Pelo menos 36% dos eleitores de Mato Grosso do Sul são declaradamente desse segmento religioso, quase 730 mil pessoas
Com quase 36% dos 2.032.593 eleitores de Mato Grosso do Sul declaradamente evangélicos, o PT adotou uma estratégia especial da executiva nacional, que solicitou à Fundação Perseu Abramo, braço teórico do partido, para elaborar uma cartilha para orientar o diálogo de candidatos da legenda com esse segmento da sociedade nas eleições municipais deste ano.
A medida foi adotada porque o partido tem enfrentado nos últimos anos dificuldades para se conectar com esse setor.
Até agora, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não tem obtido sucesso em iniciativas voltadas para esse público, que faz uma avaliação pior da gestão petista que a média da população.
O material de nove páginas, com citações de várias passagens bíblicas, destaca que não deve haver exagero em falar o nome de Deus e tenta aproximar o partido dos evangélicos ao optar por um texto na primeira pessoa do plural.
O presidente municipal do PT em Campo Grande, Agamenon Rodrigues do Prado, revelou ao Correio do Estado que o partido preparou há um bom tempo essa cartilha para usar na campanha eleitoral deste ano.
“Essa cartilha foi produzida a partir do entendimento que um dos grandes desafios do nosso partido é ampliar o diálogo com 40 milhões de brasileiros evangélicos e os quase 730 mil eleitores sul-mato-grossenses. Aqui na nossa Campo Grande, o número de eleitores evangélicos é de quase 230 mil, e nós temos de respeitar”, reforçou.
ORIENTAÇÃO
Agamenon do Prado ainda acrescentou que o PT está orientando a militância e os candidatos sobre como conversar com os cristãos evangélicos.
“Nós apresentamos dados sobre a realidade da nossa cidade e a realidade de onde essas pessoas moram, onde essas camadas da população vivem. Uma das sugestões que estamos apresentando é que os evangélicos não devem ser vistos e tratados de forma generalizada, já que há diferença entre eles”, lembrou.
Conforme a liderança petista, o objetivo é orientar e evitar o rótulo atribuído aos evangélicos. “Outro ponto interessante é que a maior liderança das famílias da periferia na Capital é uma mulher negra e evangélica, um perfil de pessoas que sempre apoiou os nossos governos.
Também temos de lembrar que a nossa candidata aqui, a deputada federal Camila Jara, é evangélica e vai abrir um diálogo muito forte com esse segmento”, projetou.
O presidente municipal do PT reforçou que Camila Jara é uma liderança que, no início da campanha do presidente Lula, em 2022, organizou um grupo de evangélicos para apoiá-lo.
“Portanto, nós queremos abrir um grande diálogo com os evangélicos aqui da nossa capital e essa cartilha vai orientar a nossa militância e os candidatos”, argumentou.
O professor universitário Tiago Botelho, candidato a prefeito de Dourados pelo PT, declarou que não cabe a ninguém desrespeitar ou ser intolerante com a fé de outras pessoas.
“Sou evangélico e acredito no cristianismo. Por isso, defendo os valores cristãos, mas, enquanto pessoa pública, apesar de ter minha fé, defendo o Estado laico”, afirmou.
Ele pontuou que o cristianismo não usa de violência ou desrespeito. “Deus e Jesus sempre nos ensinaram a amar e ser pacíficos. O Estado laico não é o que não gosta das religiões, pelo contrário, é o que gosta e respeita todas as religiões.
Por isso gosto da cartilha elaborada pela Perseu Abramo, pois ensina o amor, o respeito e os valores do Evangelho. Ter fé é um ato individual e a política precisa respeitar. O Brasil é um país de muitas religiões e isso é bonito”, assegurou.
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