Viraliza nas redes sociais o meme “um pezinho no Caps”, em alusão ao desgaste da saúde mental da atual geração. A piada presume o questionamento: qualquer pessoa pode procurar atendimento nos Centros de Atenção Psicossocial? Entre janeiro e setembro deste ano, cerca de 10 mil pessoas receberam atendimentos médicos nas unidades.
Primeiro é preciso entender que o Ministério da Saúde constitui a RAPS (Rede de Atenção Psicossocial), um conjunto integrado e articulado de diferentes pontos de atenção para atender pessoas em sofrimento psíquico e com necessidades decorrentes uso prejudicial de álcool e outras drogas.
Esse serviço é disponível no SUS (Sistema Único de Saúde), com estabelecimento de ações intersetoriais para garantira integralidade do cuidado. Ou seja, as unidades atendem desde o acolhimento ao abrigamento para desintoxicação.
Em Campo Grande há quatro Caps III, dois Caps AD (Álcool e Drogas), um Caps infantil, quatro residências terapêuticas, uma unidade de acolhimento adulto, uma unidade de acolhimento infantil, ambulatório de Saúde Mental no CEM (Centro de Especialidades Médicas), Equipe Móvel de psiquiatria que dá suporte nas UPAS (Unidades de Pronto Atendimento) e CRSs (Centros Regionais de Saúde), segundo a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde).
‘Portas abertas de acolhimento’
No Caps AD III Guanandi “Marcia Zen”, a gerente, Ana Paula Jonas, defende que a unidade trabalha, literalmente, de portas abertas para acolher quem está em sofrimento mental. A unidade atende na Atenção Psicossocial Álcool e Drogas, contudo, qualquer pessoa, inclusive familiares, podem buscar o serviço para receber informações.
Por vezes, não necessariamente a pessoa terá continuidade no atendimento no Caps AD III, podendo ser direcionada para outro espaço de serviço psicossocial. Vale lembrar que além dos Caps e casas terapêuticas, o morador também pode procurar atendimento para amparo ao sofrimento mental em unidades de saúde.
Além da unidade física, o município disponibiliza a consultoria nas ruas, fazendo o atendimento itinerante, com apoio da SAS (Secretaria de Assistência Social). Vale lembrar que, apesar do atendimento à demanda espontânea, é necessária a consulta na regularização e consulta de vagas.
Ana explica que o paciente passa por uma escuta livre, com um profissional capacitado, como psicólogos e assistentes sociais. Cada pessoa passa por uma situação diferente e necessita de atendimento individual. Após o primeiro contato, o paciente deve ser familiarizado de quais passos seguintes para a desintoxicação e retomada da vida saudável.
Um dos serviços de convivência é dedicado a atividades em grupo, como as oficinas de artesanato. “Nós não trabalhamos apenas no serviço social, mas no resgate de si das pessoas, trazer o apoio, a humanidade. A convivência em grupo é importante no processo. Em média, a desintoxicação dura 15 dias, mas a pessoa tem todo o direito de ir e vir”.
A unidade não descreve como internação, mas como abrigamento o atendimento a quem dorme e precisa de maior atenção no processo de desintoxicação. Geralmente, esses casos são voltados para pessoas em longo período de situação de rua, que faz uso constante de drogas ou álcool, ou não consegue parar sozinho.
“O atendimento vai muito de acordo com a demanda individual do paciente; se necessita de um acompanhamento, percebeu que está em crise, não aguento mais, ele passará pelo atendimento médico, psicológico, se vai precisar ser abrigado ou passar por desintoxicação, vamos ver se tem a vaga. Esse Caps é especificamente para casos de transtorno mental ou uso de drogas. Atendemos pessoas a partir dos 16 anos”.
A unidade tem uma farmácia que, com o receituário, atende a população. “Na farmácia não há apenas a dispensa do medicamento, há o atendimento presencial, o olho no olho, conferir como está o paciente, a escuta sobre a saúde”.
Há dois abrigamentos com camas para os pacientes em desintoxicação, o quarto feminino e masculino. Próximo há a sala de segurança da GCM (Guarda Civil Metropolitana), o refeitório, sala de convivência, pátio interno, lavanderia, cozinha e administrativo.
‘Mudou minha vida’
Maurício Nicomedes da Cunha se tornou motorista voluntário levando pacientes para casas terapêuticas e Caps após o filho receber atendimento psicossocial por seis meses. O filho é paciente psiquiátrico e precisou de acompanhamentos semanais.
“Tem seis meses que estava sob efeito de medicações e hoje está bem. A sociedade tem isso de acreditar que o atendimento público é mal, mas é o contrário. Eu fico muito feliz do meu filho fazer o tratamento aqui e pela acolhida que tem, médicos, enfermagem, técnicos. Observo a limpeza, o banheiro limpinho, é tudo muito digno”, descreve.
A condição do rapaz de 37 anos mudou há dois anos e Maurício passou a procurar o serviço público. Agora, o homem já recebeu alta, também se tornando um voluntário. “Agora, mudou muita coisa, o atendimento diferenciado, o carinho. Antigamente, era um tumulto (em outras clínicas), a gente também fica doente. A gente precisa de alguém que nos ouça, um carinho pelos familiares. Isso encontrei aqui”.
Ajuda
A luta contra o estigma do tratamento é uma responsabilidade compartilhada. Ao unir esforços, viabiliza-se uma maneira de construir uma sociedade onde a saúde mental seja incorporada, compreendida e apoiada por todos. Promover uma cultura de respeito e solidariedade em relação à saúde mental.
Além dos Caps, há mais 48 leitos hospitalares, sendo 12 leitos no HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul) para desintoxicação de álcool e outras drogas e mais 36 leitos para as outras patologias psiquiátricas que estão no Hospital Nosso Lar disponível no SUS (Sistema Único de Saúde).
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