No mês de abril, dedicado à celebração dos Povos Originários, a Escola Municipal Sulivan Silvestre Oliveira, situada na Aldeia Marçal de Souza, bairro Tiradentes, em Campo Grande, realiza a 25ª edição da Feira Indígena Cultural. Este evento é um espaço para os alunos apresentarem trabalhos desenvolvidos em sala de aula que refletem a cultura terena, desde desenhos e pinturas até artefatos como arcos e flechas.
A escola é reconhecida por ser a única da Rede Municipal de Ensino (REME) a integrar a língua terena ao currículo escolar. Atualmente, cerca de 30% dos 305 alunos matriculados são indígenas. Durante a feira, pais e avós tiveram a oportunidade de apreciar de perto os projetos dos alunos, que vão desde a produção de artesanato em argila até histórias ilustradas sobre a cultura terena.
Rosilene Catarina de Aquino, mãe do estudante Alessandro, expressa sua satisfação com a educação oferecida pela escola. “Ele fala alguma coisa em terena e é muito legal a gente ver que a escola mantém essa cultura, a educação aqui é de primeira,” diz Rosilene.
A importância de manter viva a cultura indígena também é ressaltada por Gisele Oliveira Souza, mãe de duas alunas. “Acho importante manter a cultura indígena. É interessante ter isso no currículo da escola, porque é a cultura que estão inserindo, o que é bom para elas aprenderem mais um tipo de cultura, de vivência,” relata Gisele.
Os estudantes, por sua vez, têm mostrado grande entusiasmo com as atividades propostas. Ana Beatriz Candelária Cunha, de 7 anos, compartilha sua experiência com a argila: “Foi a primeira vez que peguei na argila, fiz os potinhos da cultura terena, foi muito legal.” Maisa Souza Mendes, de 8 anos, conta que desenvolveu uma história sobre a cultura terena: “A gente leu o livro e depois contamos com o nosso jeito e fizemos ilustrações”.
Os professores também estão engajados em enriquecer o aprendizado dos alunos com a cultura indígena. Elso Sobrinho, professor de língua terena, detalha: “Fizemos vários projetos, que todo ano a gente sempre tem um tema diferente. Este ano é sobre as diferentes literaturas nas linguagens indígenas, tanto como afrodescendentes indígenas. Com isso, fizemos a exposição dos trabalhos dos alunos, que eles mesmos resolveram na sala de aula”.
Ana Lílian Medeiros, outra professora da escola, destaca a integração da cultura indígena com outros conteúdos: “A gente conseguiu agregar também vários conteúdos na sala de aula, fomos agregando na Língua Portuguesa e trabalhando em miscigenação com os outros conteúdos indígenas. Então assim, é muito fantástico essa cultura que eles já trazem desde criança, desde o berço”.
A diretora da escola, Maria Elisa Vila Maior, enfatiza a luta da comunidade para valorizar a língua materna. “Desde então, esse projeto nasceu, paralelo ao histórico da nossa escola, e ele foi se desenvolvendo e evolvendo. Para chegar no formato que temos hoje como disciplina. Entendemos ser de grande relevância pedagógica trabalhar com as crianças, a importância da valorização, do reconhecimento de todas as culturas e de se trabalhar a questão da desconstrução de estereótipos. Então, isso que é tão importante anda em acordo com a nossa legislação, que visa preservar e prezar pelos direitos do exercício da cidadania de todos”.
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