Quase oito anos após a morte da médica Valquíria Feitosa Patrício Gomes, de 31 anos, e de seu filho João Roberto Santos Gomes, de 2 anos e 8 meses, a família ainda luta para reabrir o inquérito que foi arquivado pela Polícia Civil de Campo Grande. Valquíria e João foram encontrados mortos na noite de 10 de dezembro de 2016, abraçados em um quarto de sua casa no bairro Itanhangá Park.
Na época, a polícia concluiu que se tratava de um caso de suicídio, apontando que Valquíria, que supostamente enfrentava um quadro grave de depressão, teria tirado a própria vida e a do filho, ambos asfixiados por monóxido de carbono de um fogareiro a carvão encontrado no quarto. Entretanto, a mãe de Valquíria, Seila Aparecida Feitosa, nunca aceitou essa conclusão e tem lutado para que a investigação seja reaberta.
Seila, inconformada com a conclusão das autoridades, tem apontado diversas contradições no processo de investigação. Ela argumenta que Valquíria nunca demonstrou tendências suicidas e que sua depressão estava relacionada a problemas no casamento, e não a um desejo de tirar a própria vida. Além disso, Seila questiona a autenticidade de uma suposta carta de despedida encontrada pelo marido de Valquíria, que segundo a perícia grafotécnica, foi escrita pela médica. A mãe acredita que sua filha possa ter sido coagida a escrever a carta.
Outro ponto controverso é a falha das câmeras de segurança da residência em dois intervalos cruciais, na madrugada e na manhã do dia em que os corpos foram encontrados. Além disso, Seila afirma que exames toxicológicos não foram realizados e que testemunhas importantes para a elucidação do caso não foram ouvidas.
Diante dessas inconsistências, a família, representada pela advogada Eleudi Leal, pediu a reabertura do inquérito. O pedido foi aceito pela Polícia Civil, mas agora depende do Ministério Público para que o caso tenha continuidade. Em protesto contra a lentidão e o que considera um descaso das autoridades, Seila organizou uma manifestação silenciosa em frente à Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) do Centro de Campo Grande, junto com um grupo de mulheres.
Seila espera que a reabertura do caso possa trazer justiça e paz para a família, que há anos convive com a dor e as dúvidas sobre o que realmente aconteceu naquela noite de dezembro de 2016.
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