InícioCidadesFeirantes dividem histórias de trabalho, resistência e convivência em meio a rotina

Feirantes dividem histórias de trabalho, resistência e convivência em meio a rotina

Feirantes dividem histórias de trabalho, resistência e convivência em meio a rotina

Com o dia ainda escuro, antes mesmo das 5h da manhã, a movimentação já começa na maior parte das feiras de Dourados. Enquanto os primeiros consumidores formam fila, os feirantes organizam suas bancas, recheadas de cores, aromas e sabores.

Mas, por trás das barracas, há mais do que um simples comércio: existem histórias de vida, tradição e resistência.

O Dourados News percorreu duas dessas feiras para contar um pouco da vida de alguns personagens.

Antônio da Melancia: meio século de feiras e um legado familiar

Na Feira do BNH 1º Plano, que ocorre toda quarta-feira, das 6h às 22h, encontramos um dos personagens mais conhecidos desse cenário: Antônio da Silva, ou, como prefere ser chamado, “Antônio da Melancia”. Aos 68 anos, ele carrega nas mãos e na memória a experiência de quem vive das feiras há mais de meio século.

Com um sorriso fácil e muita disposição, Antônio atende não apenas no 1º Plano, mas também nas feiras do Parque Alvorada e Central. Entre frutas e verduras, ele relembra com saudade os tempos em que as feiras tinham mais força, antes da concorrência dos grandes mercados. “Os mercados conseguem fazer um preço melhor, mas a qualidade dos nossos produtos é diferente”, afirma.

Apesar dos desafios, para ele, a feira nunca foi apenas um negócio. “Mesmo sem o mesmo retorno de antes, esse espaço é minha paixão, um passatempo. Conheço gente nova, converso, e isso não tem preço”.

Além disso, seu orgulho maior é ver os filhos dando continuidade ao trabalho que começou há décadas.

Se no passado eram apenas dois caminhões, hoje a família gerencia uma frota inteira. “A maior herança que posso deixar é o valor do trabalho e da perseverança”, diz.

Mas nem tudo são flores. Antônio lamenta a falta de união entre os feirantes, que, segundo ele, ainda veem uns aos outros como concorrentes, em vez de aliados. “Se a gente trabalhasse junto, teríamos mais força”, desabafa.

Recomeços e novos aprendizados

Se de manhã a feira é dominada pelo ritmo frenético dos comerciantes experientes, no período da tarde, quando o movimento ainda é tímido, há espaço para histórias de recomeços.

Na Praça do Parque Alvorada, onde a feira acontece toda quinta-feira, das 6h às 22h, encontramos o senhor Bronzati. Com o carro estacionado próximo à sua barraca, ele conversava animadamente com uma colega feirante, enquanto deixava as peças de artesanato expostas – tábuas, suportes para flores, cestos e outros itens feitos à mão.

Diferente do Antônio da melancia, Bronzati não passou a vida inteira na feira. Durante 30 anos, trabalhou em uma empresa de máquinas e ferragens, mas após uma cirurgia no coração e a aposentadoria, percebeu que ainda tinha muito a aprender.

Foi assim que, há um ano, descobriu o artesanato e, mais do que isso, a alegria de estar na feira.

“Aqui eu me mantenho ativo, converso, conheço histórias diferentes e me divirto”, conta.

Ao lado dele, Fernanda Melo, vendedora de leite, queijos e doces, compartilha do mesmo sentimento. “A feira é uma terapia e um lugar de reencontros”, diz.

A tradição da garapa e a resistência das feiras

Outro personagem que encontramos foi João Airton, vendedor de garapa há cerca de 20 anos. Enquanto manuseava um carrinho com os bagaços da cana, ele refletia sobre a mudança no perfil dos consumidores.

“Os mercados cresceram, mas a feira ainda resiste porque tem o essencial: qualidade. E, além disso, muitos clientes buscam produtos orgânicos”, destaca.

A rotina dos feirantes de Dourados é desafiadora, mas eles seguem firmes, preservando um espaço que vai além das vendas.

Nas feiras, as histórias se entrelaçam, o trabalho se torna parte da identidade de cada um, e o contato com o público mantém viva uma tradição que, apesar dos obstáculos, segue forte.

Cronograma das feiras de Dourados

Terça-feira – Parque dos Ipês – 16h às 22h

Quarta-feira – BNH 1º Plano e Praça Cinquentenário – 6h às 22h

Quinta-feira – Parque Alvorada – 6h às 22h

Sábado – Feira Central João Totó Câmara – 6h às 22h

Domingo – Feira Central João Totó Câmara – 6h às 12h

Foto I: Antônio da Melancia

Foto II: bronzeado

Fonte: Dourados News

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