Representantes diplomáticos das embaixadas da Alemanha e da Bélgica no Brasil participaram de uma expedição ao Pantanal sul-mato-grossense entre os dias 6 e 8 de junho. A atividade, organizada pelo Instituto SOS Pantanal e pela Environmental Justice Foundation (EJF), contou com o apoio de diversas organizações locais, incluindo a Caiman Pantanal, o Onçafari, o Instituto Arara Azul e o Instituto Tamanduá.
A expedição foi um desdobramento do simpósio “O Pantanal em um Contexto Global: Esforços Nacionais e Internacionais para Proteger a Maior Área Úmida Tropical do Mundo”, realizado em maio pela SOS Pantanal e pela EJF na Delegação da União Europeia, em Brasília. O evento tinha como objetivo apresentar o Pantanal e seus desafios de conservação aos diplomatas europeus, representados pelo conselheiro da Embaixada da Bélgica, François Moreau, e pela Primeira-Secretária para o Desenvolvimento Sustentável e Floresta da Embaixada da Alemanha, Franziska Tröger.
Durante a viagem, os diplomatas puderam presenciar uma das ameaças à fauna local, o atropelamento de animais, ainda no percurso de chegada ao Pantanal. A programação da expedição incluiu safáris para avistamento de fauna com a equipe do Onçafari e o acompanhamento do monitoramento de um ninho de arara-azul.
Os representantes também assistiram a uma etapa de queima prescrita na Caiman Pantanal, parte do Plano de Manejo Integrado do Fogo (PMIF) da propriedade, pioneira nesse tipo de manejo em área privada. Além disso, participaram de rodas de conversa com pesquisadores e fundadores de iniciativas de conservação e imergiram na cultura pantaneira com um jantar e música típicos da região.
A visita ocorreu em um momento crítico para o Pantanal, que enfrenta um aumento de cerca de 1000% no número de focos de calor em comparação com o mesmo período do ano passado. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) indicam que 1193 focos de calor foram registrados de janeiro até a primeira semana de junho, contra apenas 106 no ano anterior.
“Enquanto maior área úmida tropical do mundo, o Pantanal é um bioma de importância global que deve ser reconhecido por todos, inclusive países da União Europeia, uma vez que os serviços ecossistêmicos que prestam beneficiam a humanidade como um todo”, afirmou Luciana Leite, Defensora da Biodiversidade e do Clima da EJF no Brasil.
Leonardo Gomes, Diretor-Executivo do Instituto SOS Pantanal, destacou a importância da cooperação internacional. “Neste ano temos o grande risco de, mais uma vez, presenciar grandes incêndios florestais, em um ano marcado por uma seca extrema impulsionada pelo El Niño e por um índice de chuvas abaixo da média histórica. A união de esforços nacionais e internacionais neste momento são cruciais para definir o futuro do bioma”, disse ele.