Sob uma fumaça densa que encobre o céu de Mato Grosso do Sul, a cidade de Água Clara, a 192 km de Campo Grande, sofre com os impactos dos incêndios florestais. O mesmo fogo que devastou fazendas de eucalipto também atingiu áreas de vegetação nativa e desabrigou centenas de animais.
Água Clara tem clima peculiar e lidera, quase que diariamente, os rankings de altas temperaturas e baixa umidade. Nesta semana, por exemplo, o município chegou a 40 °C com umidade de 10%, o que propicia ainda mais a ocorrência de incêndios.
Em visita à região na última sexta-feira (13), a reportagem do Jornal Midiamax presenciou de perto os efeitos devastadores dos incêndios no município, que conta com pouco mais de 15 mil habitantes, e traz um relato detalhado sobre a extensão dessa tragédia ambiental.
Plantações de eucalipto completamente queimadas
No km 130 da MS-320, quando cortina de fumaça se dissipa, é possível observar o pouco que restou de uma vasta plantação de eucaliptos. A propriedade, situada à margem esquerda da rodovia no sentido Água Clara-Inocência, ficou praticamente destruída pelo fogo.
O cenário se torna ainda mais impactante ao sobrevoar a área com o auxílio de um drone. Em determinado trecho da fazenda, os resquícios de lama dão indícios de que até recentemente o local, hoje coberto por cinzas, abrigava um córrego.
Do outro lado da rodovia, o fogo também não poupou a Fazenda Formosa. Ali, as chamas devastaram a vegetação, destruíram a porteira e consumiram até mesmo a cerca que delimitava a propriedade.
Apesar da área da fazenda parecer propícia a encontrar animais em busca de água ou abrigo, após quilômetros percorridos, nenhum animal foi avistado. Ainda na MS-320, um redemoinho de fogo impressiona pela intensidade das chamas.
Animais caminham em meio a área queimada
Nos quilômetros seguintes, o cenário se repete. Embora houvesse trechos de vegetação preservados, quase tudo se transformou em cinzas. Em meio a esse cenário desolador, o gado caminha pelo pasto queimado em busca de alimento, centenas de cupinzeiros também acabaram destruídos pelo fogo.
Em algumas propriedades rurais, era possível observar aceiros – faixas de terreno sem florestas que atuam como barreiras contra a propagação do fogo – o que evidencia que os danos poderiam ser ainda mais graves se as brigadas de incêndio não agissem rapidamente.
Para chegar às fazendas atingidas pelo fogo, a equipe de reportagem percorreu cerca de 30 km de estrada de chão. Após 12 minutos estrada adentro, quatro pontos distintos com focos de incêndio são encontrados.
Aceiros auxiliaram no combate ao fogo
Na Fazenda Lobo, uma das propriedades afetadas pelos incêndios. Dos dois lados da estrada, há plantações de eucalipto. No lado direito, os primeiros quilômetros estavam totalmente impactados por um fogo rasteiro, mas, apesar dos danos, as chamas não chegaram a alcançar o meio e a copa dos eucaliptos.
A resposta ao incêndio ocorreu de forma rápida, pois a 15 km dali existe uma base operacional. Conforme funcionários da empresa responsável pelo combate na às chamas, o trator incendiado pertencia a eles. Trata-se de um trator modelo 7200, que atolou no primeiro dia de combate, impossibilitando sua retirada.
O fogo foi controlado pela Arauco, empresa de painéis renováveis de madeira, e proprietária da Fazenda Lobo. Além disso, as equipes de combate criaram aceiros e a empresa monitora a área para garantir que as chamas não ultrapassem os limites do combate. Na sede da fazenda, também havia um helicóptero utilizado nas operações de combate.
Conforme o Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul, até agora, o incêndio nas áreas de fazenda de eucalipto em Água Clara, atingiu 11 mil hectares. O controle do fogo é considerado um trabalho difícil, por conta da estiagem e dos eucaliptos na área, que acabam servindo de material combustível e de queima rápida.
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