Em uma manhã ensolarada, nas ruas acolhedoras do bairro Coophavila 2, onde as histórias se entrelaçam e os sorrisos são abundantes, emerge um homem cujo nome ressoa como um hino de esperança: Edilson José da Silva. Aos 56 anos, ele não é apenas um técnico em agente de saúde, mas sim um arauto da transformação, um mestre da superação. Ex-gandula, hoje ele ministra aulas gratuitas de beach tennis para os moradores de Campo Grande, e já conta com alunos que se tornaram professores e partiram para outros estados.
Em entrevista ao OSM, a jornada de Edilson tem início nas quadras de tênis do Clube Atlético Juventus, em São Paulo, onde o jovem Edilson sonhava em voar alto, mesmo que, inicialmente, fosse apenas como gandula. Ali, entre as bolas de tênis e os gritos de incentivo, ele não só aprendeu as nuances do jogo, mas também absorveu a valiosa lição de que qualquer sonho, por mais distante que pareça, está ao alcance daqueles que persistem.
“Minha experiência veio do tênis. Fui gandula de tênis no Clube Atlético Juventus, onde fiquei por três anos, de 1982 à 1985 e nunca mais esqueci”, relembra.
No entanto, foi somente ao mudar-se para Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, que o destino reservou-lhe uma reviravolta inspiradora. Morando na Capital desde 20023, foi somente em 2016, que o Open SOS da Escola Silvio de Oliveira cruzou seu caminho, trazendo consigo o chamado do beach tennis, um convite para um novo capítulo em sua vida. Sob o olhar gentil do professor Leonardo Ribeiro, Edilson encontrou não apenas uma paixão renovada pelo esporte, mas também uma missão de vida. “Depois que o professor me viu jogar, ele disse ‘Continue jogando beach, porque você já conhece o tênis’. Eu me senti incentivado com a fala do professor e tranquei a minha faculdade de tecnologia em rede de computadores e fiz educação física”, conta ao OSM.
Ao ouvir as palavras de encorajamento do professor, Edilson percebeu que o tênis, assim como a vida, é uma partida de estratégia e determinação. Ele não só trancou sua faculdade de tecnologia em rede de computadores, como mergulhou de cabeça no mundo da educação física, seguindo os ditames do coração, sem entender o que o futuro lhe reservava.
Edilson conta ao OSM que no dia 5 de fevereiro de 2017, com o sol como testemunha e o apoio amoroso de sua filha Priscila e amigos da Escola SOS, nasceu o Point Coophavila, um oásis de esperança no coração da comunidade. Com uma quadra improvisada e um punhado de raquetes, Edilson abriu as portas do esporte para aqueles que ansiavam por uma oportunidade de brilhar. “Juntos, fizemos uma quadra ainda de grama e improvisamos o espaço para nos reunirmos nos sábados e domingos pela manhã para podermos treinar o beach tênis. Um pouco da minha experiência no tênis me ajudou a orientar aqueles que chegavam a como usar a raquete e assim praticar o beach tennis. Assim nasceu o Point Coophavila”, disse.
Desde então, aos sábados pela manhã, o Point Coophavila tornou-se mais do que um espaço para praticar esportes. É um santuário de inclusão, onde o talento e a determinação são mais valiosos do que qualquer patrocínio. Ali, Edilson compartilha seu conhecimento gratuitamente, guiando novos talentos pelo caminho da excelência e da autoconfiança. “Ali eu dou aula para iniciantes totalmente de graça, dou treino para aqueles que já aprenderam, os quais nós chamamos de intermediários, e hoje já temos a oportunidade de ter ali aos sábados uma terceira quadra, onde as pessoas que já sabem jogar, vão jogando enquanto eu dou treino para os demais e posso contar ainda com a ajuda de alguns professores voluntários que têm me auxiliado”, explica ao OSM.
Mas o verdadeiro milagre do Point Coophavila vai além das quadras. É um lugar onde as fronteiras entre classes sociais e idades se desfazem, dando lugar a uma comunidade unida pelo amor ao esporte e ao próximo. Através de sua dedicação incansável, Edilson não apenas ensina o beach tennis, mas também valores como respeito, solidariedade e autodeterminação. “Na quadra ensinamos além do esporte, como também a disciplina, a mudança de personalidade, caráter, porque no projeto nós tratamos todas essas situações, ensinamos as pessoas a respeitar, a serem respeitados, ensinamos que o cidadão tem direito, mas também tem dever e desde as crianças, adolescentes, jovens e até os adultos que nos procuram no projeto, para todos, nós orientamos dessa forma e estamos vendo a cada dia o projeto crescer e se firmar mais ainda”, disse.
Hoje, o legado de Edilson se estende além das fronteiras de sua cidade natal. Seus alunos, outrora novatos hesitantes, agora são professores e atletas de renome, espalhando a chama do esporte por onde passam. Como o jovem sul-mato-grossense, Raí Henrique, 19 anos, que aprendeu o esporte no projeto e hoje é professor em Cascavel, Paraná. “Comecei na pandemia, através de amigos, brincava por lazer. Comecei a gostar, fiz curso, comecei a aprender e a dar aula e hoje sou professor e atleta”, disse o jovem.
Para Edilson, ver o atleta transformando o esporte em profissão, dá a sensação de dever cumprido. “É muito gratificante, ensinar de graça um esporte, uma modalidade, e ver a dedicação das pessoas que estão aprendendo, de forma a se tornar uma profissão.Os que saíram para fora, de alguma forma, já estão envolvidos com o esporte, são atletas, alguns até de alta performance, já se tornando profissionais. E, por outro lado também, descobrindo que, através da educação física, eles poderão auxiliar outras pessoas a se tornarem atletas também e terem uma vida saudável. É uma sensação de dever cumprido, fazer algo pela sociedade, pela população, pessoas que, na maioria das vezes, não têm condições de pagar uma aula particular no clube”, disse ao OSM.
Então, para todos aqueles que buscam um raio de luz em meio à escuridão, Edilson tem uma mensagem simples, mas poderosa: o esporte é mais do que uma atividade física, é uma jornada de autodescoberta e superação. E no coração do Point Coophavila, há sempre espaço para aqueles que desejam embarcar nessa jornada de transformação. “Eu quero convidar todos que venham participar, o esporte é bom para a saúde, para a mente e para a alma. O esporte transforma as pessoas e melhora para que eles possam viver em sociedade, então pratique esporte. Se não for o beatch tênis, conheça outro esporte, mas se quiser, venha nos dar a honra da sua presença”, finaliza.
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