O preso suspeito de ordenar e acompanhar a tortura e morte das irmãs Rayane Alves Porto25 anos, e Rithiele Alves Porto28 anos, por vídeochamada, foi isolado nesta segunda-feira na PCE (Penitenciária Central do Estado) em Cuiabá. Conforme a pasta, foi instaurado um procedimento administrativo para apurar o acesso ao telefone celular dentro da Penitenciária.
O delegado Higo Rafael, da regional de Cáceres, afirmou nesse domingo (15) que o preso comandou por 3h a tortura e assassinato das irmãs por videochamada. O crime ocorreu em Porto Esperidião, a 358 km de Cuiabá. Rayane era candidata a vereadora e Rithiely era influencer digital. Além das irmãs, foram sequestrados o irmão delas e o namorado de uma das moças. Os homens conseguiram fugir e sobreviver.
Motivação
A Polícia Civil de Mato Grosso confirmou também que as irmãs foram assassinadas a facadas a mando de uma facção criminosa por conta de uma foto postada nas redes sociais no dia 8 de setembro. O rapaz com rosto borrado é irmão das vítimas e sobreviveu ao ataque, por isso sua imagem foi preservada. Veja a foto abaixo:
De acordo com o delegado, a motivação dos assassinatos seria por conta dessa única postagem, na qual os gestos feitos pelas vítimas fariam alusão a uma facção rival.
“Eles pegaram as vítimas e uma festa na Beira Rio, na própria festa vasculharam os celulares das meninas e depois as conduziram para a casa. Chegando na casa, colocaram as vítimas em um quarto e foram retirando uma por uma para torturar”, detalhou o delegado.
Na tarde desta segunda-feira (16), a polícia informou que mais duas pessoas foram identificadas como parte do grupo que matou as irmãs, sendo um homem de 20 anos e um adolescente de 17 anos. A PM apreendeu dinheiro e porções de drogas. O maior de idade confessou o envolvimento no crime, afirmando que apenas teria rendido e levado as vítimas até o local onde ocorreu o homicídio.
Em revista, os militares encontraram porções de pasta base de cocaína. Segundo a polícia, um dos suspeitos disse que tinha materiais ilícitos na casa onde estavam. No local, a PM localizou o menor de idade, que estava cuidando dos demais materiais ilícitos e apreendeu mais porções de drogas e a quantia de R$ 340,00 em dinheiro.
Outras prisões
No total, 11 pessoas foram detidas pelo envolvimento nas mortes, sendo 5 maiores de idade (4 homens e 1 mulher); e 6 menores de idade (4 mulheres e 2 homens).
“Apenas uma menina menor não tinha relação com o crime e foi liberada,”, disse o delegado, Higo Rafael.
Todos os envolvidos nas mortes vão responder pelos crimes de sequestro, tortura e assassinato. O vídeo abaixo mostra o momento da prisão de um dos envolvidos:
Cronologia do crime e pedido de dinheiro
Conforme imagens cedidas ao Primeira Página pelo delegado, as quatro vítimas foram abordadas em uma festa por volta de 1h45.
O vídeo abaixo mostra as 4 vítimas sendo levadas ao cativeiro pelos criminosos, onde permaneceram por 3h sendo torturadas.
“Chegando na casa, colocaram todos em um quarto e foram retirando um por um para torturar. Primeiro foi o irmão das meninas mortas, depois a Rayane e depois a Rithiele. Quando retiraram os dois últimos, um deles conseguiu escapar e chamar a polícia, senão todos iriam ser mortos. Enquanto torturavam, ligavam para familiares pedindo R$ 100 mil”, detalhou o delegado.
Após as mortes, quatro dos envolvidos pegaram um táxi e se hospedaram em um hotel da cidade. Depois, segundo as investigações, fizeram compras em uma loja.
Mortes encomendadas
As investigações da Polícia Civil apontam para a possibilidade de o crime ter sido encomendado por um detento da PCE (Penitenciária Central do Estado), em Cuiabá. De acordo com o delegado, o criminoso passou as 3h comandando o crime por vídeochamada.
“Todos confessaram e, o mais importante, é que a todo momento estavam em vídeochamada com um preso da PCE. Cerca de 3 horas de tortura e eles permaneceram cumprindo o que esse preso determinava. Tudo comandado de dentro do presídio. Um dos que confessaram o crime, disse que elas já tinham sido decretadas pela facção”.
Em depoimento, o namorado de uma das vítimas – que conseguiu fugir – falou que a todo momento o preso dizia: “Essa vereadora quer tomar minha cidade”. Os criminosos, conforme o sobrevivente, apresentava falas desconexas.
O delegado afirmou que não há qualquer indício de que as vítimas tenham envolvimento com práticas ilícitas.
As irmãs fizeram parte de um circo durante parte da vida e, nas redes sociais, falavam sobre a vida na ‘lona” do orgulho de tinham de fazer parte da cultura circense.
Velório e enterro
Os corpos das duas irmãs foram enterrados neste domingo (15), sob forte comoção de parentes e amigos. O velório das vítimas ocorreu em Glória d’Oeste, a 304 km de Cuiabá.