Discussão entre deputados, dirigentes de clubes e o presidente interventor da FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul) vai debater o estatuto que libera reeleições ‘infinitas’ na federação de futebol. A FFMS está mergulhada em escândalo desde o dia 21 de maio, quando Francisco Cezário e mais seis pessoas foram presas alvos da Operação Cartão Vermelho.
Presidente da Comissão de Desporto que convocou a audiência, Rinaldo Modesto (Podemos) disse ao Jornal Midiamax que os cartolas dos principais clubes do Estado e Estevão Petrallas – interventor nomeado pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol) para atuar como presidente por tempo indeterminado – participarão da audiência.
O encontro está marcado para às 14 horas desta terça-feira (4), na Assembleia Legislativa.
Segundo Rinaldo, um dos principais focos da conversa será debater medidas que possam alterar o estatuo da federação, visto que o documento em vigor atualmente não limita número de reeleições do presidente. Francisco Cezário estava no comando da entidade desde 1998.
Tudo o que for discutido na audiência será encaminhado à CBF e também ao STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva).
Vale ressaltar que mudanças em estatuto como o da FFMS só podem ser feitas após chamamento de assembleias extraordinárias por parte dos clubes de futebol, que compõem a federação. O que será discutido na audiência pública com deputados pode nortear ações dos clubes neste sentido.
Corrupção no futebol de MS
Francisco Cezário, que comanda a entidade desde 1998, foi preso durante a Operação Cartão Vermelho, no dia 21 de maio. Na ocasião, os agentes também apreenderam R$ 800 mil em espécie – inclusive com notas em dólar – da residência de Cezário.
Conforme informações do Gaeco, o grupo liderado por Francisco Cezário realizava pequenos saques de até R$ 5 mil para não chamar atenção dos órgãos de controle. De setembro de 2018 a fevereiro de 2023, foram identificados desvios que superaram os R$ 6 milhões.
Somente durante o cumprimento dos mandados nesta terça-feira foram apreendidos mais de R$ 800 mil, inclusive em notas de dólar. Revólver e munições também foram apreendidos.
Os valores eram distribuídos entre os integrantes da organização criminosa. O esquema se estendia também a outras empresas que recebiam altas quantias da federação. Assim, parte dos valores era devolvida ‘por fora’ ao grupo.
A organização criminosa também possuía um esquema de desvio de diárias dos hotéis pagos pelo Estado de MS em jogos do Campeonato Estadual de Futebol.