Renan da Silva foi impedido de atear fogo na esposa pelo filho de 15 anos; mulher é deficiente física em decorrência de dois AVC’s
Procurado por tentar matar a esposa durante a noite do último sábado (8), em Dourados, município localizado na região sul do Estado, Renan da Silva Soares, de 33 anos, morreu na noite de ontem (9), em um confronto com a Polícia Militar.
Renan teria enforcado, jogado álcool, tentado atear fogo e espancado sua esposa, deficiente física, e por isso era procurado pela Polícia, que foi acionada após a tentativa de feminicídio.
O homem fugiu durante todo o dia, mas à noite foi localizado pelos policiais próximo à ponte que dá acesso ao bairro Estrela Porã.
Conforme apurado pelo repórter Osvaldo Duarte, que fez uma transmissão ao vivo do local, o homem reagiu à abordagem policial, sacando um revólver calibre 38 e efetuando disparos. Os policiais militares dispararam de volta, e Renan foi baleado.
Ele chegou a ser socorrido, mas morreu antes de chegar ao Hospital da Vida.
Tentativa de feminicídio
A tentativa de feminicídio, que aconteceu por volta das 23h na região do Parque do Lago I, foi comunicada à Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário de Dourados na manhã deste domingo (9).
Segundo a Polícia, Renan teria enforcado a esposa, com que conviveu por 17 anos, deixando-a sem ar. Em seguida, o homem teria derramado álcool na cabeça da vítima, e saído a procura de um fósforo com objetivo de atear fogo na vítima. Contudo, ele foi impedido pelo filho de 15 anos. Na sequência, ainda espancou a vítima. Segundo relatado pela própria vítima, a sessão de espancamento durou cerca de três horas em diversos cômodos da casa, finalizando no quintal do imóvel.
A vítima é deficiente física, e tem falta de mobilidade total do lado direito, em decorrência de dois Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC’s).
Em depoimento, a mulher relatou que se defendeu mordendo o dedo do agressor, e que saiu da residência acompanhada do filho, para pedir ajuda na casa da irmã. A Polícia Militar e a Polícia Civil foram acionadas.
“Após a vítima prestar declarações sobre os fatos, a autoridade policial plantonista, delegado Marcos Soares, juntamente com dois investigadores, foram ao local onde ocorreu os fatos, na tentativa de capturar o agressor. Todavia, naquela ocasião, ele já havia tomado rumo ignorado, e, conforme testemunhas, ele teria fugido pelos fundos da residência, adentrado em uma mata.
Diante da gravidade dos fatos e em decorrência de se tratar de crime contra mulher, praticado no contexto doméstico, comunicou-se à Delegacia de Atendimento à Mulher (DAM) de Dourados. Na sequência, a delegada Thays Bessa aciono a Seção de Investigações Gerais (SIG), sob chefia do delegado Erasmo Cubas, e as demais forças de segurança pública – Polícia Militar e Guarda Municipal – com escopo de capturar o autor”, diz nota da Polícia Civil.
Segunda morte em confronto em menos de uma semana
Conforme noticiado anteriormente pelo Correio do Estadona última segunda-feira (3), um jovem de 19 anos, identificado por Lucas Manaca, morreu após um confronto com equipes do Batalhão de Choque da Polícia Militar do Mato Grosso do Sul, no Jardim Itamaracá, em Campo Grande.
Mato Grosso do Sul já soma 40 óbitos por intervenção de agentes do Estado em 2024.
As vítimas fatais eram em maioria homens (33), sendo que 6 das vítimas não tiveram o sexo informado. Quanto à idade, a maioria dos óbitos foram de jovens (21) entre 18 e 29 anos; seguida por adultos (9) de 30 a 59 anos; adolescentes (3) de 12 a 17 anos; e um idoso, de idade superior a 60 anos. Do total de registros, cinco não informaram a idade da vítima.
O índice deste ano é 35,4% inferior ao registrado nos primeiros seis meses do ano passado, quando 57 pessoas haviam sido mortas pela polícia.
Vale lembrar que 2023 foi recorde em mortes causadas por agentes de Estado em Mato Grosso do Sul, com 131 mortos de janeiro a dezembro, quantidade 156,8% superior ao registrado em 2022, quando 51 foram mortos.
Em 2023, a maioria dos mortos em confronto com a polícia foram homens (93,8%); com relação a idade, a maioria era jovem (54,9%) de 18 a 29 anos.
Os dados são da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul (Sejusp).