Um empresário, de 44 anos, foi preso nessa terça-feira (12) com um caminhão usado para carregar as mercadorias furtadas pelo grupo de estelionatários que vendeu féculas de mandioca – também furtadas – para o dono da Conveniência Alemão há uma semana.
No último dia 6 deste mês, o dono da conveniência e um empresário de chipas foram presos após a polícia encontrar as mercadorias furtadas nos estabelecimentos. Contudo, eles pagaram R$ 28 mil de fiança e foram liberados nesta quinta (7).
E quase duas semanas antes da prisão dos comerciantes, um golpista, de 43 anos, envolvido na venda das féculas de mandiocas furtadas, foi preso pela Polícia Civil em Campo Grande.
Após a prisão desse golpista – responsável por enviar o PIX para pagar as despesas operacionais da atividade criminosa – a equipe da 3ª DP (Delegacia de Polícia Civil) continuou em diligências para identificar e localizar mais envolvidos no esquema.
Com as investigações, foi descoberto pela polícia que uma empresa de fabricação e venda de telhas metálicas foi alvo dos estelionatários em outubro. Na ocasião, foi feita uma venda de três mil peças de tubos de aço aos golpistas, totalizando R$ 86.209,25.
Logo, no início deste mês de novembro, os policiais localizaram o caminhão usado para transportar os tubos de aço. O veículo foi encontrado em um pesqueiro no Jardim Centenário.
No momento da apreensão, os policiais notaram que havia objetos usados em uma construção existente no local, semelhantes aos obtidos por meios dos estelionatários. Com isso, o dono do caminhão foi identificado e a polícia constatou que ele era integrante da organização criminosa.
Em seguida, equipes do SIG (Setor de Investigações Gerais) passaram a investigar e apuraram que o dono do pesqueiro possui uma extensa ficha criminal com passagens por estelionato, falsificação de documentos e receptação.
Logo, os policiais realizaram diligências em busca do empresário, mas não encontraram. Depois, homem foi até a 3ª DP, acompanhado de um advogado, e apresentou uma nota fiscal emitida por outra empresa metalúrgica. Porém, a polícia constatou que o documento não era verdadeiro.
Empresário disse que conheceu comparsa há 2 anos
Questionado sobre o proprietário do veículo usado na empreitada criminosa, ele apenas disse que conheceu o homem há aproximadamente 2 anos, porque os dois cumpriram pena juntos no regime semiaberto.
Interrogado na delegacia, o empresário alegou que o dono do caminhão teria pedido para deixar o veículo no pesqueiro, alegando problemas mecânicos. Contudo, ele teria dito ao homem teria que retirar o caminhão logo para não atrapalhar os trabalhos do pesqueiro.
Aos policiais, o empresário explicou que durante o período em que o veículo ficou no pesqueiro ele estava de viagem em Ponta Porã e, depois, soube que a polícia apreendeu o caminhão em seu estabelecimento.
Neste momento, ele avisou o dono do veículo pelo WhatsApp sobre a apreensão e, então, a polícia pediu que o empresário mostrasse as ligações e mensagens, mas elas foram apagadas. Ele ainda acrescentou que teria comprado os tubos e telhas do próprio dono do caminhão.
Ao ser questionado sobre a nota fiscal apresentada na delegacia, o empresário alegou que adquiriu vigas de ferro do dono do caminhão, que entregou a nota a ele. Já sobre uma segunda nota emitida por outra empresa, desta vez, no ramo de construções, que tinha como destinatário um comércio de alimentos, ele disse desconhecer o documento.
Na delegacia, o empresário apenas afirmou que prestava serviços para uma empresa de construção por aproximadamente 1 ano, onde realizava balanços e faturamento. Interrogado sobre o dono da conveniência Alemão, o empresário alegou que não conhece o mesmo.
Diante dos fatos, o homem foi preso e a polícia retornou ao pesqueiro, onde apreendeu os tubos e as telhas, bem como, computadores e eletrônicos que pudessem ser usados para falsificar documentos e notas fiscais.
Investigações
O golpe começou a ser investigado no dia 22 de outubro, quando o diretor de uma empresa de fabricação e venda de telhas metálicas, em Campo Grande, procurou a delegacia. Ele relatou à polícia que recebeu uma ligação no dia 10 daquele mês de um homem que se apresentou como funcionário do supermercado, localizado no interior de Mato Grosso do Sul.
Durante a ligação, ele manifestou interesse em comprar três mil peças de tubos de aço, totalizando R$ 86.209,25. Logo, o diretor da empresa metalúrgica pediu que o suposto funcionário enviasse a documentação para cadastro e os trâmites da venda foram realizados.
O cadastro foi aprovado e, assim, o freteiro foi ao local carregar a mercadoria, momento em que o diretor questionou se ele conhecia o ‘pessoal’ do supermercado e o homem disse que sim e que já havia trabalhado com a equipe em outras ocasiões.
Diretor foi avisado do golpe poucas horas depois
Por volta das 14h30 da tarde, o diretor recebeu uma ligação do diretor da mesma empresa, situada em Dourados, a 225 quilômetros de Campo Grande, que lhe questionou se havia realizado uma venda para o supermercado.
Logo, ele confirmou a informação e o diretor lhe afirmou que se tratava de um golpe. Na ligação, o diretor contou que foi avisado por um funcionário da empresa de Amidos, de Ponta Porã, vítimas do mesmo golpe.
Depois, o diretor da empresa metalúrgica ligou para o freteiro e perguntou se ele já havia descarregado a mercadoria, quando ele afirmou que descarregou em um endereço informado na nota, situado no bairro São Jorge da Lagoa, na Capital.
Posteriormente, o homem avisou o freteiro do golpe e retornou ao local onde os tubos de aço foram descarregados, mas a mercadoria já havia sido carregada.
Já no local, o diretor questionou o freteiro se ele havia carregado a mercadoria da empresa de amidos de Ponta Porã. Assim, ele confirmou e disse que entregou na Avenida Marquês de Herval, no Nova Lima, e que encaminhou uma cópia do PIX em nome do falso advogado no valor de R$ 1 mil.
Ação foi filmada
Com isso, o diretor foi até o endereço no Nova Lima e obteve imagens de câmeras de segurança. Nas imagens, viu uma pessoa carregar a mercadoria usando um uniforme de uma empresa de prestação de serviços.
Assim, ao contatar o homem, ele afirmou que descarregou a mercadoria em um condomínio residencial no bairro Caiçara. Porém, não quis informar quem o contratou, apenas disse que recebeu o valor do frete em espécie.
Logo, um dos funcionários da empresa metalúrgica foi até um galpão no bairro Nova Lima, onde avistou um caminhão e uma caminhonete com pessoas suspeitas. Com receio, ele resolveu retornar para a empresa e acabou sendo seguido pela caminhonete. Em frente ao galpão, também há uma oficina de motos com grande movimentação de caminhões.
Já no dia 25 de outubro, a equipe da 3ª Delegacia de Polícia Civil iniciou diligências a procura do falso advogado – já que ele realizou um dos pagamentos ao freteiro – e o encontrou em sua casa, no bairro Buriti.
Ao chegar no imóvel, os policiais foram informados de que o rapaz não estaria em casa. Porém, depois ele se apresentou na delegacia e revelou quem era o casal que estaria envolvido na empreitada criminosa.
Com isso, a equipe foi até a casa do homem, de 43 anos, mas não o encontrou. Já a namorada dele foi presa no bairro Coophatrabalho. Durante entrevista na delegacia, o comparsa compareceu na unidade acompanhado de seu advogado.
Golpista era responsável por enviar PIX pagar despesas operacionais
Interrogado na delegacia, o homem confessou que faz parte de um grupo de estelionatários e que era responsável por enviar o PIX para pagar as despesas operacionais. Ele também mencionou dois estelionatos ocorridos em outubro, sendo um de uma carga de fécula.
Sobre a carga de tubo de ferro, ele afirmou ter sido contratado por um homem e que receberia R$ 5 mil. Já em relação à carga de fécula de mandioca furtada da empresa de amidos de Ponta Porã, ele confessou ter recebido R$ 5 mil.
Ainda na delegacia, ele revelou quem seria os outros integrantes do grupo e quais suas funções, além de alegar que acredita que o esquema criminoso ocorra há muito tempo.
Sobre o falso advogado, o homem afirmou que o conhece há cerca de três anos, mas ficaram mais próximos há seis meses. Porém, ele disse que o rapaz apenas emprestou sua conta bancária para que ele pudesse realizar a movimentação financeira.
Também afirmou que o falso advogado não recebeu nenhum valor ou benefício pela atividade criminosa.
Em relação à namorada presa no bairro Coophatrabalho, o criminoso afirmou que ela não sabia dos estelionatos, pois apenas emprestava a conta para as transações financeiras dele.
Prisão de Alemão por venda de produtos furtados
Uma empresa de amidos de Ponta Porã foi vítima de um golpe no último dia 11 de setembro, envolvendo a venda de féculas de mandioca para uma empresa de estelionatários. Os golpistas usavam os dados de um supermercado, a princípio situado em outro município no interior de Mato Grosso do Sul.
Os golpistas teriam comprado 24.000 quilos de fécula, no valor de R$ 73.920, usando um site e e-mail falsos. Além disso, o grupo teria contratado um freteiro que transportou a mercadoria em um caminhão.
Logo, o sócio proprietário da empresa de amidos começou a realizar diligências por conta própria na Capital, indo até a conveniência do Alemão. Lá, ele comprou um saco de fécula de mandioca e identificou que era a mercadoria furtada de sua empresa.
Depois, o sócio proprietário foi na outra conveniência, também de propriedade do Alemão, e encontrou o mesmo produto. Com isso a polícia foi acionada e se deslocou até os estabelecimentos na manhã dessa quarta-feira (6).
Durante as investigações, os policiais encontraram a fécula de mandioca em duas conveniências na Avenida Calógeras e em uma chiparia, no bairro Guanandi, em Campo Grande. A mercadoria estava pronta para comercialização, abaixo do preço de mercado.
Ainda conforme a Polícia Civil apurou, outra empresa de fecularia, localizada em Ivinhema, também foi vítima de um golpe semelhante. Por isso, há suspeita de que os golpistas distribuíram os produtos para os mesmos revendedores.
As equipes da 3ª Delegacia de Polícia Civil realizaram diligências nas conveniências e na chiparia. Com isso, encontraram os sacos de fécula roubados e prenderam dois proprietários dos estabelecimentos em flagrante.
Depois, eles foram encaminhados para a delegacia e apresentaram os documentos das transações fraudulentas.