Mesmo após as máquinas retirarem as traves e revirarem a terra do campinho, o organizador Mario Ajala permanecia observando o local
Osvaldo Sato –
O Campo do Terrinha, localizado na região do bairro Santo Amaro, foi palco de momentos inesquecíveis para milhares de pessoas. Mantido por Mário Ângelo, o Ajala, o campeonato de futebol amador promovido nesse espaço se consolidou como um dos torneios mais tradicionais da cidade, reunindo famílias, amigos e atletas apaixonados pelo esporte.
Na terça-feira (12), o terreno que abrigou tantas histórias e talentos passou por uma grande transformação. Uma patrola foi passada sobre o campo, removendo as traves de gol e revirando a terra. O que era um campo de várzea, onde a paixão pelo futebol amador unia gerações, agora é apenas uma lembrança. A decisão do proprietário da área, que optou por realizar a obra no local, pegou muitos de surpresa, incluindo o próprio Ajala, que por mais de duas décadas promoveu o uso esportivo daquele espaço.
Visivelmente emocionado, Ajala observava o que restou de um campo que foi o centro das suas atividades durante tantos anos. “Foram 23 anos organizando esse campeonato, cuidando do Terrinha. Este campeonato foi uma glória para nós, sempre neste palco, onde já fomos reconhecidos até nacionalmente”, afirma.
A história do Campeonato do Terrinha não é apenas sobre futebol, mas de uma comunidade que se formou ao redor do campo. Os campeonatos recebiam atletas de todas as idades. Muitos jovens começavam ali e depois retornavam como veteranos.
Ajala buscou que Prefeitura assumisse a área
O futuro do campo sempre esteve em discussão, e por mais de uma década, Ajala tentou sensibilizar os prefeitos da cidade para que assumissem a responsabilidade pela manutenção do espaço. Sua ideia era transformar o Campo do Terrinha em um centro esportivo completo, com praças, quadras, pista de caminhada e, claro, o campo de futebol. No entanto, essa proposta nunca foi atendida.
Ajala lamenta: “Eu tentei por duas vezes que os prefeitos assumissem a área, porque poderia se transformar em uma praça excelente para a comunidade. Mas, infelizmente, a política da cidade não deu atenção a essa região tão carente, que é uma das mais antigas da cidade.”
A falta de interesse das autoridades municipais resultou na perda de um patrimônio da comunidade, que viu no Campo do Terrinha um lugar para a prática esportiva, o lazer e a integração social.
A emoção de um legado
“Agora acabou”, diz Ajala, resignado, mas com um brilho nostálgico nos olhos. “É uma pena, mas é algo que será lembrado para o resto da vida. Foi palco para muitos que passaram por aqui, desde crianças até adultos que, hoje, são pais e voltam para jogar no veterano. Não vamos esquecer nunca mais.” Ele se refere com carinho a tantos jogadores que ali começaram sua trajetória no futebol, muitos dos quais, com o tempo, passaram a retornar para jogar no time dos veteranos.
A perda do campo também representa o fim de um projeto que se estendia para o futuro. Nos últimos anos, Ajala estava planejando incluir o futebol feminino nas competições do Terrinha, com a promessa de uma grande abertura para o campeonato de 2024. Infelizmente, com o fim do campo, esse sonho foi interrompido.
Com o campo sem condições de uso, o que permanece é a memória coletiva de um dos mais importantes pontos de encontro da cidade. O que ficou foi mais do que um campo de futebol. Ficou uma comunidade unida, com um legado de paixão pelo esporte e a certeza de que, embora o espaço físico tenha se transformado, o espírito do Campeonato do Terrinha não será apagado.
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