Duas oficinas de costura em escala industrial foram inauguradas no Estabelecimento Penal Masculino de Regime Fechado de Nova Andradina, Mato Grosso do Sul, como parte de um convênio entre a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) e empresas locais. A iniciativa visa a ocupação da mão de obra carcerária e contribui tanto para a ressocialização dos detentos quanto para o crescimento de negócios na região.
Focada na produção de uniformes profissionais, a empresa Via Uniformes LTDA aderiu ao projeto após participar do “Encontro Regional de Incentivo à Contratação da Mão de Obra Carcerária” em fevereiro deste ano. Camila da Silva Felipe, representante da empresa, afirmou que os trabalhos na unidade prisional começaram há dois meses, proporcionando uma alternativa à terceirização da produção. “Nós precisamos de serviço de qualidade e nessa parceria com a Agepen nós encontramos, além de ser um projeto de inclusão para causar um impacto social positivo”, destacou Camila.
Atualmente, 12 internos atuam na confecção, com uma média diária de produção de 144 uniformes completos. A empresa também planeja abrir outra oficina de costura no Estabelecimento Penal de Bataguassu, com a previsão de ocupar 20 internos.
No setor de moda fitness, a empresa D’LaRouse, que comercializa produtos em plataformas digitais, iniciou em maio uma linha de produção no mesmo presídio. A proprietária Daniele Rouse de Oliveira vê a iniciativa como uma oportunidade de expandir os negócios: “Está desenvolvendo a nossa produção de forma inacreditável, pois a qualidade do trabalho deles é muito boa”.
Segundo Edson Pereira da Silva, sócio da D’LaRouse, a produção no presídio quase dobrou em julho, com 3.335 peças confeccionadas, e a meta é alcançar 10 mil peças. “Em julho, só aqui no presídio, foram produzidas 3.335 peças e nosso objetivo é alcançar 10 mil”, informou.
Hoje, 10 reeducandos trabalham na oficina, com a possibilidade de chegar a 30. Eles recebem ¾ do salário mínimo e têm direito à remição de um dia de pena a cada três dias trabalhados. Rodrigo dos Santos Araújo, um dos internos, afirma que o ofício pode se tornar uma profissão quando ele conquistar a liberdade.
A inauguração oficial das oficinas contou com a presença de representantes da Agepen e outras autoridades, que ressaltaram a importância do trabalho na transformação de vidas e na redução da criminalidade. O diretor do Estabelecimento Penal de Nova Andradina, policial penal Rogério Capote, destacou que “a intenção é envolver a sociedade no processo de reinserção social, sendo o trabalho uma importante ferramenta para isso”.
A diretora de Assistência Penitenciária da Agepen, Maria de Lourdes Delgado Alves, também participou do evento e mencionou exemplos de internos que, após aprenderem o ofício da costura no presídio, tornaram-se empresários ao conquistar a liberdade, empregando até mesmo outros ex-detentos.
A cerimônia de inauguração contou com a presença do juiz de Direito da Vara de Execução Penal do Interior, Luiz Felipe Medeiros Vieira; do presidente do Conselho da Comunidade de Nova Andradina, Douglas Paschoaletto; do presidente do Conselho de Segurança, Maurício Nunes da Silva; do comandante do 8º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Paulo Renato; além de representantes da OAB, de cooperativas locais, chefias de Divisão da Agepen e diretores de unidades prisionais de Bataguassu e Ivinhema.
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