, grupos regionais ganharam musculatura em sua área de origem e expandiram territorialmente para outros Estados, com vários formatos de loja, conforme explicou Eugênio Foganholo, sócio da Mixxer Desenvolvimento Empresarial, em reportagem publicada pelo jornal Estadão.
“Esses grupos regionais são antenados com o que está acontecendo no mercado.”
O consultor observa que, 20 anos atrás, quem liderava esse processo de expansão eram as gigantes nacionais, como Carrefour e Pão de Açúcar (GPA). No entanto, hoje esse processo está sendo puxado pelas regionais. “Elas se profissionalizaram, cresceram e se tornaram mais relevantes não só no mercado, mas também para os fornecedores”, observa.
Entre os expoentes dessa nova tendência, Foganholo aponta o Grupo Mateus, forte no Norte Nordeste, que abriu capital em 2021, a rede Savegnago, líder no interior do Estado de São Paulo, e o Grupo Pereira.