Espancada e ameaçada de morte pelo ex-companheiro, Anna Pereira detalhou ao Topmídianas suposto erro e maus-tratos durante atendimento para registrar ocorrência contra o ex-companheiro na delegacia de Jardim.
Anna decidiu quebrar o silêncio ao saber que, mesmo após pedir medida protetiva, o ex-marido foi solto. Ela foi agredida em via pública.
“Apanhei dele na madrugada de domingo, fui e fiz um boletim de ocorrência e pedi medida protetiva, mas depois recebi a visita de um oficial, que me alertou que ele já estava na rua”, conta.
Com a ajuda da assistente social da Casa da Mulher Brasileira, Anna foi até o hospital solicitar um exame de corpo de delito. Lá, foi orientada pelo médico a refazer o boletim de ocorrência e pedir que, na delegacia, acrescentassem o pedido do exame para o laudo ter validade jurídica.
Ao procurar a delegacia para fazer um novo boletim e pedir encaminhamento médico, a situação se complicou. Anna relata ter ouvido da policial que o BO não seria refeito e que ela estaria ali infernizando.
“O próprio médico orientou que fizesse um novo registro e pede para fazer corpo de delito com o perito porque ele feito no hospital não tem validade. Retornei a delegacia e começou um dos piores momentos, fui humilhada, uma policial mulher gritou comigo, foi extremamente constrangedor, se desfez do meu apelo, o lugar que era para me acolher me tratou assim”, desabafa.
Ainda segundo Anna, a soltura do ex-companheiro aconteceu exatamente pelo erro do primeiro boletim que não constou agressão, mesmo com a vítima com o corpo todo machucado.
“Eu precisava do boletim atualizado, expus minha situação de risco, de vulnerabilidade, estou trancada em casa enquanto ele está na rua, podendo vir aqui a qualquer momento e com muito custo consegui ao menos o pedido para que eu passasse pelo perito e realizasse o novo exame de corpo de delito”.
Com o nome da investigadora, a vítima foi orientada a procurar a corregedoria da Polícia Civil para expor o caso durante o acolhimento na delegacia.
“Estou cheia de marcas, hematomas, mas isso pode ir muito além se nós não tivermos vozes. A gente pede ajuda, socorro, se não conhecer ninguém com influência não recebemos ajuda com a devida atenção. Quero que meu relato seja ouvido, não quero ser a próxima vítima de feminicídio em Mato Grosso do Sul, ele prometeu que vai me matar”, dispara.
A reportagem entrou em contato com a Polícia Civil para verificar sobre o atendimento prestado à vítima e quais medidas de proteção podem ser tomadas, além do documento entregue em papel, e aguarda esclarecimentos.
Em resposta, a PCMS informa que qualquer cidadão que se sinta prejudicado em seu acolhimento junto a uma Delegacia de Polícia, pode formalizar uma reclamação junto à Ouvidoria-Geral da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul. A respeito da investigadora citada pela vítima, não houve retorno sobre a mencionada.
“Este é um espaço de comunicação entre o cidadão e a PCMS onde você pode registrar suas demandas sobre os serviços públicos referentes a PCMS. https://www.pc.ms.gov.br/ouvidoria/#link-2“, respondeu.