Uma farmácia localizada no bairro Tijucal, em Cuiabá, foi o centro de um esquema milionário de lavagem de dinheiro operado por uma facção criminosa de Sinop.
As investigações, que levaram à deflagração da segunda fase da Operação Follow the Money nesta terça-feira (10), apontaram que o estabelecimento movimentou R$ 9 milhões em apenas dois anos.
A análise financeira revelou que os valores de entrada e saída de capital eram praticamente iguais, um forte indício de que a farmácia era usada para mascarar recursos ilícitos do tráfico de drogas.
Prisões e bens sequestrados
A ação da Polícia Civil resultou na prisão da proprietária da farmácia, que já havia sido alvo na primeira fase da operação, em março deste ano.
Desta vez, ela foi detida por ordem da 5ª Vara Criminal de Sinop. Também foram presos o irmão e a cunhada do líder da facção, que está preso em uma penitenciária estadual.
Segundo a polícia, o casal recebia ordens diretamente da cadeia para gerenciar negócios ilícitos, incluindo a compra de imóveis em nomes de terceiros.
Entre os bens sequestrados estão 11 imóveis, como quitinetes, casas em construção e uma chácara em Sinop, além de dois imóveis em Altamira, no Pará. Veículos e cotas de uma empresa também foram confiscados, totalizando R$ 10 milhões em bens bloqueados nesta segunda fase.
Investigação revela estrutura do esquema
O delegado Victor Hugo Caetano, da Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (Derf) de Sinop, explicou que as investigações começaram há dois anos, após a apreensão de um carregamento de 400 tabletes de maconha.
A partir daí, a polícia desvendou um esquema sofisticado de lavagem de dinheiro que usava tanto empresas fantasmas quanto reais para dar aparência legal ao dinheiro do tráfico.
O núcleo financeiro da facção era responsável por movimentar os recursos, adquirindo bens e financiando o luxo dos familiares dos líderes.
Na primeira fase da operação, 17 contas bancárias foram bloqueadas, sete veículos apreendidos e a farmácia teve suas atividades suspensas. Os medicamentos apreendidos, avaliados em R$ 190 mil, foram doados à Secretaria Municipal de Saúde.
Desdobramentos da operação
Nesta nova etapa, 20 mandados judiciais foram cumpridos em Sinop, Cuiabá e Altamira. A Polícia Civil reforçou que o objetivo é desmantelar completamente a rede de lavagem de dinheiro e enfraquecer a estrutura financeira da facção criminosa que opera na região.
O caso da farmácia, usada como fachada para o crime, ilustra o nível de sofisticação e planejamento das organizações criminosas. Com o avanço das investigações, as autoridades esperam identificar outros possíveis envolvidos e ampliar o alcance das ações contra o tráfico e a lavagem de capitais.