Após mais de três anos preso preventivamente no âmbito da Operação Lama Asfáltica, o ex-deputado federal e ex-secretário de obras de Mato Grosso do Sul, Edson Giroto, rompeu o silêncio e fez denúncias sobre as condições do sistema carcerário do Estado.
Em entrevista ao Cara a Cara com Squinelo, do TopMídiaNews, ele afirmou que conviveu com baratas, escorpiões, ratos e calor extremo durante seu período de reclusão. “Na minha cela tinha barata, não era uma não. Rato, escorpião. Cinquenta graus de calor lá dentro”, descreveu.
Segundo Giroto, o ambiente era insalubre e degradante, com piso de concreto estourado no banheiro e dificuldade até para conseguir um simples ralo. “Para comprar um ralo 10×10 foi um sacrifício”, relatou. Ele afirmou ainda que não havia assistência médica adequada e que presos chegavam a convulsionar sem atendimento imediato: “Se você passar mal e cair no chão, fica oito, nove horas esperando. Não tem quem recorrer”.
Giroto acusou o sistema prisional de ser injusto e ineficaz para a recuperação de detentos. “Tem muita gente recuperável, mas o sistema não está preparado para isso. Eu queria ver esses catedráticos que falam sobre sistema penitenciário viverem lá dentro”, desafiou.
Ele também afirmou ter atuado como voluntário para ajudar outros internos: media pressão, distribuía remédios e tentava aliviar o sofrimento de presos doentes. “Lá dentro todo mundo é igual. Quem não tomar banho e não ficar limpinho apanha. A regra é dura, mas tem regra. E todos seguem.”
Tortura psicológica
Giroto relatou que o maior sofrimento não foi físico, mas mental. “A dor psicológica é muito pior do que a dor física. Ela destrói a vida, a família. Você perde tudo”, afirmou. Segundo ele, a prisão o afastou de momentos marcantes da vida familiar — como o nascimento do neto e o velório do próprio pai. “O que fizeram comigo não me dá mais o direito de ter medo de nada.”
O ex-parlamentar voltou a se declarar inocente e criticou duramente o Judiciário, especialmente o juiz Bruno Teixeira, a quem acusou de agir com vaidade e parcialidade. “Minha exposição foi absurda. Para ele, me condenar seria uma medalha.” Ele também criticou o ministro Alexandre de Moraes e afirmou que o Supremo Tribunal Federal precisou intervir para garantir um julgamento isento.
Hoje longe da engenharia e da política institucional, Giroto afirma ter reconstruído a vida no agronegócio, pilotando trator e convivendo com o sofrimento de quem produz no país. “Aprendi o que é trabalhar sem apoio do Estado. Quero voltar para ajudar — não por vaidade, mas por idealismo”, concluiu.