O e-mail usado por Ronnie Lessa para realizar buscas de endereços e dados pessoais da vereadora Marielle Franco e outros alvos foi criado pelo tenente João André Ferreira Martins, um oficial que fazia parte do chamado Escritório do Crime, um grupo de matadores de aluguel, segundo a polícia.
O tenente, que foi morto em 2016, era cúmplice do ex-capitão Adriano da Nóbrega. Ambos se conheceram enquanto serviam no Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais). Nóbrega, por sua vez, era um ex-policial militar com ligações com a família do ex-presidente Jair Bolsonaro e foi morto na Bahia em 2020.
Lessa, réu confesso pelo assassinato da vereadora, ocorrido em 2018, usou um site pago para realizar pesquisas sobre a rotina dela. O site fornecia acesso a dados cadastrais da Serasa Experian voltados para comerciantes. Dois dias antes da morte de Marielle, em 12 de março de 2018, Lessa fez duas pesquisas sobre a vereadora e uma sobre a filha dela.
A informação de que Lessa utilizou o e-mail foi confirmada pelo agente federal Marcelo Pasqualetti durante seu depoimento na audiência de instrução e julgamento realizada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) nesta sexta-feira (16), que investiga as mortes de Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes. “Isso evidencia a relação próxima entre Lessa, o tenente João, e o Escritório do Crime”, declarou o agente. Contudo, Lessa, em sua delação, negou ser um matador de aluguel.
Conhecido como tenente João, Ferreira Martins foi morto a tiros na Ilha do Governador, zona norte do Rio de Janeiro. Há suspeitas de que o próprio Adriano da Nóbrega tenha sido o responsável pelo crime após um desentendimento entre os dois.
Com Folha Press
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