Apesar de ter começado o dia em queda firme, o dólar desacelerou as perdas e fechou praticamente estável nesta terça-feira (2), mantendo o valor de R$ 5,059, o maior patamar para a moeda desde outubro de 2023.
A alta dos títulos do Tesouro americano, os chamados “treasuries”, segue como principal ponto de apoio para o dólar nesta terça. No fim da tarde, o rendimento dos títulos saía de 4,313% para 4,357%, após a divulgação dados que mostraram força da economia americana e reforçaram apostas de manutenção de juros altos no país.
Em meio à recente alta do dólar, o Banco Central realizou nesta terça sua primeira intervenção no câmbio desde o início do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, promovendo um leilão adicional de até 20 mil contratos de swap cambial.
O objetivo do BC é prover proteção contra variações excessivas do dólar em relação ao real (hedge cambial) e liquidez ao mercado doméstico.
Na ação, o BC vendeu todos os 20 mil contratos ofertados, num total de US$ 1 bilhão. Não houve, no entanto, efeito na oscilação diária da moeda americana.
Já a Bolsa brasileira apresenta uma sessão volátil, mas garantiu alta mesmo sob pressão dos títulos americanos. A alta das commodities, que impulsionou as ações da Vale e da Petrobras -as de maior peso do Ibovespa-, foi o grande catalisador da sessão.
O petróleo tipo Brent, aliás, ultrapassou os US$ 89 pela primeira vez desde outubro, com ataques ucranianos às instalações energéticas russas e o conflito crescente no Oriente Médio.
“O Ibovespa se recuperou na parte da tarde, superando o mau desempenho das bolsas norte-americanas, que seguiram pressionadas pelas incertezas cada vez maiores sobre uma eventual postergação do início dos cortes dos juros (nos EUA)”, diz Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.
Com isso, o Ibovespa terminou o dia com avanço de 0,52%, aos 127.651 pontos, segundo dados preliminares.
Ao anunciar o leilão extraordinário de contratos de swap, o BC afirmou, em nota, que vai atuar “com vistas à manutenção do funcionamento regular do mercado de câmbio” diante dos efeitos gerados pelo resgate do título de NTN-A3 (Nota do Tesouro Nacional, subsérie A3), previsto para o dia 15 de abril.
O NTN-A3 é um título público indexado ao dólar que há anos não é negociado pelo Tesouro Nacional, mas ainda há no mercado brasileiro instituições que detêm o papel em suas carteiras. Em 15 de abril, uma segunda-feira, estão programados para vencer um total de R$ 18,534 bilhões em NTN-A3s que foram negociadas em 1997.
Os detentores dos NTN-A3s no Brasil, ao longo dos anos, carregaram posições vendidas em dólar para cobrir a exposição a estes títulos, de forma que, com o vencimento dos papéis, é preciso encerrar essas posições -o que é feito por meio da compra de dólares, com potencial de alimentar a alta da moeda norte-americana.
No leilão extraordinário desta terça, foram vendidos 4.000 contratos de swap com início em 15 de abril -justamente quando expiram as NTN-A3- e vencimento em 2 de janeiro de 2025. Os outros 16 mil contratos vendidos também têm início em 15 de abril, mas vencem em 1° de abril de 2025.
A compra de contrato de swap pela autoridade monetária funciona como injeção de dólares no mercado futuro e quem compra está protegido em caso de desvalorização do real. É um instrumento usado pelo Banco Central para evitar disfunção no mercado de câmbio, assegurando que haja oferta para atender a um aumento de procura pela moeda estrangeira.
Nos Estados Unidos, o Departamento do Trabalho divulgou que as vagas de emprego disponíveis no país subiram para 8,756 milhões em fevereiro, num resultado em linha com o esperado. A alta dos treasuries, no entanto, pesou sobre os mercados americanos, e os principais índices do país registravam queda.
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