A empreiteira GC Obras de Pavimentação Asfáltica (CNPJ 16.907.526/0001-90) é alvo de mais uma investigação do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul). Dessa vez, inquérito civil irá apurar licitação de R$ 17.294.984,20 da prefeitura de Sidrolândia, vencida pela empresa para asfaltar diversas ruas do município, localizado a 70 km de Campo Grande.
No dia 3 de abril, a sede da empreiteira foi alvo de buscas do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado). No local, os investigadores apreenderam um caderno com anotações que continham o nome de Sérgio de Paula, ex-secretário-executivo do Escritório de Relações Institucionais e Políticas de Mato Grosso do Sul no Distrito Federal e um dos líderes do PSDB no Estado. De Paula deixou o cargo no governo para se dedicar às campanhas do partido nas eleições deste ano.
Conforme o Portal Transparência do município de Sidrolândia, a abertura das propostas da licitação ocorreu em 9 de fevereiro. Então, o contrato milionário com a empreiteira foi firmado no dia 14 de março e continua vigente até 2026.
Ainda segundo as informações oficiais do município, até o dia 7 de novembro foram emitidas ordens de pagamento que somam total de R$ 15.213.979,15 à GC Obras. Dessa forma, consta que faltam liquidar o montante de R$ 991.147,26.
Caderno apreendido em empreiteira investigada tinha nome de Sérgio de Paula
Apesar de não constar no rol de investigados, um dos líderes do PSDB e cotado para um cargo de conselheiro no TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado), o nome de Sérgio de Paula aparece em caderno apreendido por determinação da Justiça.
Então, os materiais apreendidos podem dar origem a novos desdobramentos da Operação Tromper, que revelou escândalo de corrupção e desvio de dinheiro público com direito a pagamento de ‘dízimo da propina’ a outro político do PSDB, apontado como o ‘chefe’ do esquema: o vereador licenciado de Campo Grande, Claudinho Serra.
Vale ressaltar que Claudinho Serra já atuou como chefe de gabinete de Sérgio de Paula na Casa Civil do Governo de MS. O vereador tucano foi preso durante o cumprimento de mandados, no dia 3 de abril. Saiu 23 dias depois com uso de tornozeleira e deve continuar sendo monitorado até maio do ano que vem.
A reportagem tentou contato com Sérgio de Paula através de ligações telefônicas e mensagens. No entanto, sem sucesso.
Também tentamos obter esclarecimentos da empreiteira GC através dos contatos oficiais cadastrados junto à Receita Federal, mas as ligações não foram atendidas e os e-mails não foram respondidos.
A prefeita de Sidrolândia, Vanda Camilo (PP), bem como a prefeitura também foram procuradas pelo Jornal Midiamax, mas não responderam aos questionamentos.
O espaço segue aberto para manifestações, que podem ser incluídas após a publicação.
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Pupilo do PSDB e acordo para exercer mandato
Hoje réu por corrupção, Claudinho Serra sempre atuou diretamente com a cúpula do PSDB, notadamente com o ex-governador Reinaldo Azambuja e Sérgio de Paula, conforme consta em sua própria biografia: “Em 2016, foi convidado pelo então governador Reinaldo Azambuja para ser um dos coordenadores de campanha dos candidatos do PSDB nos municípios. Também atuou no Governo do Estado, especificamente nos assuntos políticos de Campo Grande, diretamente com o secretário de Articulação Política, Sérgio de Paula”.
Disputou a primeira – e única – eleição em 2020, quando obteve modestos 3.616 votos, ficando só com a 2ª suplência do PSDB. Só assumiu o mandato como vereador após uma sequência de situações. A primeira, com o titular do mandato, João Cesar Mattogrosso, assumindo cargo no governo do Estado. Assim, o 1º suplente, Ademir Santana, foi chamado. Depois, o vereador João Rocha assumiu também um cargo no governo. Então, Claudinho assumiu como suplente em maio de 2023.
Por fim, conseguiu o mandato em definitivo quando Ademir Santana renunciou ao cargo alegando que deixava a vaga para a qual foi eleito para se dedicar à campanha eleitoral do PSDB. Ademir renunciou e entregou a vaga para Claudinho um mês antes da deflagração da Operação Tromper.
Este ano, Claudinho não disputou as eleições municipais.
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Vereador do PSDB comandou esquema de corrupção em Sidrolândia
O parlamentar é ex-secretário de Fazenda, Tributação e Gestão Estratégica de Sidrolândia. Está implicado nas investigações da 3ª fase da Operação Tromper, deflagrada pelo Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) com apoio do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).
Claudinho Serra e outros 21 viraram réus, em 19 de abril, após o juiz da Vara Criminal da comarca de Sidrolândia, Fernando Moreira Freitas da Silva, aceitar a denúncia apresentada pelo MPMS.
Investigações do Gecoc e delação premiada do ex-servidor Tiago Basso da Silva apontam supostas fraudes em diferentes setores da Prefeitura de Sidrolândia, como no Cemitério Municipal, na Fundação Indígena, abastecimento da frota de veículos e repasses para Serra feitos por empresários. Os valores variaram de 10% a 30% do valor do contrato, a depender do tipo de “mesada”.