Laboratório da universidade reduziu em 900 mil hectares o impacto dos incêndios no bioma, tanto no de MS quanto no de MT
O Sistema Alarmes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) passou por alterações nesta semana. De acordo com os pesquisadores, as mudanças feitas na metodologia usada para identificar as áreas afetadas pelo fogo vão permitir uma maior precisão no sensoriamento remoto e no cruzamento de dados históricos com os mais recentes e também vai reduzir de 30% para menos da metade a margem de erro.
Essas alterações foram lançadas na plataforma on-line no dia 16. Com as mudanças, a área atingida pelo fogo – que até a semana passada era informada usando a metodologia anterior – acabou sendo reduzida de cerca de 2,8 milhões para 1,9 milhão de hectares queimados no Pantanal de Mato Grosso do Sul e no de Mato Grosso.
O sistema passou a realizar um maior controle de áreas queimadas e do reflexo causado pelos incêndios florestais no bioma. Essa afirmação foi apresentada pelo Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa), do Departamento de Meteorologia da UFRJ, em nota técnica divulgada na quarta-feira.
O Lasa/UFRJ é usado como referência para direcionamento de políticas públicas tanto do governo federal como do governo sul-mato-grossense.
Atualmente, quase 60% do território nacional sofre com a seca e com os incêndios florestais, algo inédito na história. O Lasa/UFRJ apontou, por meio da nota técnica, que o sistema atualizado vai ser uma ferramenta que pode ajudar a evitar e a controlar a expansão das chamas.
Renata Libonati, que coordena o Lasa/UFRJ e é responsável pelo Sistema Alarmes, disse que a nova metodologia vem sendo testada e utilizada internamente desde maio.
“Os dados eram repassados quando alguma instituição demandava para atuar na gestão das ações de planejamento e combate ao fogo. Todavia, a falta de recursos financeiros impedia que o site do próprio sistema fosse atualizado, o que só foi possível nesta segunda-feira”, detalhou.
Com uma averiguação mais próxima do real da leitura do satélite e com uma tradução desses dados pelo Sistema Alarmes, conforme os pesquisadores, as autoridades governamentais vão poder compreender melhor o comportamento e a evolução das chamas, por meio de um monitoramento consistente para reduzir as lacunas no gerenciamento, na preparação e na resposta contra os incêndios.
Renata acrescentou que a mudança na metodologia possibilita reduzir na operação diária de mapeamento os denominados falsos alarmes e as omissões. Ela justificou que há locais onde a capacidade de sensoriamento é restringida pela disponibilidade e pela qualidade das imagens, pela intensidade e pelo tamanho do fogo, além pela presença de nuvens e fumaça. “Por analogia,
a alteração é como se fosse a troca de uma lente que aumenta a acuidade visual”, exemplificou.
Cinco professores e seis pesquisadores, entre doutores e mestres, formam a equipe do Sistema Alarmes, além de pesquisadores associados de universidades públicas nacionais e internacionais, todos contribuindo para a formação acadêmica de estudantes de graduação e pós-graduação, englobando também bolsistas de desenvolvimento tecnológico e inovação, iniciação científica, mestrado e doutorado, contribuindo assim para a capacitação e a formação de jovens pesquisadores.
ALTERAÇÕES
A metodologia anterior do sistema averiguava dados do dia 1º de janeiro até 17 de setembro deste ano e mostrava uma área queimada total baseada apenas nos alertas do Alarmes-NRT (sigla para near-real time ou modo tempo quase real), que tinha margem de erro de até 30%, em média, podendo variar de acordo com a disponibilidade e a qualidade das imagens, a intensidade e o tamanho do fogo e a presença de nuvens e fumaça.
Já a nova metodologia, porém, é respaldada a partir do somatório de dois períodos: de 1º de janeiro até 31 de julho, a área queimada está baseada nos dados consolidados (Alarmes-Histórico), enquanto entre 1º de agosto e 17 de setembro, nos possíveis alertas (Alarmes-NRT) – o que tem uma margem de erro de até 10%, em média, podendo variar de acordo com a disponibilidade e a qualidade das imagens.
1,9 milhão De hectares queimados no Pantanal de MS/MT
Esse é o novo dado atualizado pelo Lasa/UFRJ.