Roxo na perna, febre inesperada, sangramento no nariz, dor pelo corpo. Quem convive com uma criança ou um adolescente sabe que a qualquer momento ele pode adoecer, afinal, seu sistema imunológico em formação abre brechas para doenças comuns nessas fases da vida. No entanto, sintomas comumente relacionados a essas doenças podem interferir no diagnóstico precoce de uma doença silenciosa e perigosa: o câncer.
É por isso que a campanha Setembro Dourado foi criada. O intuito é alertar pais, profissionais de saúde e a sociedade em geral sobre a importância de se atentar aos sinais e sintomas sugestivos do câncer em crianças e adolescentes. Conforme o médico onco-hematologista, Marcelo dos Santos Souza, este é o principal desafio dos profissionais de saúde.
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“Muitos dos sintomas relacionados a algum tipo de câncer também pode ser comum em doenças comuns na infância. Qual criança um dia não sangrou o nariz, não teve um sangramento na gengiva? Isso pode ser um sinal comum, mas também pode ser sinal de um câncer. Não existe um sinal específico pra isso, por isso os responsáveis precisam estar atentos”, explica.
Atenção aos sintomas do câncer infantil
Foi prestando atenção aos sinais que seu corpo dava, que a estudante de Direito, Bianca Silva Diniz, de 17 anos, percebeu a necessidade de buscar atendimento médico, em maio de 2024. Na época, ela se queixava de cansaço, teve diversos quadros de infecções, febre constante, manchas roxas no corpo e falta de apetite.
Conforme a estudante, sempre que ia em uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento), passavam medicação para as suas queixas do momento, e a mandavam de volta para a casa. Isso durou um mês e meio, até que ela passou mal em casa e precisou ser levada de urgência para a unidade de saúde.
Foi então que realizaram uma bateria de exames e pelo hemograma, notaram muitas alterações nos resultados. Bianca foi encaminhada para o CETOHI (Centro de Tratamento Onco Hematológico Infantil) e lá, diagnosticada com leucemia mieloide aguda, o tipo mais comum e agressivo da doença.
“Quando cheguei aqui (Hospital Regional), fiquei na ala vermelha, depois precisei ir para o CTI, porque tive algumas complicações, e só então vim para o CETOHI, onde realmente recebi a confirmação da leucemia. Comecei o tratamento no dia seguinte, porque já estava bem avançado”, explica a estudante.
Receber um diagnóstico como este não é fácil em nenhum momento da vida. O susto e o medo são inevitáveis. Com a Bianca, que vislumbrava o sonho de sair do Ensino Médio e ingressar no curso de Direito, não foi diferente.
“Foi um baque, a gente não esperava, achávamos que seria outra coisa, foi tudo muito rápido. Não tivemos uma preparação psicológica, então a gente não estava assimilando direito. Mas, quando recebi o diagnóstico, tive muito apoio da minha família e dos médicos também. Eles me disseram que essa é a fase mais difícil, mas vai passar, aos poucos o corpo vai se acostumando com o tratamento e tudo fica bem”, pontuou.
Diagnóstico precoce do câncer
“O câncer está relacionado ao estilo de vida, ao ambiente em que o paciente vive, às infecções virais, a alimentação… A gente sabe que nosso estado tem muitas plantações de soja, de milho, então pensa na quantidade de agrotóxico. Isso pode, sim, estar relacionado ao alto índice de leucemia em MS, já que o acesso a esta substância é uma das causas para o câncer”, explica.
Conforme Marcelo, é por isso que há 15 anos todos os médicos em formação em Mato Grosso do Sul passam por estágio no Cetohi e, após formados, são orientados a fazer cursos que os preparem para reconhecer quaisquer dos sinais. Isso possibilita que o paciente receba as orientações cabíveis rapidamente e consiga iniciar o tratamento com grandes chances de cura.
Grande possibilidade de cura
“Quando percebe estes sinais, o paciente precisa ir quanto antes fazer o exame de hemograma, que repercute todas essas variações da medula óssea, como plaquetas baixas. Este é um dos principais exames iniciais. Depois, o paciente realiza o exame de mielograma, onde tiramos um pouco de sangue da medula, fazemos o exame de genética, que dá condição de caracterizar o tipo de doença e a gravidade, para então programar o tratamento adequado”, explica.
Nos casos de leucemia, o tratamento é quimioterapia e pode variar de 1 a 2 anos, a depender do tipo de câncer.
Apesar de agressivo, o câncer é uma doença com grandes chances de cura. Embora o tratamento seja desafiador, estar rodeado por uma rede de apoio é fundamental para encarar o momento com mais leveza. É assim que Bianca pensa.
“Às vezes a gente vê as pessoas com diagnóstico falando que a gente passa a ver a vida de outra maneira e isso realmente é verdade. É um susto muito grande quando a gente recebe o diagnóstico e leva tempo até a gente se acostumar com a ideia de que a nossa vida vai mudar. Mas com o tempo, tudo vai se acalmando”.
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