Dentro de 30 dias, a Receita Federal apreendeu cerca de 200 fetos de lhamas empalhados em Corumbá, cidade que faz fronteira com a Bolívia. No país vizinho o animal empalhado é considerado um amuleto de proteção, segundo a crença.
Os fetos são retirados de lhamas que foram sacrificadas em rituais indígenas, sem que soubessem que estavam grávidas, outros que morreram assim que nasceram, e então utilizados como amuletos que previnem o azar.
A coluna Nossa Viagem de Marcel Vincenti do Uol, explicou que na Bolívia, os amuletos são vendidos por senhoras indígenas em um amontoado de lojas e tendas chamado de ‘Mercado das Bruxas’.
Para se ter uma ideia, para começar a trabalhar em uma construção, por exemplo, pedreiros daquele país enterram um feto de lhama no terreno onde será levantada a obra, por acreditar que o gesto evitará acidentes no serviço. O proprietário, mesmo que não compartilhe da crença, tem que aceitar que o ritual seja realizado no local.
Assim como antes de construir casas, também são enterrados sob pedras como oferenda para trazer proteção, prosperidade e felicidade para os moradores.
Em maio deste ano, a Bolívia lançou o Ano Internacional das Lhamas com exposição por todo o país. O evento ocorreu para impulsionar a indústria que sustenta mais de 80 mil famílias.
Também em 2024, a ONU proclamou este como o Ano Internacional das Lhamas para honrar o papel do animal na economia e cultura de 90 países, incluindo a Bolívia.
Na América do Sul há mais de 3 milhões de lhamas, incluindo alpacas, vicunas e guanacos, conforme comunicado pelo governo boliviano.
Apreensões
Em menos de 30 dias, cerca de 200 fetos de lhamas foram apreendidos sem documentação fiscal em Corumbá.
Os animais tinham como destino o comércio de São Paulo, onde alguns seriam revendidos por R$250 e enquanto outros por R$500.
As três pessoas que estavam responsáveis pelas mercadorias confessaram que venderiam na cidade paulista.